9 de novembro de 2006

Ao abrir uma porta

Senhor, onde estás?

Senhor, chamas por mim.
Não sei onde estás,
Por todo o lado te procuro.

Abro uma porta,
Uma criança vem ter comigo,
Chora e treme de frio.
Agasalho-a e dou-lhe abrigo.

Sigo o meu caminho
Mais à frente, outra porta.
Será aí que esperas por mim?

Não é apenas um velhinho,
Cansado do longo caminho,
Sem ter ninguém com quem falar.
Escuto-o e dou-lhe a mão,
E com um sorriso me despeço.

Continuo a palmilhar.
Eis que outra porta surge.
Será aqui finalmente?
Mas, o que vejo de repente?

Um homem que sofre, está doente.
Só lhe dou o conforto duma presença
E falo-lhe de Ti, Senhor.
Aguarda por Ti com mais coragem.

E eu sigo a minha viagem.
Estou cansada,
Mas, outra porta se abre na estrada.

É apenas um homem pobre,
Esfarrapado e cheio de fome.
Com ele reparto
Todo o alimento do meu saco

E sigo a perguntar:
“Senhor, onde estás?”

E me respondes, então:
“Volta-te e olha bem para trás,
Porta por porta foste abrindo
E Eu me fui mostrando
E em cada uma me foste encontrando!”


(F.B. 1994 Momentos de silêncio)

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