30 de dezembro de 2007

Sagrada Família de Nazaré


A realidade dominante do que terá sido a vida de Jesus, Maria e José em sua pequena cidade de Nazaré, onde José exerceu a profissão de carpinteiro, foi a simplicidade.

Se bem que de descendência ilustre, por parte de seus antepassados - pois descendia do rei David – a Sagrada Família levava uma vida modesta, em meio a uma numerosa parentela, constituindo um lar nem pobre, nem rico, ganhando o pão de cada dia com o suor de seu rosto, respeitando as leis administrativas e sociais de seu povo.

No ritmo da oração comunitária na sinagoga, os ritos e as numerosas festas religiosas do judaísmo (onde, entre outros, o rito da circuncisão, a festa das Tendas, a peregrinação ao templo de Jerusalém), a vida de oração da Sagrada Família era, exteriormente, a de todo bom israelita praticante daquela época.

Portanto, por trás da modéstia deste comportamento respeitoso dos usos e costumes de sua cultura, a Sagrada Família vivia uma realidade tão grandiosa que apenas o silêncio e a discrição poderiam assegurar, ao Lar de Nazaré, a serenidade necessária ao desenvolvimento do plano de Deus, o nascimento do Messias, tão esperado pelo povo hebreu, depois de tantos séculos. Serenidade também para zelar pela infância e adolescência de Jesus, o Cristo Salvador do mundo, até que ele alcançasse sua plena maturidade de homem e pudesse iniciar sua vida pública e a pregação de seu Evangelho.

Foi efectivamente na humilde morada de Nazaré que começaram a desenrolar-se, entre os membros da Sagrada Família, as primeiras páginas do Novo Testamento que o Céu, em seu Verbo, se fez carne e veio se doar aos homens, por amor e pela salvação de todos.

O testemunho do Cristo e de seus pais demonstra, também, o imenso resplendor que pode atingir uma vida familiar comum, vivenciada em Deus, na simplicidade e num grande amor compartilhado.

29 de dezembro de 2007

Tempo de Natal - Epifania


Ignoramos em que dia Jesus nasceu. Os cristãos do século III escolheram, para comemorar esse evento, uma data particularmente significativa: o dia 25 de dezembro, a noite mais longa do ano. O motivo dessa escolha é simples: no tempo de nova luz na natureza, novo ano solar, festeja-se a festa da Luz nova que jamais se apagará: "Jesus, verdadeiro sol de justiça", repetindo as palavras do profeta Malaquias 3,20. Desde então, a Igreja começou a celebrar as duas grandes festas que indicam as etapas da vinda de Deus entre os homens: a Natividade e a Epifania.

No dia da Natividade ou Natal, festejamos a presença humilde de Deus no meio dos homens; no dia da Epifania, a manifestação dessa presença aos gentios e ao mundo.

A Epifania é para o Natal o que Pentecostes é para a Páscoa, ou seja, o seu desenvolvimento e a sua proclamação no mundo, e prolonga-se na festa do Batismo do Senhor, como manifestação ao povo eleito.

A oitava de Natal, 1º de janeiro, glorifica o nome de Jesus, que significa "o Senhor salva", e resume o sentido da encarnação acontecida em Maria, Mãe de Deus.

Assim, através dessas quatro festas, o tempo de Natal nos faz passar do mistério da encarnação ao início do ministério de Jesus. Também a reforma litúrgica do concílio Vaticano II confirma a estrutura desse tempo, que vai das primeiras Vésperas do Natal até o domingo que se segue à Epifania. Enriqueceram-se os textos litúrgicos das celebrações e inseriu-se a missa vespertina da vigília; solenizou-se a maternidade divina de Maria, bem como o batismo de Jesus.

A festa da Sagrada Família foi deslocada para o domingo que segue o Natal. As celebrações do tempo natalino não param nos fatos históricos, mas remontam a seu verdadeiro fundamento, que é o mistério da encarnação

21 de dezembro de 2007

Feliz Natal

Novo Ano Litúrgico VII

GRAUS DAS CELEBRAÇÕES E PRECEDÊNCIA DOS DIAS LITÚRGICOSUm dado importante é que o aspecto hierárquico da Igreja estende-se também à liturgia. Assim, entende-se que, na liturgia, não só os ritos têm grau de importância diferente, como também as próprias celebrações divergem quanto à sua importância litúrgica.
Podemos afirmar então que existem graus e precedência nas celebrações, e se dizemos genericamente "festas", três na verdade são os graus da celebração: "solenidade", "festa" e "memória", podendo esta última ser ainda obrigatória ou facultativa. Neste subsídio, a palavra "festa" sempre é usada no conceito aqui ora exposto, a fim de evitar mal-entendidos. Vejamos então:

• Solenidade
É o grau máximo da celebração litúrgica, isto é, aquele que admite, como o próprio nome sugere, todos os aspectos solenes e próprios da liturgia. Na "solenidade", então, três são as leituras bíblicas, canta-se o "Glória" e faz-se a profissão de fé. Para a maioria das solenidades existe também prefácio próprio. Embora no mesmo grau, as "solenidades" distinguem-se ainda, entre si, quanto à precedência. Somente o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e ressurreição do Senhor está na liturgia em posição única. As demais solenidades portanto se acham na tabela oficial distinguindo-se apenas quanto ao lugar que ocupam no mesmo nível. Assim, depois do Tríduo Pascal, temos: Natal, Epifania, Ascensão e Pentecostes, o que equivale a dizer que estas quatro solenidades são as mais importantes depois do Tríduo Pascal, mas Natal vem em primeiro lugar, na ordem descrita.

• Festa
"Festa" é a celebração um pouco inferior à "solenidade". Identifica-se, inicialmente, com as do dia comum, mas nela canta-se o "Glória" e pode ter prefácio próprio, dependendo de sua importância. Com referência a "festa" e "solenidade", na Liturgia das Horas (Ofício das Leituras), canta-se ainda o "Te Deum", fora, porém, da Quaresma. Como já se falou , as "festas" do Santoral são omitidas quando caem em domingo.

• Memória"Memória" é, sempre, celebração de santos, um pouco ainda inferior ao grau de "festa". Na celebração da "memória", não se canta o "Glória". A "memória" é obrigatória quando o santo goza de veneração universal. Isto quer dizer que em toda a Igreja se celebra a sua memória. É, porém, facultativa quando se dá o contrário, ou seja, quando somente em alguns países ou regiões ele é cultuado.
As "memórias" não são celebradas nos chamados tempos privilegiados, a não ser como facultativas, e dentro das normas litúrgicas para a missa e Liturgia das Horas, conforme já se falou neste trabalho. Quando caem em domingo, são também omitidas, repetindo-se aqui o que já foi explanado.
A "memória" pode tornar-se "festa", ou mesmo "solenidade", quando celebração própria, ou seja, quando o santo festejado for padroeiro principal de um lugar ou cidade, titular de uma catedral, como também quando for titular, fundador ou padroeiro principal de uma Ordem ou Congregação. Também a "festa" pode tornar-se "solenidade" nas circunstâncias litúrgicas aqui descritas, estendendo-se esse entendimento às celebrações de aniversário de dedicação ou consagração de igrejas.

BIBLIOGRAFIA1 - Missal Romano
2 - Normas Universais do Ano Litúrgico e do Calendário
3 - Documento da CNBB - nº 43
4 - Ano Litúrgico (Adolf Adam)
5 - Documentos Pontifícios nº 144 (SC) - Concílio Vaticano II

18 de dezembro de 2007

Novo Ano Litúrgico VI

TEMPO COMUMApós pequenas considerações sobre os dois ciclos do Ano Litúrgico, vamos agora a um pequeno comentário sobre o Tempo Comum. Por "Tempo Comum", devemos entender aquele longo período, que se encontra entre os ciclos do Natal e da Páscoa. Na prática são 33 ou 34 semanas.
Começa esse tempo litúrgico na segunda-feira após a Festa do Baptismo do Senhor, ou na terça-feira, quando a Epifania é celebrada no dia 7 ou 8 de Janeiro, hipótese em que o Baptismo do Senhor é celebrado então na segunda-feira. Na terça-feira de Carnaval, o Tempo Comum se interrompe, reiniciando-se na segunda-feira depois do Domingo de Pentecostes e prolongando-se até o sábado que precede o primeiro Domingo do Advento.
No Tempo Comum não se celebra um aspecto de nossa fé, como é o caso do Natal (Encarnação), e Páscoa (Redenção), mas celebra-se todo o mistério de Deus, em sua plenitude. Uma temática pode, porém, nele aparecer, quando nele se celebram algumas solenidades, como "Santíssima Trindade", "Corpus Christi" etc., chamadas na liturgia de "Solenidades do Senhor no Tempo Comum".
Não existe uma liturgia para o 1º Domingo do Tempo Comum, porque, neste, a Igreja celebra, nas hipóteses já referidas, a Festa do Baptismo do Senhor. Diz-se então, iniciando esse período, "primeira semana do Tempo Comum", que começa na segunda-feira ou na terça-feira, como já vimos. A partir do segundo domingo é que começa, oficialmente, a enumeração dos domingos do Tempo Comum, como conhecemos.
Dadas como foram as festas e solenidades dos dois ciclos litúrgicos, aqui são dadas também, agora, as festas e solenidades do "Santoral", celebradas, em sua maioria, no Tempo Comum, salvo aquelas já referidas nos ciclos comentados. Vejamos então:

Solenidades do Senhor no Tempo ComumSão quatro as celebrações assim denominadas. São também móveis, isto é, a sua data de celebração depende da Páscoa:
• Santíssima Trindade
Celebra-se no domingo seguinte ao de Pentecostes
• Sagrado Corpo e Sangue do Senhor
Celebra-se na quinta-feira após a solenidade da Santíssima Trindade
• Sagrado Coração de Jesus
A sua celebração dá-se na 2ª sexta-feira após "Corpus Christi"
• Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo
É celebrada no último domingo do Tempo Comum, ocupando o lugar do 34º domingo.
Também no Tempo Comum são celebradas algumas festas do Senhor. Estas, quando caem no domingo, ocupam o seu lugar. São elas:
• Apresentação do Senhor
Celebra-se no dia 2 de Fevereiro
• Transfiguração do Senhor
Sua celebração é em 6 de Agosto
• Exaltação da Santa Cruz
Celebra-se em 14 de Setembro

Além das "festas do Senhor" acima referidas, outras festas e solenidades são celebradas no Tempo Comum, pertencentes então ao "Santoral". Ei-las:

Solenidades
• Natividade de São João Batista - em 24 de Junho
• São Pedro e São Paulo - em 29 de Junho
• Assunção de Nossa Senhora - em 15 de Agosto
• Todos os Santos - no 1º de Novembro.
Nota: As solenidades do "Santoral", quando caem no Domingo Comum, ocupam também o seu lugar. É o caso aqui da "Natividade de São João Batista" e "Nossa Senhora da Conceição ".

Festas do "Santoral" celebradas no Tempo Comum
• Conversão de São Paulo, Apóstolo - em 25 de Janeiro
• Cátedra de São Pedro - em 22 de Fevereiro
• São Marcos, Evangelista - em 25 de Abril
• São Filipe e São Tiago - em 3 de Maio
• São Matias, Apóstolo - em 14 de Maio
• Visitação de Nossa Senhora - em 31 de Maio
• São Tomé, Apóstolo - em 3 de Julho
• São Tiago Maior, Apóstolo - em 25 de Julho
• São Lourenço, Diácono e mártir - em 10 de Agosto
• Santa Rosa de Lima - em 23 de Agosto
• São Bartolomeu, Apóstolo - em 24 de Agosto
• Natividade de Nossa Senhora - em 8 de Setembro
• São Mateus, apóstolo e evangelista - em 21 de Setembro
• São Miguel, São Gabriel e São Rafael, arcanjos - em 29 de Setembro
• São Lucas, evangelista - em 18 de Outubro
• São Simão e São Judas Tadeu - em 28 de Outubro (apóstolos)
• Dedicação da Basílica de Latrão - em 9 de Novembro
• Santo André, Apóstolo - em 30 de Novembro

Não se fez referência às memórias (obrigatórias ou facultativas), que a Igreja celebra também durante todo o ano litúrgico. As memórias são omitidas quando caem no domingo e nos tempos privilegiados, podendo contudo ser celebradas como facultativas, nas normas litúrgicas. Quanto às festas dos santos, são também omitidas quando caem nos domingos, mas são celebradas nos dias de semana dos tempos privilegiados.
Chamam-se "Próprio do Tempo" as celebrações dos ciclos festivos (Natal e Páscoa), como também as do Tempo Comum, ligadas ao mistério da redenção. As celebrações dos santos são chamadas "Próprio dos Santos", ou "Santoral".

15 de dezembro de 2007

Novo Ano Litúrgico V

CICLO DA PÁSCOAApós pequenas considerações sobre o ciclo do Natal, vejamos agora alguns pontos do ciclo pascal, na riqueza também de sua estrutura celebrativa.
Preparação: Quaresma
Celebração: Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor
Prolongamento: Tempo Pascal
A exemplo do que se fez no Ciclo do Natal, aqui se explicita também um pouco cada momento do Ciclo da Páscoa.
• QuaresmaChamado, liturgicamente, de tempo de preparação penitencial para a Páscoa, a Quaresma, a exemplo também do Advento, tem dois momentos distintos: o primeiro vai da Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo da Paixão e de Ramos, e o segundo, como preparação imediata, vai do Domingo de Ramos até a tarde de Quinta-Feira Santa, quando se encerra então o tempo quaresmal.
O tempo da Quaresma é tempo privilegiado na vida da Igreja. É o chamado tempo forte, de conversão e de mudança de vida. Sua palavra-chave é: "metanóia", ou seja, conversão. Nesse tempo se registam os grandes exercícios quaresmais: a prática da caridade e as obras de misericórdia. O jejum, a esmola e a oração são exercícios bíblicos até hoje recomendáveis, na imitação da espiritualidade judaica.
Seis são os domingos da Quaresma, sendo o sexto já o Domingo de Ramos. Como se viu no Advento, tem também a Quaresma o seu domingo da alegria, o 4º domingo, chamado "Laetare".
A palavra "Quaresma" vem do latim "quadragésima", isto é, "quarenta", e está ligada a acontecimentos bíblicos, que dizem respeito à história da salvação: jejum de Moisés no Monte Sinai, caminhada de Elias para o Monte Horeb, caminhada do povo de Israel pelo deserto, jejum de Cristo no deserto, etc..
• Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do SenhorO Tríduo Pascal é o centro não só da Páscoa, mas também de toda a vida da Igreja. Na liturgia ocupa o primeiro lugar em ordem de grandeza, não havendo, pois, nenhuma outra celebração que se possa colocar no seu nível. É portanto o cume da liturgia e de todo o acontecimento da redenção. Por isso, deveria estar mais presente, como tema, em toda catequese e ser objecto de interiorização nos encontros eclesiais.

Começa o Tríduo Pascal na Quinta-Feira Santa, na missa vespertina, chamada "Ceia do Senhor", tem seu centro na Vigília Pascal do Sábado Santo e encerra-se com a missa vespertina do Domingo da Páscoa.
O Tríduo Pascal não é - diga-se - um tríduo que nos prepara para o Domingo da Páscoa, mas um tríduo celebrativo do Mistério Pascal de Cristo, que culmina no domingo, "Dia do Senhor". Trata-se, pois, de uma única celebração, em três momentos distintos.

É tão fundamental o Tríduo Pascal que, sem ele, não existiria a liturgia, e o que teríamos era então uma Igreja sem sacramentos e sem a missionaridade redentora. Por que se diz isto? Porque, sem a ressurreição de Cristo - ensina-nos São Paulo (Cf. 1Cor 15,14) - vazia seria toda a pregação apostólica, como vã, vazia e sem sentido seria também a nossa fé. Estaríamos ainda acorrentados nos "Egiptos" do mundo e presos aos grilhões do pecado e da morte.
Aplica-se sobretudo ao Domingo da Páscoa tudo o que se disse sobre o domingo, como fundamento do Ano Litúrgico. E mais: o Domingo da Páscoa deve ser visto, celebrado e vivido como o "domingo dos domingos", dia, pois, sagrado por excelência. Se todos os domingos do ano já têm primazia fundamental sobre todos os outros dias, o Domingo da Páscoa destaca-se ainda mais pela sua notoriedade cristã, dada a sua relação teológica com o Cristo Kyrios (Senhor).

• Tempo PascalCom a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, somente duas celebrações hoje na Igreja têm "oitava", isto é, um prolongamento festivo por oito dias, durante o qual a liturgia se volta para a solenidade principal. Estas duas celebrações são Natal e Páscoa. A Oitava da Páscoa vai, assim, do Domingo da Páscoa ao domingo seguinte.
Os domingos do Tempo Pascal são chamados de "Domingos da Páscoa", com a identificação de 1º, 2º etc.. São sete tais domingos, e, no sétimo celebra-se a Solenidade da Ascensão do Senhor. Como se vê, o prolongamento mais extenso da Páscoa se dá então até a Solenidade de Pentecostes. Segundo Santo Atanásio, o Tempo Pascal deve ser celebrado como um "grande domingo", ou seja, um domingo com duração de 50 dias.

Solenidades do Tempo PascalComo já ficou evidenciado acima, além do Tríduo Pascal, que é a celebração principal da Páscoa, duas outras solenidades marcam também o Tempo Pascal. São elas:
Ascensão do Senhor
É o domingo que celebra a subida do Senhor ao céu, quarenta dias após a ressurreição (Cf. Act 1,1-3). A data certa da solenidade seria na quinta-feira precedente, mas, como não é feriado, transferiu-se então tal comemoração para o domingo seguinte, ocupando, pois, tal solenidade o lugar do 7º Domingo da Páscoa.
PentecostesComo sabemos, Pentecostes é o coroamento de todo o ciclo da Páscoa. É a solenidade que celebramos após 50 dias da ressurreição. Marca o início solene da vida da Igreja (Cf. Act 2,1-41), não o seu nascimento, pois este se dá, misteriosamente, na Sexta-Feira Santa, do lado do Cristo Crucificado, como sua esposa imaculada.
Pentecostes, como já foi dito, coroa a obra da redenção, pois nela Cristo cumpre a promessa feita aos apóstolos, segundo a qual enviaria o Espírito Santo Consolador, para os confirmar e os fortalecer na missão apostólica. A vinda do Espírito Santo, no episódio bíblico de Act 2,1-4, deve ser entendida em dimensão também eclesiológica, ou seja, como acção estendida a toda a Igreja, no desejo do Pai e do Filho. Com Pentecostes encerra-se, pois, o ciclo da Páscoa.

11 de dezembro de 2007

Novo Ano Litúrgico IV

ESTRUTURA CELEBRATIVA E PEDAGÓGICA DO ANO LITÚRGICOComo se pode ver pelo gráfico, e como já foi referido neste trabalho, o Ano Litúrgico divide-se em dois grandes ciclos: Natal e Páscoa. Entre eles situa-se o Tempo Comum, não os separando, mas unindo-os, na unidade pascal e litúrgica.
Em cada ciclo há três momentos, de grande importância para a compreensão mais exacta da liturgia. São eles:
preparação para a festa principal;
celebração solene, constituindo assim o seu centro; e
prolongamento da festa celebrada.
No centro do Ano Litúrgico encontra-se Cristo, no seu Mistério Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição). É o memorial do Senhor, que celebramos na Eucaristia. O Mistério Pascal é, portanto, o coração do Ano Litúrgico, isto é, o seu centro vital.
O círculo é um símbolo expressivo da eternidade, e o Mistério Pascal de Cristo, no seu centro, constitui o eixo fundamental sobre o qual gira toda a liturgia.

ESTUDO PORMENORIZADO DE CADA CICLO COM SUAS CELEBRAÇÕES
CICLO DO NATAL
Vejamos agora um pouco de cada momento do ciclo natal, a fim de se ter uma noção mais exacta.
Preparação: Advento
Celebração: Natal
Prolongamento: Tempo do Natal

• AdventoO Advento é um tempo forte na Igreja, onde nos preparamos para a celebração do Natal. Tem duas características, marcadas por dois momentos. O primeiro vai do primeiro domingo do Advento até o dia 16 de Dezembro. Neste primeiro momento, a liturgia fala-nos da segunda vinda do Senhor no fim dos tempos, a chamada escatologia cristã. Já o segundo momento vai do dia 17 ao dia 24 de Dezembro. É como que a "semana santa" do Natal. Neste período, a liturgia vai falar-nos mais directamente da primeira vinda do Senhor, no Natal.
No Advento temos quatro domingos, o terceiro chamado "Gaudete", isto é, domingo da alegria.
Podemos dizer que os quatro domingos do Advento simbolizam os quatro grandes períodos em que Deus preparou a humanidade, de maneira progressiva, para a grande obra da redenção em Cristo. Esses quatro períodos são:
1º) O tempo que vai de Adão a Noé –
2º) O tempo de Noé a Abraão –
3º) O tempo de Abraão a Moisés - e
4º) O tempo que vai de Moisés a Cristo.
Com Abraão começa, historicamente, a caminhada da salvação (Cf. Gn 12).
Os quatro domingos simbolizam também as quatro estações do ano solar e as quatro semanas do mês lunar. Aqui pode-se ver a harmonia entre tempo histórico e tempo cósmico. Também a coroa do Advento, na sua forma circular, com as suas quatro velas, quer chamar a nossa atenção, já no início do Ano Litúrgico, para o mistério de Deus que nele vamos celebrar. A cor verde dos ramos da coroa (pinheiro, principalmente), fala do mistério cristão, e simboliza então a esperança e a vida eterna.
Três personagens bíblicos marcam o tempo do Advento. São eles: o profeta Isaías, São João Batista e a Virgem Mãe de Deus. Não é tempo penitencial, no sentido próprio e litúrgico, mas tempo de expectativa, de moderação e de esperança. Por isso, a cor roxa não é muito apropriada para o Advento, mas, oficialmente, ela é a que se deve usar.


• Natal
O Natal é a celebração principal de todo o ciclo natalícias. Constitui portanto o seu centro. Cristo nasce em Belém da Judéia, em noite fria (inverno), mas traz do céu o calor vitalizante da santidade de Deus, em mensagem de paz dirigida sobretudo aos pobres, com quem se identifica mais plenamente, cumulando-os das riquezas do Reino. Sua "noite feliz" sinaliza para a "noite fulgurante" da Sagrada Vigília Pascal do Sábado Santo, onde as trevas são dissipadas, definitivamente, pela luz do Cristo Ressuscitado.
No Natal dá-se a união hipostática, ou seja, a natureza divina se une à natureza humana, numa só pessoa, a pessoa do Verbo Encarnado (Cf. Jo 1,14), mistério que transcende a compreensão humana. É pura humildade de Deus e pura gratuidade do amor divino.


• Tempo do NatalComo o Advento, tem também o Tempo do Natal dois momentos. Um, imediato: é a Oitava do Natal, que prolonga a solenidade do natal por oito dias, encerrando-se no dia primeiro de Janeiro. O segundo momento vai de 2 de Janeiro até a Festa do Baptismo do Senhor, quando então se encerra o ciclo do Natal.

Vejamos agora as festas e solenidades do ciclo do Natal, nomeando-as, mas sem referência a aspectos celebrativos.


No Advento (além dos quatro domingos)
• Solenidade da Imaculada Conceição - em 8 de Dezembro
No Natal• Solenidade principal do ciclo de natal, com vigília e três missas
No Tempo do Natal
São duas as solenidades e duas também as festas celebradas no Tempo do Natal, além, é claro, da solenidade principal de 25 de Dezembro. São elas:
• Solenidade da Santa Mãe de Deus
Esta solenidade é celebrada em 1º de Janeiro, com a qual se encerra, como vimos, a Oitava do Natal.
• Solenidade da Epifania
Epifania significa manifestação. É, pois, a manifestação de Jesus ao mundo, como salvador universal. Os magos simbolizam o conjunto das nações e dos povos. A Epifania marca, assim, a universalidade da redenção de maneira viva e simbólica. Celebra-se a Epifania no domingo que cai entre os dias 2 a 8 de Janeiro.
• Festa da Sagrada Família
Esta festa é celebrada no domingo entre os dias 26 e 31 de Dezembro. Se não houver domingo neste período, então a Festa da Sagrada família é celebrada no dia 30 de Dezembro, em qualquer dia da semana.
• Festa do Baptismo do Senhor
Com a Festa do Baptismo do Senhor encerra-se o ciclo do Natal. A data da sua celebração depende da Solenidade da Epifania. Se a Epifania for celebrada até o dia 6 de Janeiro, então o Baptismo do Senhor celebra-se no domingo seguinte. Se, porém, a Epifania for celebrada no dia 7 ou 8 de Janeiro, então a Festa do Baptismo do Senhor será celebrada no dia seguinte, isto é, na segunda-feira. A Festa do Baptismo do Senhor marca o início da vida pública e missionária de Cristo.

Há ainda, três celebrações natalícias, mas são comemoradas fora do ciclo do Natal: a festa da Apresentação do Senhor, em 2 de Fevereiro, no Tempo Comum portanto; a solenidade de São José, esposo da Santíssima Virgem, em 19 de Março, e a solenidade da Anunciação do Senhor, em 25 de Março, estas duas últimas na Quaresma, sendo que, com referência à Anunciação, esta também pode cair, eventualmente, na Semana Santa. Nesta última hipótese, tal solenidade é transferida para depois da Oitava da Páscoa, uma vez que na Semana Santa não se pode fazer nenhuma comemoração que não seja a da sua própria liturgia.

Dentro ainda da Oitava do Natal, três festas do "Santoral" são celebradas, mas com Vésperas da Oitava. São elas: Santo Estêvão, diácono e protomártir, em 26 de Dezembro; São João, Apóstolo e Evangelista, em 27 de Dezembro; e Santos Inocentes, em 28 de Dezembro.

Novo Ano Litúrgico III

AS DIVISÕES DO ANO LITÚRGICOOs mistérios da nossa fé são celebrados no Ano Litúrgico, e este divide-se em dois grandes ciclos: o ciclo do Natal, em que se celebra o mistério da Encarnação do Filho de Deus, e o ciclo da Páscoa, em que celebramos o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, como também sua ascensão ao céu e a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja, na solenidade de Pentecostes.
O ciclo do Natal inicia-se no primeiro domingo do Advento e encerra na Festa do Baptismo do Senhor, tendo o seu centro, isto é, sua culminância, na solenidade do Natal. Já o ciclo da Páscoa tem início na Quarta-Feira de Cinzas, início também da Quaresma, tendo o seu centro no Tríduo Pascal, encerrando-se no Domingo de Pentecostes. A solenidade de Pentecostes é o coroar de todo o ciclo da Páscoa.
Entremeando os dois ciclos do Ano Litúrgico, encontra-se um longo período, chamado "Tempo Comum". É o tempo verde da vida litúrgica. Após o Natal aparece o início da vida pública de Jesus, com suas primeiras pregações. Após o ciclo da Páscoa, este tempo verde anuncia vivamente a floração das alegrias pascais. Os dois ciclos litúrgicos, com suas duas irradiações vivas do Tempo Comum, são como que as quatro estações do Ano Litúrgico.

O "SANTORAL" OU "PRÓPRIO DOS SANTOS"Em todo o Ano Litúrgico, excepto nos chamados tempos privilegiados (segunda parte do Advento, Oitava do Natal, Quaresma, Semana Santa e Oitava da Páscoa), a Igreja celebra a memória dos santos. Se no Natal e na Páscoa, Deus apresenta à Igreja o seu projecto de amor em Cristo Jesus, para a salvação de toda a humanidade, no Santoral a Igreja apresenta a Deus os copiosos frutos da redenção, colhidos na plantação de esperança do próprio Filho de Deus. São os filhos da Igreja, que seguiram fielmente o Cristo Senhor na estrada salvífica do Evangelho. Em outras palavras, o Santoral é a resposta solene da Igreja ao convite de Deus para a santidade.

AS CORES DO ANO LITÚRGICOComo a liturgia é acção simbólica, também as cores nela exercem um papel de vital importância, respeitada a cultura de nosso povo, os costumes e a tradição. Assim, é conveniente que se dê aqui a cor dos tempos litúrgicos e das festas. A cor diz respeito aos paramentos do celebrante, à toalha do altar e do ambão e a outros símbolos litúrgicos da celebração. Pode-se, pois, assim descrevê-la:
• Cor roxaUsa-se: No Advento, na Quaresma, na Semana Santa (até Quinta-Feira Santa de manhã), e na celebração de Finados, como também nas exéquias.
• Cor branca
Usa-se: Na solenidade do Natal, no Tempo do Natal, na Quinta-Feira Santa, na Vigília Pascal do Sábado Santo, nas festas do Senhor e na celebração dos santos. Também no Tempo Pascal é predominante a cor branca.
• Cor vermelhaUsa-se: No Domingo da Paixão e de Ramos, na Sexta-Feira da Paixão, no Domingo de Pentecostes e na celebração dos mártires, apóstolos e evangelistas.
• Cor rosa
Pode-se usar: No terceiro Domingo do Advento (chamado "Gaudete") e no quarto Domingo da Quaresma chamado "Laetare"). Esses dois domingos são classificados, na liturgia, de "domingos da alegria", por causa do tom jubiloso de seus textos.
• Cor pretaPode-se usar na celebração de Finados
• Cor verdeUsa-se: Em todo o Tempo Comum, excepto nas festas do Senhor nele celebradas, quando a cor litúrgica é o branco.
Nota explicativa: Se uma festa ou solenidade tomar o lugar da celebração do tempo litúrgico, usa-se então a cor litúrgica da festa ou solenidade. Exemplo: em 8 de Dezembro, celebra-se a Solenidade da Imaculada Conceição. Neste caso, a cor litúrgica é então o branco, e não o roxo do Advento. Este mesmo critério é aplicável para a celebração dos dias de semana.

8 de dezembro de 2007

Nossa Senhora da Conceição


Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Reino.
Nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646 declarou el-rei D. João IV que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Não foi D. João IV o primeiro monarca português que colocou o reino sob a protecção. da Virgem, apenas tornou permanente uma devoção, a que os nossos reis se acolheram algumas vezes em momentos críticos para a pátria. D. João I punha nas portas da capital a inscrição louvando a Virgem, e erigia o convento da Batalha a Nossa Senhora, como o seu esforçado companheiro D. Nuno Alvares Pereira levantava a Santa Maria o convento do Carmo. Foi por provisão de 25 de Março do referido ano de 1646 que se mandou tomar por padroeira do reino Nossa Senhora da Conceição. Comemorando este facto cunharam-se umas medalhas de ouro de 22 quilates, com o peso de 12 oitavas, e outras semelhantes mas de prata, com o peso de uma onça, as quais foram depois admitidas por lei como moedas correntes, as de ouro por 12$000 réis e as de prata por 600 réis. Segundo diz Lopes Fernandes, na sua Memoria das medalhas, etc., consta do registo da Casa da Moeda de Lisboa, liv. 1, pag. 256, v. que António Routier foi mandado vir de França, trazendo um engenho para lavrar as ditas medalhas, as quais se tornaram excessivamente raras, e as que aquele autor numismata viu cunhadas foram as reproduzidas na mesma Casa da Moeda no tempo de D. Pedro II. Acham-se também estampadas na Historia Genealógica, tomo IV, tábua EE. A descrição é a seguinte: JOANNES IIII, D. G. PORTUGALIAE ET ALGARBIAE REX – Cruz da ordem de Cristo, e no centro as armas portuguesas. Reverso: TUTELARIS RE­GNI – Imagem de Nossa Senhora da Conceição sobre o globo e a meia lua, com a data de 1648, e; nos lados o sol, o espelho, o horto, a casa de ouro, a fonte selada e arca do santuário. O dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo papa Pio IX em 8 de Dezembro de 1854, pela bula Ineffabilis. A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI (V. o artigo seguinte) sintetiza o culto que em Portugal sempre teve essa crença antes de ser dogma. Em 8 de Dezembro de 1904 lançou-se em Lisboa solenemente a primeira pedra para um monumento comemorativo do cinquentenário da definição do dogma. Ao acto, a que assistiram as pessoas reais, patriarca e autoridades, estiveram também representadas muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do país, sendo a mais antiga a da actual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589.

(Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume V, pág. 122)

6 de dezembro de 2007

Novo Ano Litúrgico II

RITMO CÓSMICO DO ANO LITÚRGICO
Como se sabe, o ano civil está inteiramente identificado com o ciclo solar, regendo-se pelos ditames das quatro estações, mas marcado também pelo movimento lunar, onde se contam as semanas. Ano, mês e dia, como fracções do tempo, aqui se harmonizam, no desenvolvimento da vida humana.
Na datação cósmica do Ano Litúrgico, seguindo a tradição judaica, os cristãos, no Hemisfério Norte, vão escolher, para a celebração anual da Páscoa, o equinócio da primavera, por este ser ponto de equilíbrio, de harmonia, de duração igual da noite e do dia, de equiparação, pois, entre horas de luz e horas de escuridão, momento de surgimento de vida nova na natureza e de renascimento da vida. Além da estação das flores, no Hemisfério Norte há ainda o simbolismo suplementar da lua cheia, dando a entender que, na ressurreição de Cristo, o dia tem vinte e quatro horas de luz.
Nota explicativa: A Igreja, hoje, celebra a Páscoa não no dia catorze do mês de Nisã, isto é, na data da Páscoa judaica, como celebravam os cristãos da Ásia Menor e da Síria, mas no domingo seguinte, acabando assim com a controvérsia pascal do século segundo, por determinação do Concílio de Nicéia.
Para a celebração do Natal, a evolução litúrgica vai escolher outro núcleo do ano. Este outro momento é o solstício de inverno, o "dies natalis solis invictus", ou seja, o "dia de nascimento do sol invicto". Neste tempo, os dias começam a crescer, e o sol renasce vivo e surpreendente. É neste contexto, do "Sol Invicto", solsticial, que vai aparecer na face da Terra "o verdadeiro Sol Nascente" (Cf. Lc 1,78), isto é, Cristo Jesus Nosso Senhor.

QUANDO SE INICIA O ANO LITÚRGICO?
Diferente do ano civil, mas, o Ano Litúrgico não tem data fixa de início e de término. Sempre se inicia no primeiro Domingo do Advento, encerrando-se no sábado da 34ª semana do Tempo Comum, antes das vésperas do domingo, após a Solenidade de Cristo Rei do Universo. Esta última solenidade do Ano Litúrgico marca e simboliza a realeza absoluta de Cristo no fim dos tempos. Daí, sua celebração no fim do Ano Litúrgico, lembrando, porém, que a principal celebração litúrgica da realeza de Cristo se dá sobretudo no Domingo da Paixão e de Ramos.
Mesmo sem uma data fixa de início, qualquer pessoa pode saber quando vai ter início o Ano Litúrgico, pois ele se inicia sempre no domingo mais próximo de 30 de Novembro. Na prática, o domingo que cai entre os dias 27 de Novembro e 3 de Dezembro. A data de 30 de Novembro é colocada também como referencial, porque nela a Igreja celebra a festa de Santo André, apóstolo, irmão de São Pedro, e Santo André foi, ao que tudo indica, um dos primeiros discípulos a seguir Cristo (Cf. Jo 1,40).

ANO LITÚRGICO E DINÂMICA DA SALVAÇÃO
Tendo como centro o Mistério Pascal de Cristo, todo o Ano Litúrgico é dinamismo de salvação, onde a redenção operada por Deus, através de Jesus Cristo, no Espírito Santo, deve ser viva realidade em nossas vidas, pois o Ano Litúrgico nos propicia uma experiência mais viva do amor de Deus, enquanto nos mergulha no mistério de Cristo e de seu amor sem limites.

O DOMINGO, FUNDAMENTO DO ANO LITÚRGICO
O Concílio Vaticano II (SC nº 6), fiel à tradição cristã e apostólica, afirma que o domingo, "Dia do Senhor", é o fundamento do Ano Litúrgico, pois nele a Igreja celebra o mistério central de nossa fé, na Páscoa semanal que, devido à tradição apostólica, se celebra a cada oitavo dia.
O domingo é justamente o primeiro dia da semana, dia da ressurreição do Senhor, que nos lembra o primeiro dia da criação, no qual Deus criou a luz (Cf. Gn 1,3-5). Aqui, o Cristo ressuscitado aparece então como a verdadeira luz, dos homens e das nações. Todo o Novo Testamento está impregnado dessa verdade substancial, quando enfatiza a ressurreição no primeiro dia da semana (Cf. Mt 28,1; Mc 16,2; Lc 24,1; Jo 20,1; como também At 20,7 e Ap 1,10).
O domingo é, na tradição da Igreja, na prática cristã e na liturgia, o "dia que o Senhor fez para nós" (Cf. Sl 117(118),24), dia, pois, da jubilosa alegria pascal.

3 de dezembro de 2007

Novo Ano Litúrgico



Chama-se Ano Litúrgico o tempo em que a Igreja celebra todos os feitos salvíficos operados por Deus em Jesus Cristo. "Através do ciclo anual, a Igreja comemora o mistério de Cristo, desde a Encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor" ( SC nº 102).
Ano Litúrgico é, pois, um tempo repleto de sentido e de simbolismo religioso, de essência pascal, marcando, de maneira solene, o ingresso definitivo de Deus na história humana. É o momento de Deus no tempo, o "kairós" divino na realidade do mundo criado. Tempo, pois, aqui entendido como tempo favorável, "tempo de graça e de salvação", como nos revela o pensamento bíblico (Cf. 2Cor 6,2; Is 49,8a).
As celebrações do Ano Litúrgico não olham apenas para o passado, comemorando-o. Olham também para o futuro, na perspectiva do eterno, e fazem do passado e do futuro um eterno presente, o "hoje" de Deus, pela sacramentabilidade da liturgia (Cf. Sl 2,7; 94(95)7; Lc 4,21; 23,43). Aqui, enfatiza-se então a dimensão escatológica do Ano Litúrgico.
O Ano Litúrgico tem como coração o Mistério Pascal de Cristo, centro vital de todo o seu organismo. Nele palpitam as pulsações do coração de Cristo, enchendo da vitalidade de Deus o corpo da Igreja e a vida dos cristãos.


SIMBOLISMO DO ANO LITÚRGICO
O Ano Litúrgico tem no círculo a sua simbologia mais expressiva, pois o círculo é imagem do eterno, do infinito. Notamos isso, olhando uma circunferência. Ela não tem começo nem fim, pois, nela, o fim é um retorno ao começo. Não um retorno exaustivo, rotineiro, mas verdadeiramente um começo sempre novo, de vitalidade essencial.
O círculo é, pois, imagem da vida eterna, e a vida eterna, como sabemos, não clama por progresso, visto não existir na eternidade carência, de forma alguma. A vida eterna - podemos afirmar - permanece em constante plenitude.
Cada ano litúrgico, que celebramos e vivemos, deve ser um degrau que subimos rumo à eternidade do Pai. Celebrar o Ano Litúrgico é como subir a montanha de Deus, não como alpinista, mas como peregrino do Reino, onde, a cada subida, sente-se mais perto de Deus.

25 de novembro de 2007

Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo


O Jesus que Lucas apresenta aos seus leitores, desde o Presépio ao Calvário, é a manifestação e ilustração perfeita da bondade e misericórdia de Deus. O "amigo de publicanos e pecadores" não se desmente na hora da Cruz.
Ele, que "passou fazendo o bem", no momento derradeiro da sua existência terrena deixa como última palavra e testamento uma promessa de perdão a um malfeitor que agoniza a seu lado. O ladrão apela ao "reino" de Jesus, como se tivesse lido a inscrição que encima o patíbulo. E Jesus promete-lhe recebê-lo no paraíso. Num momento de desorientação geral apenas um delinquente mantém a fé em Cristo. Os inimigos triunfam, os discípulos fogem: só este condenado anónimo confessa a messianidade de Jesus, não obstante as condições em que Ele agora se encontra.
Só raramente se encontra nos Evangelhos um tal exemplo de fé. Normalmente reconhece-se a dignidade de Jesus depois de algum milagre, mas nunca em circunstâncias tão negativas.
O "bom ladrão" é uma figura real e simbólica. É o tipo do crente. Perante o Crucificado - um inocente injustamente condenado - o homem é convidado a reflectir e a aceitar o seu próprio destino, ainda que penoso e, porventura, não merecido.Modelo de crente, o ladrão sentenciado torna-se de algum modo um "catequista". Não fazendo caso do seu próprio sofrimento, ele esforça-se por fazer cair em si o colega desesperado. Para este "discípulo" que fala do alto da cruz, Jesus é o modelo para o qual todos são convidados a olhar, a começar pelos mártires que sofrem a sua mesma sorte, mas incluindo também ou sobretudo os pecadores, aqueles que sofrem merecidamente por causa das suas faltas e culpas. Em Jesus, todos encontram refúgio. Verdadeiramente grave não é a condenação ao patíbulo, mas a exclusão do reino de Deus. Jesus marca encontro com o seu interlocutor não na morada dos mortos, mas no reino da vida e dos vivos.
Estamos perante um verdadeiro "precónio pascal", anúncio da vitória sobre a morte para Jesus e para quantos nele crêem.

(Voz Portucalense/online)

19 de novembro de 2007

São Lucas


No próximo Domingo encerra-se o ano litúrgico, ano C. O Evangelista deste ano que agora finda é S. Lucas. Desde o século II se reconhece em Lucas o "caríssimo" médico (Col.4,-14), o "colaborador" (Flm 24) que acompanha Paulo.
Quem era São Lucas?
Parece ter sido um pagão que se converteu ao cristianismo, talvez originário de Antioquia da Síria.
Culto, maneja com uma certa elegância a língua grega, tem o gosto pela clareza.
Convertido ainda jovem, não foi testemunha ocular da vida de Jesus Cristo.
Acompanhou S. Paulo em muitas das suas viagens à Macedónia, a Jerusalém e a Roma. Possivelmente esteve com o apóstolo até à sua morte em Roma, por volta de 64 d.C.
Depois da morte de S. Paulo, pregou o Evangelho na Botínia e na Acaia.
Cerca dos anos 80, decidiu escrever a sua obra em dois volumes, dando um relato histórico e teológico da vida de Jesus Cristo (Evangelho S. Lucas) e das origens da Igreja (Actos dos Apóstolos). Lucas no seu primeiro livro descreve a expansão da Boa Nova, a manifestação de Jesus começa em Nazaré (Lc.4,16) e termina em Jerusalém (Lc.24, 49). Enquanto que nos Actos dos Apóstolos o anúncio da Boa Nova faz-se a partir de Jerusalém (Act.2 - 8,3), passando depois a toda a Palestina (Act. 8,4 -12,25) e propagando-se pela Ásia Menor, Grécia, até chegar a Roma (Act. 13,1 - 28, 30).
Os seus textos são de uma grande delicadeza para com Jesus, os pobres, as mulheres e os pecadores.
Gosta de interromper os seus relatos com sumários nos quais resume os aspectos que deseja ver fixados. (Act. 2,42-47; 4,32-35; 5,12 -15;...)
Bom historiador, tem o cuidado de situar os acontecimentos na história. Mas é um historiador crente: o que narra é uma boa nova que descobriu e quer partilhar com os outros.
Não se sabe para que comunidade é que escreveu, mas facilmente se pode deduzir em que tipo de Igreja a sua mensagem se formou. Comunidade nascida em território pagão, como as de Antioquia ou de Filipos.
Estes cristãos são antigos pagãos e sabem que é por graça e não por nascimento que são recebidos na aliança de Deus com Israel.
Eles fizeram a experiência do Espírito: as suas igrejas nasceram fora do círculo de Jerusalém, nasceram pela Palavra e pelo Espírito Santo.

11 de novembro de 2007

Bispos Portugueses trazem directivas de Roma para a Igreja Portuguesa



O ponto alto de uma visita «Ad Limina» é o encontro de todos os bispos com o Papa. Aí, o sucessor de Pedro faz um discurso onde aponta as virtualidades e os caminhos a percorrer pela Igreja. Quando recebeu os bispos portugueses (10 de Novembro), Bento XVI pediu-lhes para que mudassem “o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II”. Esta directiva para a Igreja Portuguesa é o caminho para os próximos tempos. D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), disse à Agência ECCLESIA que Papa “intuiu as nossas carências, ansiedades e insatisfações”.
Antes da visita «Ad Limina», os bispos enviam os relatórios para Roma. Depois de analisar estes documentos Bento XVI verificou também que existe uma “maré crescente de cristãos não praticantes”. No intuito de ajudar a resolver este decréscimo, o Papa alertou os pastores portugueses para que estudassem “a eficácia dos percursos de iniciação actuais”. Os resultados não são animadores porque “a catequese é dada num contexto difícil e os jovens são confrontados permanentemente com outros apelos” – lamentou o Presidente da CEP.
Com o intuito de alterar o panorama sombrio em alguns campos da pastoral, as dioceses irão enviar os relatórios para a Conferência Episcopal Portugal onde “serão estudados pelo Gabinete de Estudos Pastorais” – realçou D. Carlos Azevedo, Secretário da CEP, no final da Assembleia Plenária que estava integrada no programa da visita «Ad Limina» (3 a 12 de Novembro). Depois de feita a análise destes documentos, a aposta passa pela formação “profunda” dos cristãos – disse.
Na atitude “de alunos que necessitam de aprender a lição, confiem-se diariamente, à Mestra tão insigne e Mãe do Cristo total, todos e cada um de vós e os sacerdotes vossos directos colaboradores na condução do rebanho” – finalizou Bento XVI.


(agencia ecclesia./noticia)

4 de novembro de 2007

Zaqueu quero ficar em tua casa!


Jesus tinha entrado em Jericó e estava passando pela cidade. Havia ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe os publicanos e muito rico.

Ele procurava ver quem era Jesus, mas não conseguia, por causa da multidão, pois era baixinho. Então ele correu à frente e subiu numa árvore para ver Jesus, que devia passar por ali. Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse. “Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo hospedar-me na tua casa. Ele desceu depressa, e o recebeu com alegria (Lc 19,1-6). Zaqueu, porque queria ver Jesus, dá os passos necessários para vê-lo. Por ser baixinho, sobe numa árvore à beira do caminho por onde Jesus devia passar, não se importando com a gozação dos que o conheciam.
O texto diz que Jesus não só viu Zaqueu no alto da árvore, mas viu também os sentimentos e os desejos de seu coração, tomou a iniciativa de falar com ele e pediu-lhe que lhe desse hospedagem na sua casa. Ao contemplar a cena, vejo, com os olhos da imaginação, Jesus dando a mão a Zaqueu para ajudá-lo a descer da árvore, e vejo Zaqueu entregando-se literalmente nas mãos de Jesus, que é o Caminho, a Verdade e a Vida, passando pelos caminhos de nossa terra, passando pelos meus caminhos para vir ao meu encontro.
Como recomenda Santo Inácio, depois de contemplar a cena, vendo as pessoas, ouvindo o que falam e considerando o que fazem, dou um tempo para “reflectir sobre mim mesmo”. Quais são os “reflexos” das palavras e do comportamento de Jesus e de Zaqueu em mim? Deixo-me iluminar e guiar por esses reflexos? Que atitudes e comportamentos devem mudar na minha vida?
Assim como penetrou com seu olhar toda a vida de Zaqueu, Jesus também penetra toda a minha vida, conhece os meus pensamentos e os meus desejos mais profundos, perpassa todas as minhas máscaras e mentiras. E assim como falou com o cobrador de impostos Zaqueu, fala também comigo e quer hospedar-se na minha casa, no meu coração.

(reflexão:paróquia NªSªRosário)

1 de novembro de 2007

Dia de todos os Santos



A festa do dia de Todos-os-Santos é celebrada em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não. A Igreja Católica celebra a Festum omnium sanctorum a 1 de novembro seguido do dia dos fiéis defuntos a 2 de novembro. A Igreja Ortodoxa celebra esta festividade no primeiro domingo depois do Pentecostes, fechando a época litúrgica da Páscoa. Na Igreja Luterana o dia é celebrado principalmente para lembrar que todas as pessoas batizadas são santas e também aquelas pessoas que faleceram no ano que passou.

História
O dia de todos os santos com o objetivo de suprir quaisquer faltas dos fiéis em recordar os santos nas celebrações das festas ao longo do ano. Esta tradição de recordar (fazer memória) os santos está na origem da composição do calendário litúrgico, em que constavam inicialmente as datas de aniversário da morte dos cristãos martirizados como testemunho pela sua fé, realizando-se nelas orações, missas e vigílias, habitualmente no mesmo local ou nas imediações de onde foram mortos, como acontecia em redor do Coliseu de Roma. Posteriormente tornou-se habitual erigirem-se igrejas e basílicas dedicadas em sua memória nesses mesmos locais.
O desenvolvimento da celebração conjunta de vários mártires, no mesmo dia e lugar, deveu-se ao facto frequente do martírio de grupos inteiros de cristãos e também devido ao intercâmbio e partilha das festividades entre as dioceses/paroquias por onde tinham passado e se tornaram conhecidos. A partir da perseguição de Diocleciano o número de mártires era tão grande que se tornou impossível designar um dia do ano separado para cada um. O primeiro registo (Século IV) de um dia comum para a celebração de todos eles aconteceu em Antioquia, no domingo seguinte ao de Pentecostes, tradição que se mantém nas igrejas orientais.
Com o avançar do tempo, mais homens e mulheres se sucederam como exemplos de santidade e foram com estas honras reconhecidos e divulgados por todo o mundo. Inicialmente apenas mártires (com a inclusão de São João Baptista), depressa se deu grande relevo a cristãos considerados heróicos nas suas virtudes, apesar de não terem sido mortos. O sentido do martírio que os cristãos respeitam alarga-se ao da entrega de toda a vida a Deus e assim a designação "todos os santos" visa celebrar conjuntamente todos os cristãos que se encontram na glória de Deus, tenham ou não sido canonizados (processo regularizado, iniciado no Século V, para o apuramento da heroicidade de vida cristã de alguém aclamado pelo povo e através do qual pode ser chamado universalmente de beato ou santo, e pelo qual se institui um dia e o tipo e lugar para as celebrações, normalmente com referência especial na missa).

Intenção catequética da festividade
Segundo o ensinamento da Igreja, a intenção catequética desta celebração que tem lugar em todo o mundo, ressalta o chamamento de Cristo a cada pessoa para o seguir e ser santo, à imagem de Deus, a imagem em que foi originalmente criada e para a qual deve continuar a caminhar em amor. Isto não só faz ver que existem santos vivos (não apenas os do passado) e que cada pessoa o pode ser, mas sobretudo faz entender que são inúmeros os potenciais santos que não são conhecidos, mas que da mesma forma que os canonizados igualmente vêem Deus face a face, têm plena felicidade e intercedem por nós. O Papa João Paulo II foi um grande impulsionador da "vocação universal à santidade", tema renovado com grande ênfase no Segundo Concílio do Vaticano.



Origem: Wikipédia

29 de outubro de 2007

O fariseu e o publicano


A perfeição não justifica nem salva o homem. É Jesus que no diz na parábola do fariseu e do publicano que vão ao templo para rezar. Esta pequena parábola teve o efeito demolidor para a sociedade religiosa judaica, porque nela Jesus coloca tudo de pernas para o ar, inverte toda a concepção de justificação e salvação tranquilamente aceita por todos, em todos os segmentos sociais. Todos estavam convictos de que as pessoas agradáveis a Deus, que estavam justificadas, eram os fariseus, fanáticos cumpridores da lei. Jesus afirma o oposto, esse homem não saiu do templo justificado. Sua pretensa perfeição no cumprimento da lei, o leva a um grande orgulho "não sou como os demais homens", ao desprezo dos outros, ao fechamento do coração para o amor, a prescindir de Deus, a pensar que se salva pelo próprio esforço, a exigir recompensa de Deus, Jesus afirma sem rodeios, tal homem não está justificado, a perfeição não justifica o homem.
O publicano sim, sai do templo justificado, está a caminho da salvação. O publicano capitula diante de Deus: reconheceu seu pecado e sua condição de pecador, reconhece sua incapacidade de salvar-se por si mesmo, abre-se para um outro, abre-se para Deus de quem espera o perdão e a salvação.

Esta humildade é a porta de abertura para sair de um mundo enclausurado em si mesmo, um mundo auto-suficiente e tenebroso, onde tudo gira em torno do próprio eu, onde não há lugar para o Outro e os outros, onde não há salvação possível.

21 de outubro de 2007

"E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos?"


Após o episódio do leproso samaritano, curado por Jesus, e que voltou para lhe agradecer, o texto deste domingo propõe um dos assuntos mais predilectos de S. Lucas, a oração. Com a parábola do juiz iníquo e da viúva que clama por justiça, pretende sublinhar-se que a oração deve caracterizar a vida do crente em todo o tempo da espera. É preciso ambientar a parábola no contexto oriental do tempo de Jesus, em que o juiz tinha maior liberdade de iniciativa e de julgamento do que nos sistemas judiciais modernos. A viúva representa bem uma pobre do povo que, em caso de necessidade, tem como único recurso a sua palavra ousada e insistente. Fosse ela rica e poderia ver o seu caso facilmente despachado à custa de presentes que influenciariam o juiz ou, pelo menos, antecipariam a sentença.. À parábola segue-se o comentário de Jesus ("o Senhor"), que se apoia directamente nas palavras ditas pelo juiz ("vou fazer-lhe justiça"). Também Deus fará justiça aos seus eleitos mas, diferentemente do juiz iníquo, não os fará esperar. Pode chocar nesta parábola que a figura humana que representa Deus seja uma pessoa (o juiz) moralmente censurável. Mas o aspecto do seu comportamento que é tomado como termo de semelhança é apenas a resposta positiva, provocada pela insistência da mulher.

(Voz Portucalense 10/10/2007)

9 de outubro de 2007

Novos catecismos






Depois de alguns anos de espera, eis que os novos catecismos vão começando a surgir. Depois da experiência do catecismo do 9º, este ano foi publicado o 10º, 8º, e 7º, prevendo-se para breve a publicação do catecismo do 1º ano.

Estes novos catecismos poderão ser o ponto de partida para colocarmos mais entusiasmo e mais alegria na preparação de todos aqueles que nos são confiados.

São ferramenta necessária para ajudar os catequistas a fazerem catequese, mas o êxito da catequese não passa apenas por ter na nossa mão, uns novos guias é também fundamental uma boa renovação da formação humana e cristã dos catequistas.

“Catequese que não é renovada envelhece como uma peça de museu. A oração, o estudo e meditação são as molas dessa renovação.”

29 de setembro de 2007

São Miguel, São Gabriel e São Rafael

Hoje celebramos a festa dos três Arcanjos São Miguel, São Gabriel, São Rafael. Da existência destes anjos fala explicitamente a Sagrada Escritura, que lhes dá nome e lhes determina a função.
"Miguel" que significa: "Quem como Deus" é o defensor do Povo de Deus no tempo da angústia. São Miguel, o antigo padroeiro da Sinagoga, é agora o padroeiro da Igreja universal;São Miguel em particular, foi cultuado desde os primeiros séculos de história do cristianismo. O imperador Constantino erigiu-lhe um santuário nas margens do Bósforo, em terra européia, enquanto Justiniano construiu-lhe um no lado oposto. A data de 29 de Setembro corresponde à da consagração da Igreja dedicada no século V a São Miguel, a seis milhas da via Salária. A festividade é muito difundida no Ocidente e no Oriente. Em Roma foi-lhe dedicado o célebre mausoléu de Adriano, agora conhecido com o nome de Castelo de Santo Ângelo. A São Miguel é dedicado o antigo santuário, surgido no século VI, que do monte Galgano, na Púglia, domina o mar Adriático. Nas proximidades desta Igreja, a 8 de Maio de 663, os longobardos obtiveram vitória, atribuída a uma aparição do anjo. deu origem a segunda festa, transferida depois para 29 de Setembro.

"Gabriel " - que significa "Deus é forte" ou "aquele que está na presença de Deus", São Gabriel é o anjo da encarnação e talvez o da agonia do jardim das oliveiras. É ele que anuncia o nascimento de João Batista e de Jesus. São Gabriel, "aquele que esta diante de Deus" (é seu "cartão de visita", quando vai anunciar a Maria a sua escolha para Mãe do Redentor), é o anunciador por excelência das revelações divinas. É ele que explica ao profeta Daniel como se dará a plena restauração, da volta do exílio ao advento do Messias. A ele é confiado o encargo de anunciar o nascimento do Precursor; João, filho de Zacarias e de Isabel. A missão mais alta que nunca foi confiada à criatura alguma é ainda sua: anunciar a Encarnação do Filho de Deus. Ele tem prestígio muito especial até mesmo entre os maometanos.

"Rafael " - que quer dizer " medicina de Deus " ou "Deus cura" - São Rafael é o guia dos viajantes. Foi companheiro de viagem de Tobias. É aquele que cura, que expulsa os demónios. São Rafael é o companheiro de viagem do homem, seu guia e seu protector nas adversidades. São Rafael, falado em um só livro da Sagrada Escritura, é o companheiro do jovem Tobias, e por isso sua função é tida como guia de todos os que viajam. Foi ele que sugeriu ao seu jovem protegido o remédio para a cura da cegueira do pai, por isso é invocado também como curador.

8 de setembro de 2007

XXIII Domingo do Tempo Comum


“Quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens,
não pode ser meu discípulo”


O texto quer salientar que para seguir Jesus é necessário sair do anonimato e comprometer-se em primeira pessoa. S. Lucas quererá, possivelmente, dar uma resposta ao afrouxamento de alguns fiéis que entendiam que bastava pertencer ao grupo dos cristãos para se identificar com o projecto de Jesus. Quais as condições para seguir a Jesus? Em primeiro lugar, o desapego afectivo, completo e imediato: pai, mãe, mulher, filhos, irmãos e irmãs passam para segundo plano. Só Jesus é prioritário. O desapego implica, para além da família e dos bens, a própria vida. Em segundo lugar, a disponibilidade para a cruz e a renúncia de tudo (v. 33). As duas pequenas parábolas ilustram que seguir o Mestre é fruto de decisão ponderada, amadurecida e coerente.. A primeira parábola (v. 28-30) coloca como exemplo a construção de uma torre, que requer avultados recursos e um sério planeamento. Assim é o seguimento de Jesus. A segunda parábola inspira-se na prudência de um rei que, numa situação de guerra, prefere negociar a paz, a fim de evitar a humilhação da derrota com consequências desastrosas para ele e para o seu povo. Assim deve fazer aquele que decide seguir Jesus: realista como o arquitecto e prudente como o rei. Dito por outras palavras: evitar as ilusões fáceis, dado que não basta a boa vontade para ser cristão, e ser suficientemente sábio, a ponto de poder enfrentar os riscos que tal compromisso comporta. Ser cristão comporta “decisões” e “riscos” que determinam toda a vida de quem faz essa opção.

(Voz Portucalense /online)

28 de julho de 2007

"Ensina-nos a orar"


O Evangelho deste domingo dá-nos um ensinamento claro de Jesus sobre a oração. Jesus é o homem orante. Como ele, também seus seguidores são chamados a serem homens e mulheres orantes. A oração constitui um dos elementos essenciais da vida cristã e do seguimento de Cristo.


Como outrora aos discípulos, hoje Jesus ensina-nos a oração da vida, no diálogo permanente com o Pai. Na oração, expressam-se nossas relações e preocupações fundamentais. "Quando rezarem, digam: 'Pai'...". Para Jesus, a oração do discípulo é expressão da relação filial com o Pai, do acolhimento de sua vontade e do compromisso com seu Reino; é expressão da súplica e da busca comunitária do alimento quotidiano (O pão nosso de cada dia). É expressão, também, de relações fraternas e solidárias, sabendo perdoar e acolher o perdão, jamais cedendo à tentação do mal, deixando-se seduzir pelo poder, pela corrupção, pela injustiça e pela auto-suficiência.


A oração deve ser persistente, na certeza de que Deus a atenderá. Não cabe ao orante determinar a forma de como Deus vai atendê-lo.

Ela exprime a filial confiança: o Pai atenderá quem lhe suplicar, humilde e confiantemente, o dom do Espírito Santo.

22 de julho de 2007

Marta e Maria



Este episódio situa-nos numa aldeia não identificada, em casa de duas irmãs (Marta e Maria). Estas duas irmãs são, provavelmente, as mesmas Marta e Maria, irmãs de Lázaro, referidas em Jo 11,1-40 e Jo 12,1-3. Se assim for, a acção passa-se em Betânia, uma pequena aldeia situada na encosta oriental do Monte das Oliveiras, a cerca de 3 quilómetros de Jerusalém. Continuamos, de qualquer forma, a percorrer esse “caminho de Jerusalém”, durante o qual Jesus vai revelando aos seus discípulos os projectos do Pai e os vai preparando para o testemunho do Reino.

Estamos no contexto de um banquete. Não se diz se havia muitos ou poucos convidados; o que se diz é que uma das irmãs (Marta) andava atarefada “com muito serviço” (v. 40), enquanto a outra (Maria) “sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua Palavra” (v. 39). Marta, naturalmente, não se conformou com a situação e queixou-se a Jesus pela indiferença da irmã. A resposta de Jesus (vs. 41-42) constitui o centro do relato e dá-nos o sentido da catequese que, com este episódio, Lucas nos quer apresentar: a Palavra de Jesus deve estar acima de qualquer outro interesse.


Há, neste texto, um pormenor que é preciso pôr em relevo. Diz respeito à “posição” de Maria: “sentada aos pés de Jesus”. É a posição típica de um discípulo diante do seu mestre (cf. Lc 8,35; Act 22,3). É uma situação surpreendente, num contexto sociológico em que as mulheres tinham um estatuto de subalternidade e viam limitados alguns dos seus direitos religiosos e sociais; por isso, nenhum “rabbi” da época se dignava aceitar uma mulher no grupo dos discípulos que se sentavam aos seus pés para escutar as suas lições. Lucas (que, na sua obra, procura dizer que Jesus veio libertar e salvar os que eram oprimidos e escravizados, nomeadamente as mulheres) mostra, neste episódio, que Jesus não faz qualquer discriminação: o facto decisivo para ser seu discípulo é estar disposto a escutar a sua Palavra.


Muitas vezes, este episódio foi lido à luz da oposição entre acção e contemplação; no entanto, não é bem isso que aqui está em causa… Lucas não está, nesta catequese, a explicar que a vida contemplativa é superior à vida activa; está é a dizer que a escuta da Palavra de Jesus é o mais importante para a vida do crente, pois é o ponto de partida da caminhada da fé. Isto não significa que o “fazer coisas”, que o “servir os irmãos” não seja importante; mas significa que tudo deve partir da escuta da Palavra, pois é a escuta da Palavra que nos projecta para os outros e nos faz perceber o que Deus espera de nós.


Estamos no mundo para servir e ajudar o próximo. Até mesmo um diálogo pode promover a pessoa humana. Maria escolheu a melhor parte porque dialogava com Jesus e aprendia sobre o Caminho, a Verdade e a Vida. Quem está com Deus sabe por onde andar e como usar de seus dons. Coloquemo-nos sempre à disposição do próximo, mesmo que esta seja apenas para ouvir o irmão ou a irmã. Celebremos a unidade de todos em Cristo Jesus, criando a fraternidade cristã que vai além da raça e da cor. Que todos se sintam irmãos e irmãs em torno da mesa do Senhor!

14 de julho de 2007

O Bom Samaritano


A parábola do bom Samaritano denuncia a traição quotidiana do amor em nome de muitas e ‘sérias razões’: “não é comigo”, “não tenho tempo”… Esta traição deu-se no passado e continua no presente: «ver e passar ao lado», «seguir adiante», faz parte do nosso quotidiano!

Foi um excomungado que se mostrou sensível ao drama do ferido e fez o que era preciso: parou, não perguntou pela identidade, mas deixou que falasse o coração, e este sugeriu-lhe o comportamento acertado; ao contrário do doutor da Lei que pretendia um serviço ao próximo bem controlado.

Nos gestos do Samaritano há toda uma liturgia da misericórdia divina, uma irrupção do amor, feita de atenção, delicadeza e improvisação, porque o inesperado faz parte da vida; e, fez ali o que podia. A intuição do amor levou-o aos primeiros gestos de compaixão.


Temos de reconhecer, humildemente, que, “ocupados em coisas importantes” e “compromissos urgentes”, muitas vezes arrumamos a questão com um “não é assunto que me diga respeito” ou simplesmente, “evitamos as ocasiões”: tudo somado, não fizemos melhor que o sacerdote e o levita. Mas o exemplo do samaritano não nos dá descanso: é uma provocação permanente ao nosso egoísmo e um convite insistente ao compromisso com quem precisa de nós.
(adap. texto P. Manuel Armindo Pereira Janeiro)

29 de junho de 2007

Festa S.Pedro e S.Paulo


Tão distante como o século quarto se celebrava uma festa em memória dos Santos Pedro e Paulo no mesmo dia, ainda que o dia não fosse o mesmo no Oriente e em Roma. O Martirológio Sírio de finais do século quarto, que é um extrato e um Catálogo Grego de santos da Ásia Menor, indica as seguintes festas em conexão com o Natal (25 de dezembro): 26 de dezembro Santo Estêvão, 27 de dezembro São Tiago e São João; 28 de dezembro São Pedro e São Paulo.
A festa principal dos Santos Pedro e Paulo foi mantida em Roma em 29 de junho desde o século terceiro ou quarto.
A data 258 nas notas revela que a partir desse ano se celebrava a memória dos dois Apóstolos em 29 de junho na Via Apia ad Catacumbas (perto de São Sebastião fuori le mura), pois nesta data os restos dos Apóstolos foram trasladados para o local descrito acima. Mais tarde, talvez com a construção da Igreja sobre as tumbas no Vaticano e na Via Ostiensi, os restos foram restituídos a seu anterior descanso: os de Pedro na Basílica Vaticana e os de Paulo na Igreja na Via Ostiensi.
No local Ad Catacumbas foi construído, tão longínquo como no século IV, uma igreja em honra aos dois Apóstolos. Desde o ano 258 guardou-se a festa principal em 29 de junho, data em que desde tempos antigos celebrava-se os Serviço Divino solene

Solenidade de S.Pedro e S.Paulo

São Pedro
Antes de se tornar um dos doze discípulos de Cristo, Simão Pedro era pescador. Teria nascido em Betsaid e morava em Cafarnaum. Segundo o relato no S.Lucas 5:1-11, Pedro terá conhecido Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas, de forma a poder pregar a uma multidão de gente que o queria ouvir. Pedro, que estava a lavar redes com São Tiago e João, seus sócios, concedeu-lhe o lugar na barca que foi afastada um pouco da margem. No final da pregação, Jesus disse a Simão Pedro que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas. Pedro diz-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma pescaria de tal monta que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da barca dos seus dois sócios, que também quase se afundava puxando os peixes. Numa atitude de humildade e espanto Pedro prosta-se perante Jesus e diz para que se afaste dele, já que é um pecador. Jesus encoraja-o, então, a segui-lo, dizendo que o tornará "pescador de homens".
De acordo com os Evangelhos, Simão foi o primeiro dos discípulos a professar a fé de que Jesus era o filho de Deus. É esse acontecimento que leva Jesus a chamá-lo de Pedro - a pedra basilar da nova crença. Encontramos o relato do evento no S. Marcos16:13-23: Jesus terá perguntado aos seus discípulos (depois de se informar do que sobre ele corria entre o povo): "E vós, quem pensais que sou eu?"; ao que Pedro respondeu "És o Cristo, Filho de Deus vivo". Jesus ter-lhe-á dito, então: "Simão, filho de Jonas, és um homem abençoado! Pois isso não te foi revelado por nenhum homem, mas pelo meu Pai, que está no céu. Por isso te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e o poder da morte não poderá mais vencê-la. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu, e o que ligares na terra será ligado no céu, e o que desligares na terra será desligado no céu". É por esta razão que São Pedro é, geralmente representado com chaves na mão e a tradição apresenta-o como porteiro do Paraiso.


São Paulo
O seu duplo nome, Saulo (nome judeu) e Paulo (nome grego) indica que pertence a estas duas civilizações: judeu por ter nascido no seio de uma família de pura raça judaica e cidadania romana por nascimento. Nasceu em Tarso, na Cilícia (Act.21,39), entre o ano 5 e o ano 15d.C. A sua família é tribo judaica Benjamim. Sendo fariseu, é circuncidado ao oitavo dia e educado na mais estrita observância (Fil3,5). Estuda em Jerusalém «aos pés de Gamaliel», o mais célebre doutor da Lei. Recebe a cidadania romana, fala correctamente a língua grega, conhece os modos do pensamento grego e os autores que o cultivam. É um homem de estatura um tanto baixa, pernas arqueadas, calvo, nariz adunco. Aprende ainda novo o ofício de tecelão de tendas que era muito divulgado em Tarso.
No princípio, foi perseguidor implacável da jovem igreja cristã e esteve presente no assassínio de Estevão. Teve uma conversão súbita a caminho de Damasco, devido à aparição de Jesus Ressuscitado, que ao lhe manifestar a verdadeira fé cristã, indicou-lhe sua missão especial de Apóstolo dos gentios(Act.9,3-19; Gl.1,12.15s; Ef.3,2s). A partir deste momento (cerca do ano 36), ele vai dedicar toda a sua vida ao serviço de Cristo.

23 de junho de 2007

Solenidade de São João Baptista

E foi habitar no deserto até ao dia em que se manifestou a Israel

João Baptista é-nos apresentado como o precursor de Jesus, os quatro evangelhos citam o profeta Isaías «Uma voz clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor, e endireitai as suas veredas» (Is.40,3) para nos apresentar João Baptista como alguém eleito por Deus para anunciar a vinda do Messias. João é a linha divisória entre o Antigo e o Novo Testamento. Ele personifica o antigo e o anúncio do novo. João era filho de Zacarias, sacerdote que servia no templo de Jerusalém, Isabel sua mãe era descendente de Aarão (Lc.1,5), eram um casal idoso que não tinha filhos. A história do nascimento de João é narrada apenas por Lucas. Em Lucas do capítulo 1,5 até ao capítulo 2,35, podemos ver como o evangelista nos vai alternando a narração referente a João e a Jesus, desde o Anúncio do nascimento até à circuncisão e apresentação no Templo.

17 de junho de 2007

A misericórdia de Deus

"São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou"
Lc.7, 36 - 8,3

No Evangelho, Jesus vai jantar na casa de um fariseu e é surpreendido com o gesto de uma mulher que se prostra a seus pés, banha-os com suas lágrimas, seca-os com os cabelos, beija-os e unge-os com perfume. O fariseu desaprova a atitude da mulher e de Jesus, que se deixou tocar por uma pecadora. Jesus percebe isso e aproveita para mostrar que quem alcança a misericórdia de Deus é aquele que se reconhece pequeno e fraco diante do Pai e que se deixa envolver pela sua bondade. Os critérios de Jesus são diferentes do fariseu. Para Ele, a força do amor é maior que o peso do pecado. O perdão e o amor abrem um novo caminho para a mulher viver uma vida nova. Ninguém está livre de grandes erros, mas sempre é possível reencontrar o caminho da salvação. Para isso, é preciso, em primeiro lugar, reconhecer-se pecador, sujeito a falhar na fidelidade para com Deus. Brota desse reconhecimento a necessidade de confiar na misericórdia divina, sentindo-nos acolhidos e perdoados pelo Pai.


Hoje é o Domingo da misericórdia de Deus.

10 de junho de 2007

O filho da viúva de Naim


O filho da viúva de Naim – Luc. 7:11-17

Este milagre é descrito apenas por Lucas. Naim era uma aldeia a uns 10 quilômetros de Nazaré. O texto diz que "o Senhor Se compadeceu" da viúva. A maior tragédia que podia ocorrer a uma viúva era perder o único filho. Jesus não pediu à viùva qualquer prova de fé, nem a qualquer pessoa da multidão que acompanhava o enterro.
A ordem de Jesus foi apenas: "jovem, levanta-te"; o jovem passou a falar e todos reconheceram que Deus visitou o seu povo e glorificavam a Deus.

6 de junho de 2007

Solenidade do Corpo de Deus



História da Solenidade do Corpo de Deus
A Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo, conhecida popularmente como "Corpo de Deus", começou a ser celebrada há mais de sete séculos e meio, em 1246, na cidade belga de Liège, tendo sido alargada à Igreja universal pelo Papa Urbano IV através da bula "Transiturus", em 1264, dotando-a de missa e ofício próprios.
Teria chegado a Portugal provavelmente nos finais do século XIII e tomou a denominação de Festa de Corpo de Deus, embora o mistério e a festa da Eucaristia seja o Corpo de Cristo. Esta exultação popular à Eucaristia é manifestada no 60° dia após a Páscoa e forçosamente uma Quinta-feira, fazendo assim a união íntima com a Última Ceia de Quinta-feira Santa.
Em 1311 e em 1317 foi novamente recomendada pelo Concílio de Vienne (França) e pelo Papa João XXII, respectivamente. Nos primeiros séculos, a Eucaristia era adorada publicamente, mas só durante o tempo da missa e da comunhão. A conservação da hóstia consagrada fora prevista, originalmente, para levar a comunhão aos doentes e ausentes.
Só durante a Idade Média se regista, no Ocidente, um culto dirigido mais deliberadamente à presença eucarística, dando maior relevo à adoração. No século XII é introduzido um novo rito na celebração da Missa: a elevação da hóstia consagrada, no momento da consagração. No século XIII, a adoração da hóstia desenvolve-se fora da missa e aumenta a afluência popular à procissão do Santíssimo Sacramento. A procissão do Corpo e Sangue de Cristo é, neste contexto, a última da série, mas com o passar dos anos tornou-se a mais importante.
Do desejo primitivo de "ver a hóstia" passou-se para uma festa da realeza de Cristo, na "Chirstianitas" medieval, em que a presença do Senhor bendiz a cidade e os homens.
A "comemoração mais célebre e solene do Sacramento memorial da Missa" (Urbano IV) recebeu várias denominações ao longo dos séculos: festa do Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo; festa da Eucaristia; festa do Corpo de Cristo. Hoje denomina-se solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, tendo desaparecido a festa litúrgica do "Preciosíssimo Sangue", a 1 de Julho.
A procissão com o Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que "onde, a juízo do Bispo diocesano, for possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo" (cân 944, §1).
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2 de junho de 2007

Mistério Santíssima Trindade


Interiorização do Mistério da SSma.Trindade
Jesus Cristo é o Filho unigénito do Pai, habitado pelo Espírito Santo. Ele é o lugar da SSma.Trindade.
O cristão «nascido da água e do Espírito Santo, no Baptismo» (Jo.3,5) e movido pela «força do Espírito Santo» (Act.1,8), recebida no sacramento do Crisma, é outro «Cristo». Somos «filhos movidos pela força do Espírito Santo, que nos faz, templos do Pai» (1Cor.3,16)
Se vivêssemos a nossa vocação de «filhos de Deus», os homens descobririam em nós o que descobriam em Jesus Cristo: a presença de Deus.
Os cristãos não vivem esta sua vocação de «lugares da SSma. Trindade», porque não rezam, como o Senhor ensinou. E o que é rezar como o Senhor ensinou? É entrar no Mistério da SSma. Trindade.
Quase todos imaginamos a oração, como «saída» de si (de casa), para participar em actos de culto. Imaginamos as pessoas que vão ao encontro de Deus, quando vão à Catequese, `aula de Religião e Moral, ao grupo de Oração, ao Terço, à Missa, à Comunhão ou a um lugar de devoção. Estamos assim a procurar Deus, fora de nós, quando o devíamos procurar dentro de nós, porque, como diz Lucas: «O Reino de Deus está dentro de vós» (Lc.17,21).
Adorar a Deus em espírito e em verdade é entrar cada um dentro de si, ou, melhor ainda, entrar cada um dentro de Deus.
«Quando orares, entra no teu quarto e reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, recompensar-te-à»(Mt.6,6). É como quem diz: entra em ti e encontrarás aquele que está dentro de ti.
Rezar «em espírito e verdade» é entrar cada um dentro d si ou dentro de Deus, para escutar o que Deus lhe pede, através dos «gemidos inefáveis do Espírito Santo, que vem em nossa ajuda, para pedirmos ao Pai o que devemos»(Rom.8,26-27)
Rezar «em espírito e verdade» é entrar em comunhão com a SSma Trindade: movidos pelo Espírito de Jesus - Espírito Santo – é entrar como filhos, no Pai, que é o «templo», onde se deve adorar.
Rezar é saborear o que é «Cristo estar em nós e nós nele» (Jo.14,20); e, como filhos no Filho, saborear o que é «estar no Pai e o Pai em nós»(Jo.14,11)
Rezar é entrar na intimidade da SSma.Trindade, porque habitados pelo Espírito Santo – o Espírito do Pai e do Filho - «deixamos de ser servos, para sermos amigos íntimos de Jesus, que nos deu e dá a conhecer tudo o que ouviu ao Pai»(Jo.15,15)
Rezar não é sair fora de si, para procurar Deus. Rezar é entrar em si e em Deus, mesmo quando saímos de casa para ir à Catequese, à Missa, ao Terço,… «Deixa Deus entrar!»

31 de maio de 2007

Visitação da Virgem Maria


Maio mês de Maria, por isso foi escolhido para ser das noivas e das mães, também. E concluímos o mês com a solenidade da Visitação que de maneira particular nos oferece, um motivo de meditação bastante significativo: o reconhecimento de Maria o modelo da Igreja que, com as obras de misericórdia e de caridade, traz ao mundo a paz de Cristo Salvador.Este dia nos reporta ao que a Santa Virgem que, trazendo em si mesma o Verbo que se fez homem, vai ajudar a idosa prima, que está prestes a dar à luz. Dia este, que se passou há mais de dois milénios e que se perpetuou pelos séculos. Da Anunciação do Arcanjo Gabriel e da Visitação de Maria a sua prima Isabel, nasceu a oração mais popular entre os cristãos depois do Pai Nosso, a Ave Maria. Essa oração tornou-se expressão de saudação e louvor nas horas de alegria, além de pedido de socorro e graça nas horas de aflição e angustia, para todos os católicos do mundo que são acolhidos indistintamente pela Virgem Mãe.

Maria, que acabara de ser informada de forma extraordinária de que daria à luz o Filho de Deus, ficou sabendo também que a prima enfim engravidara, após muitos anos de pedidos e espera, e para sua casa se dirigiu, para lhe contar a novidade. Ao chegar lá, foi homenageada por Isabel.

Seguindo provavelmente uma caravana de peregrinos Maria saiu de Nazaré e andou cerca de cem quilómetros pela região rochosa do centro da Palestina, até chegar a Judá, a quinze quilómetros de Jerusalém, onde vivia Isabel. Lá chegando, a prima viu-se tomada pelo Espírito Santo depois que a criança estremeceu dentro de si, e pronunciou as conhecidas palavras: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre".Maria ficou com a prima por três meses e o resto é uma história que faz parte da vida e do coração de cada um de nós. Na Visitação de Maria manifesta-se a paterna bondade de Deus, que não abandona o seu povo; pelo contrário, cuida dos mais pequeninos e dos excluídos. Na sua grande misericórdia, Deus visitou e redimiu o seu povo!

A festa da Visitação foi instituída em 1389 pelo Papa Urbano VI para propiciar com a intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente. O actual calendário litúrgico deixou de lado a sequência cronológica dos acontecimentos bíblicos e escolheu o último dia do mês de Maio, justamente porque que ele foi especialmente consagrado pela devoção popular como o mês de Maria.


30 de maio de 2007

Os dons do Espírito Santo


O Espírito Santo confirma-nos com os seus sete dons. Os sete dons exprimem o simbolismo da plenitude do Espírito Santo e também a plenitude da experiência espiritual. O Espírito Santo confirma-nos com os seus dons para nos configurar a Cristo, ao seu mistério, em ordem a acolher e a testemunhar a salvação pascal e em ordem a inserir-nos de um modo mais profundo também no mistério da pertença à Igreja e da participação nela. É nesta perspectiva que devem ser vistos os chamados “dons do Espírito Santo”: não enquanto “exclusivos” da Confirmação, porque o Espírito Santo age mesmo fora deste sacramento, mas devem ser vistos dentro da perspectiva do mistério da nossa iniciação e inserção em Cristo e na Igreja.Vejamos cada um dos sete dons:

SABEDORIA (SAPIÊNCIA): é o dom de experimentar o sabor, o gosto “conatural” da vida de Deus, da sua vontade (bondade) amorosa, das realidades divinas e a alegria de servir o seu Espírito. A sabedoria das coisas vividas em Deus não resulta de nenhum esforço cerebral mas é dom do Espírito. Os simples «sabem» mais de Deus que os inteligentes...

ENTENDIMENTO (INTELIGÊNCIA): é o dom de compreender e penetrar a Palavra de Deus e alcançar o mistério do amor proclamado, que é Jesus Cristo, e ainda o dom de o actualizar. Trata-se do conhecimento íntimo de Jesus Cristo como mistério de Deus, Não só o conhecimento do Cristo histórico mas trata-se do “ser com Cristo” e da nossa vocação baptismal cristã. Este dom permite o descernimento da presença de Deus...Entender os apelos de Deus não é uma questão de superioridade intelectual, mas dom do Espírito àqueles que humildemente procuram a Deus...

CONSELHO: é o dom do discernimento da vontade amorosa de Deus na vida concreta, dos seus apelos nas várias situações e acontecimentos da vida e do mundo, da descoberta dos valores evangélicos, de modo a viver uma vida santa e agradável a Deus. É o dom da lucidez da fé para interpretar os acontecimentos.

FORTALEZA: Anima a nossa fidelidade quotidiana. Trata-se do dom da firmeza na opção por Cristo, da fidelidade à identidade cristã, da força para o “confessar” e anunciar, para crescer na comunhão com Ele e na esperança nEle. Trata-se também de um dinamismo de crescimento e de esperança em Jesus Cristo. Perserverar no caminho da fé não é uma questão de temperamento forte mas um dom àqueles que procuram e encontram em Deus a sua força...

CIÊNCIA (CONHECIMENTO): Trata-se do conhecimento da verdade e do erro. O Espírito de Deus dá-nos aquilo que a linguagem teológica se chama «sensus fidei», uma espécie de «sexto sentido» da fé. Trata-se da ciência comum da vida cristã em ordem a «ler» a vida e a valorá-la à luz da Palavra de Deus. Faz a ligação entre a fé e a Vida.

PIEDADE: É o dom da relação confidente e de confiança alegre com Deus e de uma relação fraterna com os irmãos. O Espírito é Aquele que reza em nós, Aquele que nos dá a experiência da filiação divina. Ele testemunha interiormente em nós e cria em nós aquela «co-naturalidade» (à vontade) da relação filial com Deus e ao mesmo tempo é Aquele que realiza a comunhão entre nós.

TEMOR DE DEUS: Trata-se da nossa dependência criatural, da nossa adoração de Deus e também das nossas limitações e das nossas fraquezas perante a santidade e a transcendência de Deus. Isto suscita no crente o desejo de uma conversão constante e permanente.

27 de maio de 2007

Sacramento da Confirmação


Oremos por todos os que hoje recebem o Sacramento da Confirmação, em especial da nossa Diocese do Porto e de forma particular, os cerca de trinta jovens da nossa paróquia que ao longo de doze anos se foram preparando, para que saibam acolher os dons do Espírito Santo e possam pôr ao serviço da comunidade os carismas que o Espírito Santo lhes confia.