29 de novembro de 2015

Primeiro Domingo Advento


Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas
e, na terra, angústia entre as nações,
aterradas (‘aporía = dificuldade para passar; falta, privação; necessidade, pobreza, apuro, sem meios, sem saída ou caminho que conduz ao nada) com o rugido e a agitação do mar.
Os homens morrerão (os homens perderão o sentido) de pavor,
na expectativa do que vai suceder ao universo,
pois as forças celestes serão abaladas.
Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem,
com grande poder e glória.
Quando estas coisas começarem a acontecer,
erguei-vos e levantai a cabeça,
porque a vossa libertação está próxima.
Tende cuidado convosco,
não suceda que os vossos corações se tornem pesados (Baretwsin = carregado, pesado, fechado; estar pesado de embriagado, insensível)
pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida,
e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra.
Portanto, vigiai e orai (deómenoi = oração; suplica, ligar-se) em todo o tempo (kairw = propício) em todo o tempo,
para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer
e comparecer diante do Filho do homem».


Há que levantar a cabeça para ver mais longe, porque de cabeça caída ficamos fechados e cismados com tudo aquilo que nos aconteceu ou perdemos. Há que levantar a cabeça para conseguir ver um futuro inaudito. Este implica um coração limpo, leve, nada carregado pelo ideário do consumismo natalício ou pela dureza do negar-se a ver o sem saída de todas as saídas a que normalmente nos propomos. Orar: fazer-se disponível para a todo o momento acolher aquele que nos acolhe, mesmo antes de sabermos que em tudo procuramos uns braços que nos acolham. Oremos para que vivamos sempre ligados aos acontecimentos que semeiam em nós momentos de Primavera permanente (nascimento) (artpinto)

28 de novembro de 2015

Advento


Assim como a Páscoa tem um tempo de preparação, tem também o Natal um tempo litúrgico que o prepara, que recebeu o nome de Advento (=vinda). Como a Quaresma, é então o Advento um tempo forte na Igreja, com acentos litúrgicos especiais. Tem ele duas características, marcadas por dois momentos. O primeiro vai do primeiro domingo do Advento até o dia 16 de dezembro. Neste primeiro momento, a liturgia nos fala da segunda vinda do Senhor no fim dos tempos, a chamada escatologia cristã, aí presentes os temas do julgamento final, da vigilância, da missão de João Batista etc.. Costuma-se chamar esse primeiro momento de Advento escatológico. Já o segundo momento vai do dia 17 ao dia 24 de dezembro. É como que a "semana santa" do Natal. Nesse período, conhecido também como advento natalício, a liturgia vai nos falar mais diretamente da primeira vinda do Senhor, no Natal, tendo aí presente sempre a Virgem Maria.

No Advento temos quatro domingos, o terceiro chamado "Gaudete", isto é, domingo da alegria, já por ele como que antecipando as alegrias do Natal. Nesse domingo, a antífona de entrada, tomada de Fl 4,4-5, vai dizer: “Alegrai-vos, o Senhor está perto”. Além disso, no Ano B, a segunda leitura (1Ts 5,16-24) é uma exortação à alegria e à ação de graças, e, no Ano C, a segunda leitura vai ser o próprio texto de Fl 4,4-7. A cor litúrgica do domingo “Gaudete” pode ser o rosa.
Podemos dizer que os quatro domingos do Advento simbolizam os quatro grandes períodos em que Deus preparou a humanidade, de maneira progressiva, para a grande obra da redenção em Cristo. Esses quatro períodos são: 1º) O tempo que vai de Adão a Noé - 2º) O tempo de Noé a Abraão - 3º) O tempo de Abraão a Moisés - e 4º) O tempo que vai de Moisés a Cristo. Com Abraão começa, historicamente, a caminhada da salvação (Cf. Gn 12).

Os quatro domingos simbolizam também as quatro estações do ano solar e as quatro semanas do mês lunar. Aqui se pode ver a harmonia entre tempo histórico e tempo cósmico, principalmente quando vistos à luz do tempo litúrgico. Também a coroa do Advento, ou grinalda, em sua forma circular, com suas quatro velas, quer chamar nossa atenção, já no início do Ano Litúrgico, para o mistério de Deus que nele vamos celebrar. A cor verde dos ramos da coroa (pinheiro, principalmente), fala do mistério cristão, que nunca perde o seu verdor, e simboliza então a esperança e a vida eterna. No simbolismo das velas podemos ver não um sentido quantitativo da luz, mas o crescendo de sua intensidade, à medida que se aproxima o Natal. Por isso não são acesas já as quatro velas desde o início do Advento, mas no primeiro domingo acende-se uma; no segundo, duas; no terceiro, três; e no quarto domingo, quatro.

Três personagens bíblicos marcam o tempo do Advento, como se vê pelos textos bíblicos da liturgia. São eles: o profeta Isaías, São João Batista e a Virgem Mãe de Deus. Não é o Advento tempo penitencial, no sentido próprio e litúrgico, mas tempo de vigilância, de expectativa, de moderação, de sobriedade e de esperança. Por isso, a cor roxa não é muito apropriada para o Advento, podendo ser substituída pelo azul claro ou violeta, por exemplo, mas entendendo que a cor oficial é o roxo.

Mesmo sem ter uma data fixa de início, todos podem saber, sem dificuldade, quando se inicia o Advento, pois ele tem uma referência: 30 de novembro. Se, porém, 30 de novembro não for domingo, então o Advento começa no domingo mais próximo, na prática o domingo que fica entre os dias 27 de novembro e 3 de dezembro. Não nos esqueçamos de que com o Advento iniciamos não só o ciclo do Natal, mas também o novo Ano Litúrgico.


Nos domingos do Advento canta-se o Aleluia, mas não se canta o Glória. O fato de cantarmos o Aleluia mostra o carácter não penitencial do Advento, carácter que predominou no passado, tendo ressonâncias ainda hoje com a cor roxa, oficial, mas que, ao que tudo indica, será mudado no futuro. Já a omissão do Glória explica-se pelo comentário oficial às Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, quando diz: “no Natal, o canto dos anjos deve ressoar como algo de inteiramente novo”. Se cantássemos então o Glória no Advento, no Natal tal canto não seria novidade.

27 de novembro de 2015

ANO LITÚRGICO e a sua formação



          A formação do Ano Litúrgico foi lenta. O ponto de partida foi a Páscoa que era celebrada todos os domingos, isto é, o "primeiro dia da semana": (At 20,7ss.). Uma vez fixada sua data pascal para celebrá-la com mais solenidade, foram surgindo os dias das festas a ela relacionadas: Ascensão (40 dias após a ressurreição . At 1,5); Pentecostes (50 dias depois da comemoração pascal - Lev 23, 15-16; At 2, 1ss.). Do mesmo modo foram escolhidos os dias para Ramos, Última Ceia, Paixão e Morte de  Jesus. A Quaresma surgiu para dar oportunidade aos catecúmenos de melhor se prepararem para o batismo, na Páscoa.
          Mas existem outros mistérios difíceis de ser precisados no calendário, ligados à vida do Senhor. Por exemplo: a comunidade cristã estava interessada em celebrar o nascimento de Jesus, e os evangelistas não disseram uma palavra a respeito do dia e do ano. Tinham consciência de que não escreviam a biografia do Mestre; então, mais que dados cronológicos, se interessaram pelo mistério do Deus-connosco. Circunstâncias históricas levaram a escolher o dia 25 de dezembro como a data natalícia de Jesus. Na ocasião, os romanos celebravam o solstício do inverno. Para eles, aquela noite começava a ser menos longa. Era a vitória da luz sobre as trevas.     Havia, então, uma festa pagã de Natalis invicti, isto é, do deus -sol que nascia e crescia para impor o domínio da luz. O significado se prestava para a mensagem do Natal: Jesus, o sol da justiça (Mal 4,2 ou 3,20), Jesus, a luz do mundo: Jo 8, 12. Deste modo, a festa pagã foi cristianizada e passou-se a celebrar o nascimento do Senhor no dia 25 de dezembro.
        
Como consequência lógica, é escolhido o dia 25 de março para a Anunciação de Nossa Senhora (Lc 1,26ss.) e outros dias, perto do Natal, para celebrações como: a Maternidade de Maria no primeiro dia do ano, Magos (Mt 2,1ss.) no dia 6 de janeiro, Sagrada Família.
          Mais ou menos da mesma maneira foram sendo escolhidos dias especiais para se comemorar São José, São João Batista e outros Santos.

          Assim foi se formando o atual Ano Litúrgico.



25 de novembro de 2015

Ano Litúrgico





O Ano Litúrgico é o tempo que marca as datas dos acontecimentos da História da Salvação. Não é como o ano civil, que começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro, mas começa no 1º domingo do Advento (preparação para o Natal) e termina no último sábado do tempo comum, que é na véspera do 1º domingo do Advento

O nosso Calendário Litúrgico tem raízes no Hebraico. Influências diversas determinaram celebrações e datas significativas, mobilizando e acrescentando ao vasto substrato cultural pré-Cristão novo simbolismo. À celebração do 'Mistério Pascal', acrescentaram-se festas ideológicas, devocionais e temáticas, bem como algumas celebrações relacionadas com a História da Igreja.
A celebração da Paixão e Ressurreição de Cristo constitui o "coração" do Ano Litúrgico. Este é constituído pelos Ciclos Festivos da Páscoa e do Natal, pelo chamado "Tempo Comum" e pelas outras Solenidades e Festas consagradas ao "Mistério da Redenção".
 A este conjunto dá-se a designação de "Proprium de Tempore" ou Temporale (Temporal). O Calendário dos Santos é chamado Santorale (Santoral), sendo divulgado nestas páginas o Calendário Romano Geral que prevalece sobre os Calendários Diocesanos e Religiosos (Ordens).

Com o aumento gradual do número de celebrações ao longo da História do Calendário Litúrgico, criou-se uma hierarquia através de precedências e 'Oitavas' (semanas festivas) privilegiadas. Hoje, apenas a Páscoa e o Natal têm Oitava. Após o Vaticano II, as Festas dividem-se em 'Solenidades', 'Festas' e 'Memórias' (Obrigatórias e Facultativas). 

Novo Ano Liturgico

22 de novembro de 2015

Para os "sem" REI


Certo dia um rei mandou prender o pintor mais famoso do seu reino. A acusação era simples: o pintor era um mentiroso, porque pintava um reino que não existia. Talvez tivesse sido esta a acusação de Jesus, traduzia para uma linguagem mais simples. Jesus, mais do que pintar um reino impossível, amassou a massa da vida humana com um fermento diferente para todos os corações. O rei que mandará prender o pintor argumentou que nunca tinha encontrado em todo o seu território cores tão rubras como aquelas que o pintor usava nos quadros onde explanava as paisagens do reino. Assim também Pilatos quando pergunta a Jesus pela verdade, porque nunca encontrara nas paisagens humanas o reino que este apresentou nas suas palavras e gestos, em todas as suas vivências.
Há um outro reino a ser edificado e para nós que estamos a crescer entre tanta violência, começa a ser difícil acreditar nessa outra possibilidade. Para nós, que fomos formados para construir o reinado do “eu” com tudo o que é “meu”, parece impossível aceitar o outro que, connosco, fará o reino do “nós”. Há todo um mundo de violência que grita por mais violência, segundo a velha máxima: “ódio gera ódio”. O objetivo último do terror é provocar medo para dividir os corações. Pilatos estava aterrado de medo diante de Jesus, mas principalmente diante dos Judeus, por isso só conhecia as soluções da violência. Jesus coloca-se diante de todos os impérios humanos, políticos, religiosos ou culturais e ideológicos sem medo, Ele nada tem que lhe possam tirar, porque tudo está pronto a dar, até a própria vida, Ele venceu todo o medo com o amor. Diante de Jesus, todos os reinos são dados em julgamento. A sua simplicidade e a Sua humildade fazem dele um homem para estar ao serviço e não para se servir, um rei que se entrega para não perder nenhum dos seus, que vai à cruz para não matar. Jesus é em tudo em Rei diferente, que não falseia nem pinta uma realeza que mais parece um deus para se adorar. Ele não pinta meramente um quadro, deixa-se amassar, toca a realidade e na realidade é amassado pelos diversos acontecimentos. Aqui Ele coloca um fermento novo, o amor. No amor toda a história pode ser amassada e o pão passa a alimentar a liberdade humana com outra possibilidade. A possibilidade de Jesus é a da verdade vivida no amor e a de um amor verdadeiro. Em Jesus há um outro reino, aquele outro do último ser primeiro.
É neste marco geodésico dos poderes humanos que entra o julgamento de Pilatos: tu és ou não rei? Como se reina sem poder? Ou como é possível governar com confiança, mas sem ostentação, sem imprimir medo nos corações? Como se é rei sacrificando-se pelos últimos? Nenhum dos poderes humanos acredita ser possível um rei assim, porque todos, servindo-se do poder, idolatram-se, enquanto Jesus faz do serviço um poder que questiona todos os outros. O verdadeiro poder está na capacidade de se fazer um com os outros, servindo com amor todos aqueles que os poderes humanos esquecem e condenam à miséria. Então há que percorrer as estradas poeirentas onde a humana condição se vê despojada da sua dignidade, fazendo visível a majestade própria de cada pessoa. Jesus sofre a pobreza de um povo miserável e não foge à necessidade de dar uma resposta a cada indigente. Ele sai do palácio das verdades humanas, feito de desculpas e escusas. Só assim, poderá no amor tocar cada um na sua situação e desafia-lo à vida. Ele próprio faz-se caminho de uma outra possibilidade, da possibilidade da felicidade na pobreza de espírito, nas lágrimas que choram a fragilidade das nossas soluções, na paz que se constrói com o perdão, com a mansidão que abre os corações para que sejam limpos de todos os medos que impedem a paz de ser o maior hino dos dias a serem vivos por cada um de nós. Jesus propõe um reino de paz, de quem se sabe amado de verdade e na verdade do perdão que se dá e que se recebe, amassa a história entre as mãos da liberdade e da justiça com o fermento do amor.
A condenação do mundo é óbvia, pois não acredita ser possível viver com verdade. Verdadeiramente, o mundo não vive, não arrisca a verdade, de se apresentar na varanda dos julgamentos e apresentar-se na sua debilidade. Pilatos apresenta Jesus: “eis o homem”, pensando que está a exibir um falso, contudo apenas faz patente a falsidade de todos os poderes que se autoinstituem como salvadores da justiça e da liberdade. Jesus sempre respeitou a liberdade de cada um: “que queres que Eu te faça”; “Mestre, que eu veja”. É verdade Senhor, é isto que Vos peço, que eu veja a justiça acontecer, fazendo-me menos para que cada um dos meus irmãos se saiba amado e nesse amor se liberte de tudo o que o aprisiona à miséria de não viver a sua dignidade de filho muito amado de Deus. Senhor que o vosso reino habite no meu coração e meu seja o reino que faz do pão o alimento para todos nós.( artpinto)

21 de novembro de 2015

Cristo Rei


O Ano Litúrgico da Igreja encerra com a Solenidade de Cristo Rei do Universo.

Cristo Rei foi uma das últimas celebrações instituída pelo Papa Pio XI, na época em que o mundo passava pelo pós-guerra de 1917, marcado pelo fascismo na Itália, pelo nazismo na Alemanha, pelo comunismo na Rússia, pelo marxismo-ateu, pela crise econômica, pelos governos ditatoriais que pairavam por toda a Europa, pela perseguição religiosa, pelo liberalismo e outros que levavam o mundo e o povo a afastar-se de Deus, da religião e da fé

O Papa Pio XI instituiu essa festa para que todas as coisas culminassem na plenitude em Cristo Senhor, simbolizado no que diz o Apocalipse: ”Eu sou o Alfa e o Ômega, Principio e Fim de todas as coisas.” (Ap1, 8) Ressalta a restauração e a reparação universal realizada em Cristo Jesus, Senhor da vida e da história.

Nessa festa, celebra-se também nossa participação no Reino de Deus, sob a condição de aderirmos à verdade trazida por Jesus, pela qual somos peregrinos que se dirigem à Casa do Pai, para participarmos da mesa do Reino e de assumirmos o compromisso do Evangelho.

Com esta solenidade termina o Ano Litúrgico e para nós cristãos faz-nos refletir em torno da vida de Jesus que significa a salvação, porque só Ele é o Rei, só Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

14 de novembro de 2015

A Figueira dará frutos


PARA TODOS OS “SEM”

Um mundo construído por nós e que poderíamos apelidar de “eu” ou “meu”, onde se sustem todo o nosso viver. Este mundo é feito de princípios expansivos e expandimos o “eu” para tudo o que possa ser “meu”. Logo, os outros entram neste mundo pelo sistema fronteiriço da conquista ou da posse. Verdadeiramente, não nos interessam enquanto não interessarem ao nosso mundo. E para o nosso mundo serão deverás importantes, quando importarem ao nosso “eu” um sem fim de possibilidades que o faça sentir em expansão.
Nas leituras deste Domingo escutávamos que o mundo terá um fim. Sim, é verdade, este mundo em que habitamos, que teve um princípio onde tudo começo e terá um fim. Mais importante é o fim para que foi criado e este é o seu fim. O fim será quando vier Miguel com o seu exército de anjos e será um tempo de angústia. Miguel virá para lutar connosco, por nós, contra tudo que em nós não luta por uma vida mais verdadeira, que faça do princípio o seu fim, ou dito de outra forma, mais ao estilo de Jesus, mais comunitária. Ele virá para dar fim ao nosso mundo expansivo e possessivo do “eu” que deseja viver só e só vive assim se no “meu viver”. Há um fim acontecer já, aquele que significa o fim do nosso mundo de sucesso e de comodismo. Este não tem em devida conta todos aqueles que são considerados impróprios para o consumo do nosso “eu” por isso não fazem parte do “meu” mundo.
Há imensa poeira a cobrir a nossa fé e esta poeira não permite que a vivamos com a alegria necessária. O “eu” com o seu instinto possessivo, que tudo quer tomar para si, porque teme tudo o que está fora de si, não tem a alegria necessária para contagiar todos os que o rodeiam, para colocar o seu destino nesse fim tão inoportuno, que é as mãos de Deus e já não em tudo aquilo que pode obter no mundo das suas conquistas. A noite facilmente pode cair sobre o nosso caminho e quando a noite cai, o caminho faz-se difícil e fácil é seguir umas quantas luzes que podem iluminar uns metros, os metros do mundo do “eu”. Tão pequeno e tão frustrante. Quando não permitimos que entre o sol da presença do Senhor, escurece o nosso acontecer, depressa entram as trevas da competição, do ciúme e das rivalidades. Tudo tentamos agarrar para nos segurarmos, mas em tudo experimentando uma insegurança em demasia. A comunidade deixa de ser uma possibilidade, uma mais valia, a família onde encontramos o amor que tantos procuramos que necessitamos de dar. O individualismo entra como fera atroz a corroer todos os laços que nos unem e a fazer entrar o vírus da desconfiança.
Nos dias do Senhor haverá sinais, que serão como sementes, fermento na massa deste mundo, que fará surgir um mundo completamente novo. Neste mundo do “eu” surgirá uma outra possibilidade. Os sinais do dia do Senhor já estão a aparecer. Não vedes? Nada de extraordinário, nada de cataclismos que assustem os corações, apenas sementes que fazem os corações mais disponíveis para abraçar os irmãos. Vê-se sim, na disponibilidade de tantos e tantos para verdadeiramente estarem ao serviço, para verdadeiramente acolherem o seu irmão, o abraçarem e trocarem de destino com ele. Vê-se em cada gesto de perdão, que cria maior explosão nos corações do que a big bang. Este novo mundo fará cair todas as estrelas e as suas constelações de admiradores. Neste novo mundo fará que o mundo do “eu” possessivo e dominador desapareça e um outro surgirá na humildade de quem se faz servidor dos outros cuidando de preparar outros para que assumem o seu lugar. Miguel lutará contra todo o sol e forças cósmicas que marcam um destino de posse e de angústia pelo que não se tem. Assim surgirá aquele mundo em que não ter é a possibilidade de tudo amar e quem nada tem, tudo tem, porque nada precisa.
Este não é o Domingo da depressão coletiva porque a liturgia da Palavra fala-nos do fim dos dias do mundo. Não, antes pelo contrário, fala-nos do início de um outro mundo em nós, o do Filho do Homem, de Deus, do amor que não é expansão do “eu”, mas abertura para fazer comunhão. Hoje, é Domingo, dia do Senhor, dia de comunhão. Façamos comunhão, mas antes exclamemos: Vem, Senhor Jesus, maranatha. Vem, Senhor, para que muitas mais sementes sejam lançadas abundantemente sobre os corações, para que estes vivam todos os dias como se fossem o último, o do encontro Convosco. Vem, Senhor, Jesus, para que as figueiras de doces figos de compaixão comecem já a brotar em pleno inverno da humanidade por se ter esquecido que o fim último de tudo é o amor.


13 de novembro de 2015

Tempo Comum XXXIII




Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Naqueles dias, depois de uma grande aflição,
o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade;
as estrelas cairão do céu
e as forças que há nos céus serão abaladas.
Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória.
Ele mandará os Anjos,
para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais,
da extremidade da terra à extremidade do céu.
Aprendei a parábola da figueira:
quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo.
Assim também, quando virdes acontecer estas coisas,
sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta. Em verdade vos digo:
Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. Passará o céu e a terra,
mas as minhas palavras não passarão.
Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece:
nem os Anjos do Céu, nem o Filho;
só o Pai». 
Mc 13, 24-32
A todo o tempo há sinais, acontecimentos, que nos chama à conversão, a unir cada vez mais o nosso coração e a uni-lo no Senhor. Não precisamos de ter medo nem de nos precipitar. Não devemos é adormecer embalados pelas diversões ou preocupações da vida. Há que viver despertos para a todo o momento acolher os desafios que o Senhor nos lança e são desafios para amar mais. Esta é a única forma de unir o coração e a única forma de acolher Deus na nossa vida. Assim como o brotar da figueira assinala a proximidade do Verão assim também o rebentar do amor em cada um de nós, sinaliza a proximidade da vinda do Filho de Deus. esta vinda será sempre um dom  
 posted artpinto