31 de maio de 2007

Visitação da Virgem Maria


Maio mês de Maria, por isso foi escolhido para ser das noivas e das mães, também. E concluímos o mês com a solenidade da Visitação que de maneira particular nos oferece, um motivo de meditação bastante significativo: o reconhecimento de Maria o modelo da Igreja que, com as obras de misericórdia e de caridade, traz ao mundo a paz de Cristo Salvador.Este dia nos reporta ao que a Santa Virgem que, trazendo em si mesma o Verbo que se fez homem, vai ajudar a idosa prima, que está prestes a dar à luz. Dia este, que se passou há mais de dois milénios e que se perpetuou pelos séculos. Da Anunciação do Arcanjo Gabriel e da Visitação de Maria a sua prima Isabel, nasceu a oração mais popular entre os cristãos depois do Pai Nosso, a Ave Maria. Essa oração tornou-se expressão de saudação e louvor nas horas de alegria, além de pedido de socorro e graça nas horas de aflição e angustia, para todos os católicos do mundo que são acolhidos indistintamente pela Virgem Mãe.

Maria, que acabara de ser informada de forma extraordinária de que daria à luz o Filho de Deus, ficou sabendo também que a prima enfim engravidara, após muitos anos de pedidos e espera, e para sua casa se dirigiu, para lhe contar a novidade. Ao chegar lá, foi homenageada por Isabel.

Seguindo provavelmente uma caravana de peregrinos Maria saiu de Nazaré e andou cerca de cem quilómetros pela região rochosa do centro da Palestina, até chegar a Judá, a quinze quilómetros de Jerusalém, onde vivia Isabel. Lá chegando, a prima viu-se tomada pelo Espírito Santo depois que a criança estremeceu dentro de si, e pronunciou as conhecidas palavras: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre".Maria ficou com a prima por três meses e o resto é uma história que faz parte da vida e do coração de cada um de nós. Na Visitação de Maria manifesta-se a paterna bondade de Deus, que não abandona o seu povo; pelo contrário, cuida dos mais pequeninos e dos excluídos. Na sua grande misericórdia, Deus visitou e redimiu o seu povo!

A festa da Visitação foi instituída em 1389 pelo Papa Urbano VI para propiciar com a intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente. O actual calendário litúrgico deixou de lado a sequência cronológica dos acontecimentos bíblicos e escolheu o último dia do mês de Maio, justamente porque que ele foi especialmente consagrado pela devoção popular como o mês de Maria.


30 de maio de 2007

Os dons do Espírito Santo


O Espírito Santo confirma-nos com os seus sete dons. Os sete dons exprimem o simbolismo da plenitude do Espírito Santo e também a plenitude da experiência espiritual. O Espírito Santo confirma-nos com os seus dons para nos configurar a Cristo, ao seu mistério, em ordem a acolher e a testemunhar a salvação pascal e em ordem a inserir-nos de um modo mais profundo também no mistério da pertença à Igreja e da participação nela. É nesta perspectiva que devem ser vistos os chamados “dons do Espírito Santo”: não enquanto “exclusivos” da Confirmação, porque o Espírito Santo age mesmo fora deste sacramento, mas devem ser vistos dentro da perspectiva do mistério da nossa iniciação e inserção em Cristo e na Igreja.Vejamos cada um dos sete dons:

SABEDORIA (SAPIÊNCIA): é o dom de experimentar o sabor, o gosto “conatural” da vida de Deus, da sua vontade (bondade) amorosa, das realidades divinas e a alegria de servir o seu Espírito. A sabedoria das coisas vividas em Deus não resulta de nenhum esforço cerebral mas é dom do Espírito. Os simples «sabem» mais de Deus que os inteligentes...

ENTENDIMENTO (INTELIGÊNCIA): é o dom de compreender e penetrar a Palavra de Deus e alcançar o mistério do amor proclamado, que é Jesus Cristo, e ainda o dom de o actualizar. Trata-se do conhecimento íntimo de Jesus Cristo como mistério de Deus, Não só o conhecimento do Cristo histórico mas trata-se do “ser com Cristo” e da nossa vocação baptismal cristã. Este dom permite o descernimento da presença de Deus...Entender os apelos de Deus não é uma questão de superioridade intelectual, mas dom do Espírito àqueles que humildemente procuram a Deus...

CONSELHO: é o dom do discernimento da vontade amorosa de Deus na vida concreta, dos seus apelos nas várias situações e acontecimentos da vida e do mundo, da descoberta dos valores evangélicos, de modo a viver uma vida santa e agradável a Deus. É o dom da lucidez da fé para interpretar os acontecimentos.

FORTALEZA: Anima a nossa fidelidade quotidiana. Trata-se do dom da firmeza na opção por Cristo, da fidelidade à identidade cristã, da força para o “confessar” e anunciar, para crescer na comunhão com Ele e na esperança nEle. Trata-se também de um dinamismo de crescimento e de esperança em Jesus Cristo. Perserverar no caminho da fé não é uma questão de temperamento forte mas um dom àqueles que procuram e encontram em Deus a sua força...

CIÊNCIA (CONHECIMENTO): Trata-se do conhecimento da verdade e do erro. O Espírito de Deus dá-nos aquilo que a linguagem teológica se chama «sensus fidei», uma espécie de «sexto sentido» da fé. Trata-se da ciência comum da vida cristã em ordem a «ler» a vida e a valorá-la à luz da Palavra de Deus. Faz a ligação entre a fé e a Vida.

PIEDADE: É o dom da relação confidente e de confiança alegre com Deus e de uma relação fraterna com os irmãos. O Espírito é Aquele que reza em nós, Aquele que nos dá a experiência da filiação divina. Ele testemunha interiormente em nós e cria em nós aquela «co-naturalidade» (à vontade) da relação filial com Deus e ao mesmo tempo é Aquele que realiza a comunhão entre nós.

TEMOR DE DEUS: Trata-se da nossa dependência criatural, da nossa adoração de Deus e também das nossas limitações e das nossas fraquezas perante a santidade e a transcendência de Deus. Isto suscita no crente o desejo de uma conversão constante e permanente.

27 de maio de 2007

Sacramento da Confirmação


Oremos por todos os que hoje recebem o Sacramento da Confirmação, em especial da nossa Diocese do Porto e de forma particular, os cerca de trinta jovens da nossa paróquia que ao longo de doze anos se foram preparando, para que saibam acolher os dons do Espírito Santo e possam pôr ao serviço da comunidade os carismas que o Espírito Santo lhes confia.

26 de maio de 2007

Os apóstolos recebem o Espírito Santo



A primeira tarefa dos discípulos foi, simplesmente aguardar, assim lhes tinha ordenado Jesus, pois receberiam o Espírito Santo que lhes daria a força e a coragem para os ajudar na missão que lhes confiara. Na manhã do primeiro Pentecostes após a Ressurreição, estavam os discípulos reunidos com Maria, mãe de Jesus, subitamente todos ficaram repletos do Espírito Santo. Cada um deles escutou o som de um vento forte, viu línguas de fogo poisarem sobre si. Começaram a falar várias línguas, de forma que grande parte da multidão que tinha vindo a Jerusalém para celebrar o Pentecostes acorreu para os escutar, e todos eles os entendiam.


A descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos permitiu-lhes falar "outras línguas" (Act.2.4), um fenómeno testemunhado pelos "judeus piedosos provenientes de todas as nações que há debaixo do céu" que se encontravam em Jerusalém. Tratou-se de um milagre de dicção (os Apóstolos a falarem línguas estrangeiras) ou de audição (eles falavam em aramaico, mas cada um compreendia no seu próprio dialecto)? Este fenómeno tem feito correr muita tinta. De todas as formas o que Lucas pretende fazer-nos compreender é: a confusão de línguas, em Babel (Gn.11), tornara os homens incapazes de se entenderem; o Espírito Santo concede agora à sua Igreja o poder de se fazerem compreender por todos os povos.

Em Babel não se compreendiam uns aos outros (Gn,11,7); no Pentecostes, «cada um os ouvia falar na sua língua»(Act.2,6).

21 de maio de 2007

O culto a Nossa Senhora


Nos séculos XVI e XVII, a piedade mariana assumiu às vezes formas aberrantes, especialmente na Itália, França e Espanha. Foi atribuído a Maria em certo sentido o título de deusa e ela foi indicada como uma espécie de quarta pessoa da Trindade. Ao contrário, nos países atingidos pela Reforma tentou-se separar a Virgem de Cristo. De qualquer modo, os exageros do culto católico para com Nossa Senhora provocam nos protestantes um progressivo afastamento da piedade mariana.

O culto a Nossa Senhora retoma fôlego em escala mundial na era contemporânea, sob o estímulo de eventos prodigiosos. São sobretudo as aparições de Maria em Paris na rue du Bac (1830), em La Salette (1846) e em Lourdes (1854) que voltam a dar-lhe vigor.

O culto a Maria conhece um desenvolvimento tão forte também por reação ao surgimento no cenário mundial de várias ideologias ateias, como o iluminismo, o liberalismo e o marxismo, bem como à difusão do modernismo. A teologia mariana do período padece, porém, de mediocridade.

Só no século XX é que surge um movimento mariano com objectivos e iniciativas elevados, denso de conteúdo teológico.

As diversas Igrejas protestantes estão de acordo em reconhecer em Maria os três atributos de santa, virgem e mãe de Deus, atendo-se rigidamente às palavras da sagrada Escritura, sem deduzir delas outros privilégios.

O culto prestado a Maria varia nas diversas Igrejas: em geral seu nome é lembrado nas orações a Deus enquanto mãe do Senhor; todavia, encontram-se também orações dirigidas directamente a ela, mas somente por honra e louvor à mãe de Deus como modelo de fé e pelos benefícios com que foi gratificada por Deus.

As devoções populares tiveram as mais válidas expressões na recitação do Angelus Domini (O Anjo do Senhor), três vezes ao dia, bem como do santo rosário com a meditação dos quinze mistérios, no mês de Maio.

A devoção mais antiga (século IX) é a de dedicação do sábado a Maria e a que mais se divulgou foi a do canto das ladainhas de Nossa Senhora.

20 de maio de 2007

Domingo de Ascensão


Os apóstolos continuam a missão de Jesus (Act.1,4-36)

Jesus dá as últimas recomendações aos seus discípulos. Jesus diz-lhes que dêem testemunho d'Ele em Jerusalém, toda a Judeia e Samaria, até aos confins do mundo. E promete-lhes o envio do Espírito Santo que lhes dará força e coragem para levarem a bom termo a missão que lhes confia. Os discípulos regressam a Jerusalém confiantes e cheios de alegria.
Para Lucas a Ascensão de Jesus é o elo de ligação entre o "tempo de Jesus" e o "tempo da Igreja".

No Evangelho de Lucas, a Ascensão é o ponto final da missão terrestre de Jesus (Lc.24,44-53), nos actos dos Apóstolos a Ascensão é o ponto de partida da missão dos apóstolos (Act.1,4-8).Lucas situa os grandes acontecimentos da missão de Jesus na cidade de Jerusalém. Segundo o Evangelho, toda a vida de Jesus, se orienta para esta cidade. É para Jerusalém que converge toda a missão de Jesus, desde a descrição do seu primeiro acto cultual [Apresentação de Jesus no templo (Lc.2,22)], até ao fim da sua missão terrena [Ascensão (Lc.24,50-54)].

15 de maio de 2007

O culto a Maria


Desde o século IV, Maria é louvada como magnífico modelo de vida virginal, entendida como sinónimo de santidade. Desde o século V, afirmou-se uma festa própria que celebrava a Mãe de Deus em união com o mistério da Encarnação do Verbo. No Oriente, os aspectos naturais de Nossa Senhora levaram, desde essa mesma época, a celebrar a festa da Natividade (8 de Setembro), da Anunciação (25 de Março), da Purificação (2 de Fevereiro), da Assunção (15 de Agosto), festas essas que entraram também nas liturgias ocidentais por obra do papa, de origem síria, Sérgio I.


Na Idade Média, difundiu-se no Ocidente uma particular piedade mariana que levou a substituir a Igreja por Maria. Isso a partir da constatação de que Maria permaneceu fiel a Jesus, mesmo durante os dias obscuros da paixão e morte, e somente ela, portanto, era a Igreja naqueles dias. Ela aparece como verdadeira mãe espiritual dos crentes, como a mãe de misericórdia e o socorro dos cristãos.


Depois de um período que chamamos de “escolástica”, devido ao desenvolvimento da mariologia, foram celebradas as festas da Visitação (2 de Julho), da Imaculada (8 de Dezembro), da apresentação no Templo (21 de Novembro).


Factos particulares da cristandade pós-tridentina (depois do Concílio de Trento) deram origem às festas do Rosário (7 de Outubro) e do Nome de Maria (12 de Outubro). Tornaram-se universais as festas que eram próprias de ordens religiosas, como a do Carmelo (16 de julho, Nossa Senhora do Carmo), de N. Sra. das Dores (15 de Setembro), do Coração de Maria (22 de Agosto) e várias outras que se originaram de devoções particulares, entre as quais a de Maria Rainha (31 de Maio, encerramos o mês mariano com a coroação à virgem santíssima).

A partir do século XI, desenvolveu-se entre os eclesiásticos, as pessoas religiosas e as confrarias o pequeno Ofício de Nossa Senhora, sempre presente nos livros das Horas.

14 de maio de 2007

O culto a Nossa Senhora

( imagem de Nossa Senhora da Assunção
sec.XVII-XVIII escola mineira Brasil)

O culto de Maria é tão antigo quanto a Igreja, remontando directamente aos estímulos de louvor e de admiração a ela oferecidos pelo Novo Testamento. Esse culto manifestou-se pouco a pouco ao longo dos séculos, segundo uma evolução especial.

Nos primeiros séculos, estava inserido nas festas que celebravam os mistérios de Jesus Cristo, porque foi justamente d’Ele que Maria recebeu toda sua grandeza. Nisso não houve nenhuma preocupação de interpretação errada de tipo pagão, como às vezes se escreveu; era, ao contrário, cuidadosa a atenção de não separar a proclamada obra da Mãe da do Filho. Talvez tenham sido precisamente os pagãos, que tentaram sufocar o culto e a doutrina judaico-cristã sobre Maria já delineada em seus elementos fundamentais na primeira metade do século I.

Maria esteve, portanto, presente no culto litúrgico da Igreja primitiva, até porque, como ensina a história, a teologia nasce da piedade e não ao contrário. Foram os títulos de “primeira entre os crentes” e de “testemunha privilegiada do mistério de Cristo” que justificaram e incrementaram o culto mariano. Também o papel de intercessão junto ao Senhor, de advogada, como a define Ireneu, nasceu bem cedo. No final do século I e início do século II, alguns escritos apócrifos sobre Maria exerceram extraordinária influência não só sobre o culto e sobre a devoção popular, mas também sobre a pregação e sobre a arte religiosa. A devoção à Maria fundamentou-se, substancialmente, no modelo que ela ofereceu de vida de fé e de total abertura ao dom e à acção do Espírito Santo.

10 de maio de 2007

Mistérios da Luz


Verdadeiramente importante é que o Rosário seja cada vez mais visto e sentido como itinerário contemplativo. Através dele, de modo complementar ao que se realiza na Liturgia, a semana do cristão – tendo o domingo, dia da ressurreição, por charneira – torna-se uma caminhada através dos mistérios da vida de Cristo, para que Ele se afirme na vida dos seus discípulos, como o Senhor do Tempo e da História.

Onde se podem inserir os Mistérios da Luz?
Atendendo a que os mistérios gloriosos são propostos em dias seguidos, sábado e domingo, e que o sábado é tradicionalmente um dia de intenso carácter mariano, parece recomendável deslocar para ele a segunda meditação semanal dos mistérios gozosos, nos quais está mais acentuada a presença de Maria. E assim fica livre a Quinta-feira precisamente para a meditação dos Mistérios da Luz.

Esta indicação, porém, não pretende limitar uma certa liberdade de opção na meditação pessoal e comunitária, segundo as exigências espirituais e pastorais e sobretudo as coincidências litúrgicas que possam sugerir oportunas adaptações. (nº38)


Mistérios Luminosos
Passando da infância e da vida de Nazaré à vida pública de Jesus, a contemplação leva-nos aos mistérios que se podem chamar, Mistérios da Luz…Querendo indicar à comunidade cristã cinco momentos significativos (mistérios luminosos) da fase da vida pública de Cristo, considero que se podem justamente individualizar.


o seu Baptismo no Jordão (Mt.3,13-17),

a sua auto-revelação nas Bodas de Cana (Jo.2,1-11),

o seu anuncio do Reino de Deus com o convite à conversão (Mc.1,14-15)

a sua Transfiguração (Lc.9,38-36), e

a instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal (Lc.22,14-20).

9 de maio de 2007

Viver o Rosário



Assimilar o Mistério «A meditação dos mistérios de Cristo é proposta no Rosário com um método característico, apropriado por sua natureza para favorecer a assimilação dos mesmos. É o método baseado na repetição. A repetição alimenta-se do desejo duma conformação cada vez mais plena com Cristo, verdadeiro programa da vida cristã» (nº26)

Começo e conclusão São vários os modos de introduzir o rosário nos distintos contextos eclesiais. Em algumas regiões, costuma-se iniciar com a invocação do Salmo 69/70:«Ó Deus, vinde em nosso auxílio; Senhor, socorrei-nos e salvai-nos», noutros lugares começa-se com a recitação do Creio em Deus Pai. Estes e outros modos, na medida em que dispõem melhor à contemplação, são métodos igualmente legítimos. A recitação termina com a oração pelas intenções do Papa.


Assim vivido, o Rosário torna-se verdadeiramente um caminho espiritual, onde Maria faz de mãe, mestra e guia, e apoia o fiel com a sua poderosa intercessão. Como admirar-se de que o espírito, no final desta oração em que teve a experiência íntima da maternidade de Maria, sinta a necessidade de se expandir em louvores à Virgem Santa, quer com a oração esplêndida da Salve Rainha, quer através das invocações da Ladainha Lauretana?

É o remate de um caminho interior que levou o fiel ao contacto vivo com o mistério de Cristo e da Sua Mãe Santíssima.

8 de maio de 2007

Recitação meditada do Rosário



O Rosário é oração tipicamente meditativa e corresponde, de certo modo, à “oração do coração” (nº5)


O Pai Nosso «Após a escuta da Palavra e concentração no mistério, é natural que o espírito se eleve para o Pai. Em cada um dos seus mistérios, Jesus leva-nos sempre até ao Pai. para Quem Ele se volta continuamente.(nº32)


As dez “Ave Marias” «Este elemento é o mais encorporado do Rosário e também o que faz dele oração mariana por excelência. A repetição da Ave Maria no Rosário sintoniza-nos com este encanto de Deus: é júbilo, admiração, reconhecimento do maior milagre da história. O baricentro da Ave Maria, uma espécie de charneira entre a primeira parte e a segunda, é o nome de JESUS. …Ora, é precisamente pela acentuação dada ao nome de Jesus e ao seu mistério que se caracteriza a recitação expressiva e frutuosa ao Rosário.» (nº33)


O Glória «a doxologia trinitária é a meta da contemplação cristã. De facto, Cristo é o caminho que nos conduz ao Pai no Espírito. Se percorrermos em profundidade este caminho, achamo-nos continuamente na presença do mistério das três Pessoas divinas para As louvar, adorar, agradecer. É importante que o Glória, apogeu da contemplação, seja posto em grande evidência no Rosário.»(nº34)


A jaculatória final «Na prática corrente do Rosário, depois da doxologia trinitária diz-se uma jaculatória, que varia segundo os costumes. Sem diminuir em nada o valor de tais invocações, parece oportuno assinalar que a contemplação dos mistérios poderá manifestar melhor toda a sua fecundidade, se se tiver o cuidado de terminar cada um dos mistérios com uma oração para obter os frutos específicos da, meditação desse mistério. Deste modo, o Rosário poderá exprimir com maior eficácia a sua ligação com a vida cristã.»(nº35)

7 de maio de 2007

Modo de rezar o Rosário


O Rosário é compêndio do Evangelho, diz Santo Padre, João Paulo II, na sua Carta Apostolica sobre o Rosário.

Mas, para, através dele, podermos escutar, no Espírito, a voz do Pai, a fim de contemplarmos o rosto de Cristo, propõe:
Criar ambiente de oração, colocando-se à escuta, através do silêncio.(nº18)
Enunciar o Mistério e fixar um ícone que o recorde e concentre a atenção (nº29)

Escutar (ler) a Palavra de Deus, «para dar fundamento bíblico e maior profundidade à meditação (nº30)

Fazer silêncio. A escuta e a meditação alimentam-se de silêncio (nº31)

Intenções:
Pela paz «o Rosário é, por natureza, uma oração orientada para a paz, porque consiste na contemplação de Cristo. Ao mesmo tempo que nos leva a fixar os olhos em Cristo, torna-nos também construtores da paz no mundo» (nº40).
Pela família: os pais «O Rosário foi desde sempre também oração da família e pela família. A família que reza unida permanece unida: põe-se Jesus no centro, partilham-se com Ele alegrias e sofrimentos, colocam-se nas suas mãos necessidades e projectos e dele se recebem esperanças e a força para o caminho.» (nº 41)
… e os filhos «Rezar o Rosário com os filhos e, mais ainda, com os filhos. Pode-se objectar que o Rosário parece uma oração pouco adaptada ao gosto das crianças e jovens de hoje.
Mas a objecção parte talvez da forma muitas vezes pouco cuidada de o rezar. Ora, ressalvada a sua estrutura fundamental, nada impede que a recitação do Rosário para crianças e jovens, tanto em família como em grupos, seja enriquecida com atractivos simbólicos e práticos, que favoreçam a sua compreensão e valorização. Por que não tentar?» (42)

5 de maio de 2007

Chegar a Jesus através de Maria


O Papa João Paulo II era um grande devoto de Maria e em todas as suas cartas e encíclicas fazia referência à Mãe de Jesus. No passado mês de Outubro de 2002 dirigiu aos cristãos uma carta apostólica «O Rosário da Virgem Maria». Em que pedia que dedicássemos esse ano ao «Rosário».
E nessa carta pede aos cristãos de não deixem de rezar à Nª Senhora e que o rosário (ou terço) é a melhor forma de chegar até Jesus Cristo através de Maria.
E mais, propõe outros mistérios da vida de Jesus sobre os quais devemos pensar e meditar.
Diz-nos, que para o Rosário possa ser mais completo, é necessário que, depois de recordar os momentos da encarnação e vida de Jesus (Mistérios da Alegria) e antes dos momentos de sofrimento e paixão (Mistérios da Dor) e da Ressurreição (Mistérios Gloriosos), a meditação se deveria concentrar também em momentos significativos da vida pública de Jesus (Mistérios da Luz).


E estes cinco novos mistérios são:

1º Baptismo no Jordão (Mt.3,13-17),
2º Bodas de Cana (Jo.2,1-11),
3º Anuncio do Reino de Deus (Mc.1,14-15)
4º Transfiguração (Lc.9,38-36), e
5º Instituição da Eucaristia (Lc.22,14-20).

Sabemos que nem sempre é fácil seguir Jesus, por isso pedimos a ajuda da Sua Mãe. E é através de Maria que chegamos até Jesus.
Ao rezar o terço ou o Rosário, estamos a meditar nos mistérios da vida de Jesus e a pedir a intercessão de Maria para fazermos a vontade de Jesus e a melhor forma é tomá-La como modelo de fé e procurar ser como Ela e escutar o pedido que ela nos faz nas Bodas de Cana «Fazei o que Ele vos disser».

4 de maio de 2007

Maria dia-a-dia



Maria é celebrada ao longo do ano litúrgico. é recordado sobretudo no tempo do Advento e do Natal, mas também há festas marianas no calendário. As mais importantes são as solenidades da Imaculada Conceição, Natividade, da Anunciação do Senhor e da Assunção. Há também as chamadas festas e memórias e o dia de sábado que é um dia dedicado a Maria assim como mês de Maio que é um mês consagrado a Maria.

Mas hoje queremos sublinhar outras devoções a Nossa Senhora:

Ave-Maria, que reúne a saudação do Anjo da Anunciação e a felicitação de Isabel, Sua prima. A invocação de «Santa Maria» foi-lhe acrescentada pela Igreja e oficializada com o Papa Pio V no séc.XVI.
Angelus, esta oração, recitada de manhã, ao meio-dia e à tarde, faz memória da Anunciação do Anjo a Maria, que deu o Seu «sim» à vontade de Deus para a Incarnação de Jesus, o Verbo de Deus.
Regina Coeli é a oração feita pelos cristãos durante o período da Páscoa. Ela substitui a oração do Angelus, feita nos outros dias.
O Rosário é a recitação da Ave-Maria 150 vezes, e que de 10 em 10 se faz a meditação de um mistério da vida de Jesus. Esta pratica mariana, é atribuída a S. Domingos e foi-se introduzindo na Igreja pouco a pouco desde o séc. XI., até tomar a forma definitiva de 15 dezenas, intercaladas com os mistérios de Cristo: gozosos, dolorosos e gloriosos.
O Terço é, como o nome o diz, a terça parte do Rosário. São 5 dezenas de Ave-Maria intercaladas com os mistérios da vida de Cristo. A meditação dos mistérios está assim distribuídas:

Segunda e Sábado -Mistérios Gozosos (da Alegria)
Terça e Sexta – Mistérios Dolorosos (da Dor)
Quarta e Domingo – Mistérios Gloriosos (da Glória)

Quinta – Mistérios Luminosos (da Luz)

3 de maio de 2007

O Rosário até João Paulo II


O Rosário aparece em múltiplos momentos da vida da Igreja. Já no fresco do Juízo Final, pintado por Miguel Ângelo (1475-1564) na Capela Sistina do Vaticano de 1536 a 1541, estão representadas duas almas a serem puxada para o céu por um Terço. São as almas de um africano e de um asiático, mostrando a universalidade missionária da oração.

A 12 de Outubro de 1717, foi retirada do rio Paraíba uma imagem de Nossa Senhora com um Terço ao pescoço por três humildes pescadores, Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, em Guaratinguetá, São Paulo.

Essa estátua, de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi declarada em 1929 Rainha e Padroeira do Brasil. A Imaculada Conceição rezou o Terço com Bernadette Soubirous (1844-1879) nas aparições de Lourdes em 1858.

O Papa Leão XIII, “Papa do Rosário”, como lhe chama a recente Carta Apostólica do Papa (n.º 8) dedicou mais de 20 documentos só ao estudo desta oração, incluindo 11 encíclicas. Também o Beato Bártolo Longo (1841-1926) é um os grandes divulgadores do Rosário, como o refere a recente Carta Apostólica (n.º 8, 15, 16, 36, 43). Antigo ateu, espírita e sacerdote satânico, depois da sua conversão viu na intercessão de Nossa Senhora a sua única hipótese de salvação. Sendo advogado, em 1872 deslocou-se à região de Pompeia por motivos profissionais e ficou chocado com a pobreza, ignorância, superstição e imoralidade dos habitantes dos pântanos. Entregou-se a eles para o resto da vida. Arranjou um quadro da Senhora do Rosário, que fez vários milagres e criou em 1873 a festa anual do Rosário, com música, corridas, fogo de artifício. Construiu uma igreja para essa imagem, que se veio a tornar no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia. Fundou uma congregação de freiras dominicanas para educar os órfãos da cidade, escreveu livros sobre o Rosário e divulgou a devoção dos «Quinze Sábados» de meditação dos mistérios.

Outro grande momento da divulgação do Terço é, sem dúvida, Fátima. “Rezar o Terço todos os dias” é a única coisa que a Senhora referiu em todas as suas seis aparições. A frase repete-se sucessivamente, quase como uma ladainha, manifestando bem a sua urgência e importância. Na carta do Dr. Carlos de Azevedo Mendes, num dos primeiros documentos escritos sobre Fátima, afirma-se “Como te disse examinei ou antes interroguei os três em separado. Todos dizem o mesmo sem a mais pequena alteração. A base principal que de tudo, o que me dizem, deduzi é «que a aparição quer que se espalhe a devoção do Terço»”

A história do Rosário não pode terminar sem referir um momento decisivo desta evolução. A escolha do Papa João Paulo II de celebrar as suas bodas de prata pontifícias com o Rosário, acrescentando-lhe os cinco mistérios luminosos, é um marco importante na devoção.

Mas a ligação do Papa a esta oração não é de hoje, como ele mesmo diz na Carta: “Vinte e quatro anos atrás, no dia 29 de Outubro de 1978, apenas duas semanas depois da minha eleição para a Sé de Pedro, quase numa confidência, assim me exprimia: «O Rosário é a minha oração predilecta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade.»”(n.º 2)

2 de maio de 2007

Maria, Senhora do Rosário


A Batalha de Lepanto e a festa de Nossa Senhora do Rosário

O contributo de S. Pio V, um antigo dominicano, para a história do Rosário não se fica pelo que já referimos. O grande reformador criou também o último grande momento da antiga Cristandade, a unidade dos reinos cristãos à volta do Papa. Os turcos otomanos, depois do cerco e queda de Constantinopla em 1453, o fim oficial da Idade Média, e das conquistas de Suleiman, o Magnífico (1494-1566, sultão desde 1520), estavam às portas da Europa.

Dividida nas terríveis guerras entre católicos e protestantes, a velha Europa não estava em condições de resistir. O perigo era enorme. Além de apelar às nações católicas para defender a Cristandade, o Papa estabeleceu que o Santo Rosário fosse rezado por todos os cristãos, pedindo a ajuda da Mãe de Deus, nessa hora decisiva. Em resposta, houve um intenso movimento de oração por toda a Europa. Finalmente, a 7 de Outubro de 1571 a frota ocidental, comandada por D. João de Áustria (1545-1578), teve uma retumbante vitória na batalha naval de Lepanto, ao largo da Grécia.

Conta-se que nesse mesmo dia, a meio de uma reunião com os cardeais, o Papa levantou-se, abriu a janela e disse “Interrompamos o nosso trabalho; a nossa grande tarefa neste momento é a de agradecer a Deus pela vitória que ele acabou de dar ao exército cristão”. A ameaça fora vencida.

Este foi o último grande feito da Cristandade. Mas o Papa sabia bem quem tinha ganho a batalha. Para louvar a Vitoriosa, ele instituiu a festa litúrgica de acção de graças a Nossa Senhora das Vitórias no primeiro domingo de Outubro.

Hoje ainda se celebra essa festa, com o nome de Nossa Senhora do Rosário, no memorável dia de 7 de Outubro.

1 de maio de 2007

Maio Mês de Maria


O Nascimento do Rosário

O Rosário é uma oração cuja origem se perde nos tempos. A tradição diz que foi revelado a S. Domingos de Gusmão (1170-1221), numa aparição de Nossa Senhora, quando ele se preparava para enfrentar a heresia albigense.

Parece não haver muitas dúvidas de que o Rosário nasceu para resolver um problema importante dos novos frades mendicantes. De facto, os franciscanos e dominicanos estavam a introduzir um novo tipo de ordem religiosa no século XII, em alternativa aos antigos monges, sobretudo Beneditinos e Agostinhos. Estes, nos seus mosteiros, rezavam todos os dias os 150 salmos do Saltério. Mas os mendicantes não o podiam fazer, não só por causa da sua pobreza e estilo de vida, mas também porque em grande parte eram analfabetos.

Assim nasceu, nos dominicanos, o Rosário, o “saltério de Nossa Senhora”, a “Bíblia dos pobres”, com 150 Avé-Marias. Um pouco mais tarde, em 1422, pelas mesmas razões, os franciscanos criaram a Coroa Seráfica, uma oração muito parecida, mas com estrutura ligeiramente diferente (tem sete mistérios, em honra das sete alegrias da Virgem, os mistérios Gozosos, trocando a Apresentação no Templo pela Adoração dos Magos e os dois últimos Gloriosos, acrescentando mais duas Avé-Marias em honra dos 72 anos da vida de Nossa Senhora na Terra).

Mas é preciso dizer que, nessa altura, não havia ainda a Ave Maria.

Já desde o século IV se usava a saudação do arcanjo S. Gabriel (Lc 1, 28) como forma de oração, mas só no século VII ela aparece na liturgia da festa da Anunciação como antífona do Ofertório.

No século XII, precisamente com o Rosário, juntam-se as duas saudações a Maria, a de S. Gabriel e a de S. Isabel (Lc 1, 42), tornando-se uma forma habitual de rezar.

Em 1262 o Papa Urbano IV (papa de 1261-1264) acrescenta-lhes a palavra “Jesus” no fim, criando assim a primeira parte da nossa Ave Maria.

Só no século XV se acrescenta a segunda parte de súplica, tirada de uma antífona medieval. Esta fórmula, que é a actual, torna-se oficial com o Papa Pio V (1566-1572). Grande reformador no espírito do concílio de Trento (1545-1563), S. Pio V é o responsável pela publicação do Catecismo, Missal e Breviário Romanos surgidos do Concílio, que renovam toda a vida a Igreja.

Foi precisamente no Breviário Romano, em 1568, que aparece pela primeira vez na oração oficial da Igreja a Avé-Maria.