22 de novembro de 2008

Cristo Rei do Universo


“Quando fizeram isso a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim” (Mateus 25, 31-46)

Celebramos hoje Jesus como “Rei do Universo”. Mas, Ele torna-se rei da nossa vida somente na medida em que fazemos essa opção real pelos oprimidos, e vivenciamos “a justiça do Reino do Céu”, tema central do Evangelho de Mateus. Num mundo que nos apresenta tantas outras opções “régias” - ou seja, opções que regem a nossa vida e manifestam o que são os nossos valores últimos, o texto  leva-nos a verificar se realmente Jesus é o Rei da nossa vida - se é o Evangelho d’Ele que as rege, ou se o título não passa de mais um dos rótulos vazios, sem consequências práticas, tão queridos dos arautos de uma religião intimista, sentimentalista e individual. Será que a utopia do Reino de Deus, o seguimento de Jesus até a Cruz, a prática da Justiça do Reino são os elementos que norteiam as nossas práticas, individuais e comunitárias? Se não, então Jesus Cristo ainda não se tornou Rei do nosso universo pessoal e eclesial. É o que nos questio o texto de hoje, que nos lembra que Jesus não é Rei conforme os padrões deste mundo, mas o Rei pobre e justo, tão esperado pelos oprimidos de todos os tempos. A sua proposta para a sociedade não é a confirmação de uma estrutura piramidal, conforme os modelos históricos, mas a sua mudança radical para que o mundo seja regido por princípios de solidariedade e justiça, de partilha e fraternidade. Ele é Rei, no sentido da esperança dos “pobres de Javé” do Antigo Testamento, tão bem retratada pelo profeta Segundo Zacarias: “O seu Rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumento. Ele destruirá os carros de guerra de Efraim e os cavalos de Jerusalém, quebrará o arco de guerra. Anunciará paz a todas as nações, e o seu domínio irá de mar ao mar, do Rio Eufrates até os confins da terra” (Zc 9, 9s). Jesus será o nosso rei na medida em que vivemos esses valores da verdadeira Shalom, que inclui a paz, a não violência, a partilha e a justiça.

A crise actual no sistema financeiro mundial, com as suas cifras astronómicas de apoio aos bancos e banqueiros falidos - enquanto somente migalhas são destinadas aos bilhões e famintos e sofridos do mundo - demonstra bem como a sociedade actual é dominada pelos interesses do lucro e do capital, mesmo em países que se dizem cristãos. Estamos longe de um mundo onde Jesus Cristo seja realmente o Rei - regido pelos valores que Jesus encarnou na sua pessoa, projecto, ensinamento e opções, e que nós herdamos como discípulos d’Ele.

Fonte: Pe. Tomaz Hughes, SVD (adaptado)

9 de novembro de 2008

Basílica de São João de Latrão


Uma solenidade litúrgica especial, no dia 9 de Novembro, comemora a dedicação da Basílica de Latrão. Esta é considerada a igreja-mãe de todas as igrejas católicas, por ser a catedral do bispo de Roma, isto é o Papa patriarca do Ocidente. A igreja originária foi construída pelo imperador Constantino, durante o pontificado de papa Melquíades no séc. IV, no terreno doado por Fausta, esposa do Imperador. Nela foram realizados os quatro primeiros Concílios Ecuménicos realizados no Ocidente: em 1123 para resolver a questão das Investiduras, ou seja, provimento em algum cargo eclesiástico por parte do poder civil: em 1139, sobre questões disciplinares; em 1179 para tratar da forma de eleição do Papa; em 1215, sobre várias heresias e a reforma eclesial. Esta comemoração, lembra a importância de Roma onde se encontra o Chefe visível da Igreja de Jesus.

Santo Inácio de Antioquia, discípulo dos apóstolos, chama a Igreja de Roma de "cabeça da caridade", revelando a posição primacial, da sede romana e, portanto, também a de seu Bispo. E de Santo Ireneu o mais eloquente testemunho da antiguidade a favor da importância da sede romana. Assim ele se expressou no ano de 180: "A esta Igreja (romana) por sua preeminência mais poderosa, é necessário que se unam todas as Igrejas, isto é, os fiéis de todas as partes, pois nela se conservou sempre a tradição recebida dos apóstolos pelos cristãos de todas as partes". Recorda ainda a referida festa que em todas as sedes episcopais há Igreja Catedral onde se encontra a cátedra episcopal.

A Catedral por excelência é a do Papa em Roma, a Basílica de Latrão "Mãe e Mestra de todas as Igrejas", da urbe romana e do orbe católico. Tudo isto lembra,  a importância do Templo, lugar sagrado no qual se cultua de modo especial a Deus. É nele que se recebem os maiores favores divinos.

No Antigo Testamento o templo de Jerusalém era o sinal da presença do Ser Supremo entre os homens. Centro do culto a Javé para ele convergiam peregrinações de todas as partes para contemplar a face do Todo-Poderoso (Sl. 42,3). A Bíblia ensina que Deus está no céu (Sl 2,4; 103,19; 115,3), mas o templo é como que uma cópia fiel do palácio celeste, que o Omnipotente torna presente aqui na terra. Nele se desenrola o culto oficial. No Novo Testamento se tornou viva a doutrina de que cada baptizado é o templo vivo da Trindade de acordo com o ensinamento de Jesus: "Se alguém me ama, meu Pai o amará, viremos a ele e faremos nele nossa morada" (Jo 14,23). Paulo de Tarso firmaria esta verdade aos Coríntios: "Vós sois edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, eu, como sábio arquitecto, coloquei o alicerce e outro levanta o edifício….Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós? " (1Co3,9-11.16-17).

O verdadeiro católico preza a Catedral do Papa, a Basílica de Latrão; tem carinho especial para com a Catedral de sua Diocese e para com a Igreja Paroquial, Matriz de todas as outras; lembrando sempre  que, sendo o templo vivo de Deus, deve ornamentar esta Casa Santa com as virtudes, cuidando de seu corpo e respeitando a dignidade de cada ser humano, criado à imagem e semelhança do Criador, estimando sobretudo o baptizado templo consagrado ao Espírito Santo