2 de maio de 2010

"Amai-vos uns aos outros"


No Antigo Testamento já havia o mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo “(Lv. 19, 18). Porém, Jesus diz; "Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros." É neste mandamento novo que se fundamenta o Cristianismo. Vamos então reflectir sobre a novidade do amor de Jesus.

Jesus sela com o Seu sangue a nova aliança com os homens. Não serão necessários mais sacrifícios de animais ou outros, apenas o amor. Mas o amor é Ele mesmo, como sinal do amor de Deus. Jesus não pede nada para Si nem para Deus, somente para os homens. E, pois, um amor totalmente gratuito, universal e oblativo. Um amor que se traduz no serviço até dar a vida. Um amor que recusa qualquer forma de violência, respeita a liberdade, promove a dignidade, reprova toda a discriminação. Um amor que elege a debilidade como alvo preferencial.

Nunca ninguém tinha amado assim; nunca ninguém tentara fundar uma sociedade baseada nesta dimensão, que parecerá Ioucura aos olhos dos "sábios", mas por isso mesmo é a eterna novidade capaz de arrancar o mundo da escravidão de qualquer natureza. É este amor o alimento, o maná, dos cristãos.

Os cristãos não são homens diferentes dos outros, não trazem distintivos, não vivem fora do mundo; o que os caracteriza é a lógica do amor gratuito, como o de Jesus. O amor que existe entre eles deve ser visível, manifestado por obras semelhantes às de Jesus. Este será o sinal distintivo da comunidade crista. Não mais o poder. Não mais a vaidade. Não mais os primeiros lugares. Não mais pura observância de ritos vazios de vida. Tudo isto faz parte de uma comunidade “velha". A comunidade "nova" brilhará como o sol, será a Jerusalém celeste nesta terra. Esta é a nossa hora, herdamos de Jesus esta extraordinária herança; que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei.

(Folha dominical Comunidade paroquial de Espinho)

23 de abril de 2010

Domingo do Bom Pastor


O Quarto Domingo da Páscoa, também é chamado o Domingo do Bom Pastor - Dia de orações pelas vocações sacerdotais e religiosas.

O termo pastor ressoa na boca de Jesus como um título cristológico que fala simultaneamente do seu mistério e de sua missão, tendo raízes no Antigo Testamento. Com efeito, Iahweh é o Pastor que conduz o seu Povo, através de seus servos quais autênticos pastores nem sempre, porém, fiéis à missão. Daí o tema no Antigo Testamento revelar um forte acento messiânico-escatológico, isto é, Deus haveria de suscitar um Pastor plenamente fiel ao serviço às ovelhas. Este pastor, segundo o coração de Deus, anunciado pelos profetas e esperado por Israel, é o Messias: Jesus.

Ele apresenta-se no Quarto Evangelho consciente não só de ser aquele pastor, mas também de que os que vieram antes dele eram ladrões e mercenários que dispersaram as ovelhas. Então, não só as reúne e defende, mas dá-lhes a vida porque morre e ressuscita para isso. Justifica-se, pois, a escolha do relato do Quarto Domingo da Páscoa, por esta nítida relação estabelecida entre o pastoreio de Jesus e o momento da sua morte e ressurreição. Aliás, esta entrega de si é que justifica o qualitativo bom acrescido ao pastor.

Paulo VI percebeu a importância desta mensagem e fez deste Domingo uma Jornada Mundial de Orações pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas. Dessa maneira, deseja que à luz do Bom-Pastor que dá a vida compreendamos, aceitemos e valorizemos as vocações especiais na Igreja. O melhor modo de valorizá-las é perceber as suas necessidades. Quem precisa pede, ora, implora. Há, pois, uma pequena subtileza no pedido que fazemos a Deus. É claro que pedimos vocações. Mas, na realidade, suplicamos que Ele conceda o dom que motiva o coração humano para a entrega de si mesmo, aquela disposição do Bom-Pastor que dá a vida, sem o que a Redenção não se realiza. Este dom é pedido, hoje, pela Igreja ao seu Pastor Supremo, sem o qual não há nem vocacionados nem a expressão visível Daquele que redimiu e congregou o Rebanho.

A imagem do Bom-Pastor, plena de conteúdo salvífico, permite também que toda obra e ministério eclesiais sejam chamados de Pastoral porque os baptizados, segundo os carismas que possuem, são vocacionados ao serviço, dando a vida pela causa Daquele que se entregou por nós. Portanto, a imagem desperta a generosidade e a disponibilidade dos cristãos para o serviço na Igreja e no Mundo, à semelhança do pastoreio de Jesus.

11 de abril de 2010

Nova Evangelização


Os discípulos encontram-se reunidos em casa. Este encontro, no contexto deste Evangelho, é a celebração da Eucaristia. Quando os crentes estão reunidos eucaristicamente, encontram o Ressuscitado. Este saudou os seus discípulos: "A paz esteja convosco". O presidente da assembleia eucarística saúda também os presentes de maneira semelhante.
O apóstolo Tomé não estava presente na primeira aparição e, por isso, não pôde ver Jesus Ressuscitado. Só oito dias depois, reunido com os outros, viu Jesus Ressuscitado. Esta situação é narrada por causa do seu significado. Quem, como Tomé, se ausenta dos encontros eucarísticos não pode fazer a experiencia do Ressuscitado, não pode receber a sua saudação, nem o seu Espírito, nem a alegria que nasce do encontro com Deus. Quem, no Dia do Senhor, no Domingo, fica em casa, mesmo que reze sozinho, veja a Eucaristia pela Televisão, excepção feita para os doentes, pode ter uma certa experiência de Deus, mas não a do Ressuscitado, porque Este Se torna presente no lugar onde se reúne a comunidade. Tenhamos presente a experiencia dos discípulos de Emaús.
Tomé é também a imagem da Igreja que caminha no meio de dúvidas, de recusas, de altos e baixos, até chegar à confissão “Meu Senhor e meu Deus!" Contudo, a Igreja esta encarregada de exercer uma pedagogia da fé para todos os tempos. Tal significa que não pode nem deve ficar presa rigidamente ao passado, mas é convidada pelo Espírito e pelo povo a abrir-se à diversidade de carismas. A meta final é "Meu Senhor e meu Deus!", mas os ritmos e os caminhos são diferentes. A Igreja deve ter as portas abertas, sempre abertas, aos que buscam, perguntam, lutam, caminham penosamente. Uma busca dolorosa pode ser mais autêntica do que um estado de Ietargia. É preciso abrir caminhos para o Espírito do Ressuscitado actuar. Pode chamar-se a isto a nova evangelizarão, que a Missão 2010 pretende implementar.
(Folha Dominical da comunidade Paroquial de Espinho)

5 de abril de 2010

Oitava da Páscoa


Passado o tempo da Quaresma, no qual nos preparamos para a celebração da Ressurreição do Senhor, entramos no Tempo Pascal, tempo de alegria e exultação pela vida nova que o Senhor nos dá, tendo pago um alto preço: a sua entrega e morte na cruz.

A cor litúrgica deste tempo é branca, símbolo da pureza e da alegria. A presença do Círio Pascal é marcante como símbolo do Cristo Ressuscitado, LUZ que vai à frente e nos ilumina.

Nesta semana, em particular, estamos a celebrar A OITAVA DA PÁSCOA. Como o mistério da "passagem" do Senhor pela morte é extremamente profundo, durante 8 dias celebraremos esse grande mistério como se fosse um único dia com o objectivo de viver melhor o ponto central de nossa fé: A RESSURREIÇÃO DE JESUS.

Todo o tempo pascal, que se estende por 7 semanas até à Festa de Pentecostes, é marcado, não apenas nos domingos mas também durante os outros dias da semana, pelos textos dos Actos dos Apóstolos e do Evangelho de S. João. São textos que nos mostram a fé das primeiras comunidades cristãs e dos Apóstolos em Cristo Ressuscitado e convidam-nos a fazer da nossa vida uma contínua Páscoa seguindo fielmente os passos de Jesus, testemunhando-o corajosamente no mundo de hoje.

Que a luz do Cristo Ressuscitado nos ilumine para que sejamos LUZ para o mundo!

3 de abril de 2010

Noite da Vigília Pascal




De início, celebrava-se a Páscoa num só dia, melhor dizendo, numa só noite. Era a grande Noite da Vigília Pascal. É de facto a partir do século IV que a grande Celebração da Noite Pascal, a mãe de todas as vigílias, deu origem à Semana Santa.
No século IV, a Vigília Pascal tomava toda a noite, do pôr do sol de Sábado até ao dia seguinte, de manhã muito cedo (Jo. 20, 1), de modo que não havia qualquer outra celebração em dia de Páscoa. Cedo porém esta prática desapareceu.
Mas é esta observância da Igreja primitiva que importa reter pelo seu grande significado: numa Noite semelhante àquela da libertação em que o povo hebreu, oprimido no Egipto, esperou o sinal da partida para a Páscoa da liberdade (Ex. 12), o Povo da Nova Aliança espera a Ressurreição do Senhor Jesus. E deste modo os cristãos aguardam de lâmpadas acesas (Luc. 12, 35) que o Senhor saia vitorioso do túmulo.
Não é um acontecimento passado que se recorda. Celebra-se sacramentalmente todo o Mistério da Salvação, toda a História com os seus antecedentes e consequências. É por isso a Festa da Vida, do nosso tempo, da Igreja, da nossa Comunidade. De facto, o Mistério da Páscoa é simultaneamente o Mistério de Cristo e o Mistério da Igreja.
É no Tempo que se cumpre a Salvação de Jesus Cristo, sobretudo através dos dois grandes Sacramentos do Baptismo e de Eucaristia: O Baptismo pelo facto de ser uma especialíssima configuração com a Morte e Ressurreição do Senhor Jesus (Rom. 6, 23), a Eucaristia por ser o seu grande Memorial.
A Liturgia da Noite Pascal porá em realce todos estes Sinais e Memórias, todo este Passado e Presente.
Apesar da riqueza do seu conteúdo e de toda a sua variedade, a Celebração da Vigília Pascal tem uma unidade espantosa nas suas quatro partes.
– A Celebração da LUZ
Afugentando as Trevas do Pecado e da Morte, o cristão celebra nesta Noite Aquele que diz:" Eu sou a Luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a Luz da Vida " (Jo. 8, 12). De facto, Ele que "era a Luz verdadeira vindo ao mundo a todo o homem ilumina" (Jo. 1, 9).
A bênção do fogo, um fogo puro, não artificial, fogo depois comunicado ao CíRIO,, um dos grandes sinais litúrgicos desta Noite, e logo comunicado aos pequenos círios empunhados pela Assembleia, prepara a Igreja para o anúncio da Páscoa feito através do belo poema lírico, que é o Precónio.

– A Celebração da PALAVRA
Esta Celebração da Vigília resume uma História, que se actualiza hoje. Uma longa série de Leituras da Bíblia faz-nos reviver os passos mais importantes da História de um Povo, ao qual Deus se revelou.
- A Celebração da ÁGUA
O momento mais alto da celebração pascal é a Celebração do Baptismo. Associando-se à Ressurreição de Cristo, os baptizados morrem para o homem velho ressuscitando para a Vida nova de Filhos de Deus e como membros da Igreja caminham para o Reino tendo de passar não pelas águas do mar vermelho mas sim pelas águas do Baptismo.
Por isso, nos primeiros séculos, o Baptismo celebrava-se somente na Vigília Pascal, sendo a Quaresma o grande Tempo de preparação.
Depois de Celebração do Baptismo, o momento alto da Noite, toda a Assembleia é convidada a fazer uma pública e solene profissão de Fé, verdadeira reafirmação do seu Baptismo.
– A Celebração da EUCARISTIA
A Eucaristia é o grande Memorial da Morte e da Ressurreição do Senhor Jesus. "Anunciamos Senhor a vossa Morte e proclamamos a vossa Ressurreição" Toda a celebração é uma explosão de alegria e um apelo a que nos consideremos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus (Rom. 6, 11).
Renascida pela Água e pelo Espírito e transferida para o Reino da Luz com a Força Nova da Palavra Criadora, alimentada com o Pão e o Vinho da Eucaristia, a Igreja sente-se um Povo de Homens Novos.

(adapP. João Silva, s.j.)

Sábado Santo


"Durante o Sábado Santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.

A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz "por que me abandonaste?", agora ele cala no sepulcro. Descansa: "consummantum est", "tudo está consumado". Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloqüente. "Fulget crucis mysterium", "resplandece o mistério da Cruz".

O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento.

É um dia de meditação e silêncio. Algo parecido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: "Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento" (Jó. 2, 13).

Não é um dia vazio em que "não acontece nada. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo detemo-nos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado:

"... despojou-se da sua posição e tomou a condição de escravo… rebaixou-se até se submeter inclusive à morte, quer dizer, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que Ele expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo em que Cristo depositado na tumba manifesta o grande repouso sabático de Deus depois de realizar a salvação dos homens, que estabelece na paz o universo inteiro". (adapAcidigital)

2 de abril de 2010

Sexta-Feira Santa Paixão e Morte de Jesus


Nesta Sexta-feira Santa os nossos olhares se voltam-se para o Crucificado. Na liturgia das três horas da tarde, o ponto central e alto é o descobrir da cruz, seguido de um gesto de adoração e de gratidão por toda assembleia que toma parte neste acto.
Nós estamos acostumados a falar dos sentimentos físicos de Jesus - e realmente eles foram enormes, para além de Suas medidas. Basta pensarmos na flagelação horrenda que precedeu a crucificação, na agonia lenta que Jesus suportou, pendente na cruz. No entanto, não se fala com muita ênfase nos sentimentos internos de Jesus, e estes foram tão grandes ou maiores do que os sofrimentos externos.
Jesus foi entregue por um amigo íntimo no qual havia confiado plenamente. Jesus foi abandonado por todos os Seus amigos íntimos, sem excepção, foi negado por um deles, depois que este mesmo Lhe descobriu o messianismo misterioso. Jesus foi ridicularizado naquilo que Lhe era mais caro, o Seu messianismo. Jesus foi tratado como um rei de comédia, um charlatão, um bufão - é lamentável e grotesco termos que contemplar Jesus todo ensanguentado, com um manto de púrpura nas costas, uma cana na mão e uma coroa de espinhos na cabeça. “Adivinha quem te bateu rei dos judeus”?
Jesus sofreu todas as piores humilhações em nosso favor. Não houve humilhação que Jesus não houvesse suportado: carregou Sua cruz, pelas ruas de Jerusalém, sendo objecto de escárnio e humilhação de todos os passantes.
O cálice do sofrimento foi bebido até o final e, nesta Sexta-feira Santa, nós gostaríamos de nos colocar diante da cruz para contemplar com amor e reconhecimento um a um, não só os sofrimentos físicos, mas também os sofrimentos morais de Jesus, repetindo, quem sabe, as palavras de Paulo: “Ele me amou, Ele Se entregou por mim”.
Adap.Padre Fernando J. C. Cardoso

1 de abril de 2010

Missa Crismal de Quinta-Feira Santa




Na Missa Crismal de Quinta-feira Santa,os santos óleos estão no centro da acção litúrgica.São consagrados pelo Bispo na sé catedral para o ano inteiro. Assim, exprimem também a unidade da Igreja, garantida pelo Episcopado e aludem a Cristo, o verdadeiro "pastor e guarda das nossas almas", diz São Pedro (cf. 1 Pd 2,25). E, ao mesmo tempo, mantêm unido todo o ano litúrgico, ancorado no mistério de Quinta-feira Santa.
Enfim, os óleos aludem ao Horto das Oliveiras, onde Jesus aceitou interiormente a sua Paixão. Contudo, o Horto das Oliveiras é também o lugar donde Jesus subiu ao Pai, tornando-se, assim, o lugar da Redenção: Deus não deixou Jesus na morte. Jesus vive para sempre junto do Pai, e por isso mesmo é omnipresente, está sempre junto de nós. Este duplo mistério do Monte das Oliveiras também está "activo" no óleo sacramental da Igreja.
Em quatro sacramentos, o óleo é sinal da bondade de Deus que nos toca: no Baptismo; na Confirmação, como sacramento do Espírito Santo; nos vários graus do Sacramento da Ordem; e, finalmente, na Unção dos Enfermos, na qual o óleo nos é oferecido, por dizer assim, como medicamento de Deus – como o medicamento que agora nos torna seguros da sua bondade e deve-nos revigorar e consolar, mas ao mesmo tempo aponta para além do momento da enfermidade, para a cura definitiva, a ressurreição (cf. Tg 5,14). Assim o óleo, nas suas diversas formas, nos acompanha ao longo de toda a vida, desde o catecumenato e o Baptismo até ao momento em que nos preparamos para o encontro com Deus Juiz e Salvador.
Em suma, a Missa Crismal, na qual o sinal sacramental do óleo nos é apresentado como linguagem da criação de Deus, fala de modo particular ao sacerdote: fala-nos de Cristo, que Deus ungiu como Rei e Sacerdote; dele, que nos torna participantes do seu sacerdócio, da sua "unção", na nossa ordenação sacerdotal.
"in Vaticano"

31 de março de 2010

Tríduo Pascal


A Quinta-Feira Santa está marcada pela instituição da Eucaristia, «verdadeiro sacrifício vespertino» . O ritual proíbe a celebração da eucaristia sem fiéis e recomenda a concelebração, que confere à cerimónia litúrgica uma nota de eclesialidade eucarística e de unidade entre eucaristia e sacerdócio. A cerimónia sugestiva e humilde do Lava-Pés orienta-se também para a Eucaristia.

A Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor é constituída por uma liturgia austera e sóbria. O centro da celebração é uma assembleia litúrgica não eucarística. É um dia de intenso luto e dor, mas iluminado pela esperança cristã. A devoção à Paixão do Senhor está fortemente arreigada na piedade cristã. A Igreja apresenta grande austeridade, nada distrai o nosso olhar do altar e da cruz.

O grande Sábado Santo é um dia de serena esperança e preparação orante para a ressurreição. Os cristãos dos primeiros séculos jejuavam neste dia como em sexta-feira santa, era o tempo em que o esposo os tinha deixado (Mt. 2, 19).

A Vigília Pascal é uma vasta celebração da Palavra de Deus que continua com o baptismo e com a Eucaristia. Os símbolos são abundantes e de uma grande riqueza espiritual – o ritual do fogo e da luz, o Círio Pascal, que evoca a ressurreição de Jesus e o povo de Israel no deserto guiado pela coluna de fogo; a liturgia da Palavra com Salmos e orações, percorrendo as etapas da história da salvação; a liturgia da iniciação cristã que, pelo Baptismo, incorpora novos filhos na Igreja; a renovação das promessas do baptismais e aspersão com a água benta que recorda a água com que fomos baptizados; por fim a Eucaristia que proclama a ressurreição do Senhor, esperando a sua última vinda (1 Cor. 11, 26).

A liturgia convoca de novo os fiéis para o «dia que fez o Senhor» na missa do dia. A piedade cristã realiza a procissão de Cristo ressuscitado, ornamentando as estradas, tocando sinos e ao som de cânticos.

O Aleluia, que fora suprimido na Quaresma, aparece repetidas vezes em sinal de alegria e vitória, de forma que o Aleluia pascal se tornou a aclamação própria do mistério pascal.1

Vamos celebrar o Tríduo Pascal com todo o vigor da nossa fé e a alegria da nossa esperança. Aleluia!

1 Cf. D. Teodoro de Faria, Bispo emérito do Funchal, Teologia e Espiritualidade do Tríduo Pascal

30 de março de 2010

O Tríduo Pascal


O Tríduo Pascal remonta aos primeiros séculos da Igreja. Temos notícia de que no século III da nossa Era, os cristãos preparavam o Domingo de Páscoa com dois dias de Jejum, respectivamente, 6ª feira e sábado Santos.1

Actualmente, segundo as normas litúrgicas para a Semana Santa, o Tríduo Pascal apresenta-se não como um tempo de preparação mas como uma só coisa com a Páscoa.

É o Tríduo da paixão e ressurreição, que abrange a totalidade do mistério pascal. Assim se expressa no calendário: Cristo redimiu o género humano e deu perfeita glória a Deus, principalmente através de mistério pascal: morrendo, destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida.

São três dias comummente chamados de «santos» porque nos fazem reviver o evento central da nossa Redenção; reconduzem-nos, de facto, ao núcleo essencial da fé cristã: a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. São dias que poderemos considerar com um único dia: eles constituem o coração e o fulcro de todo ano litúrgico, como também da vida da Igreja.2

Assim, o ápice de todo o ano litúrgico resplandece na celebração do Tríduo Pascal da paixão e ressurreição do Senhor, preparada na Quaresma e estendida com júbilo por todo o ciclo dos cinquenta dias sucessivos.3

O Tríduo Pascal da paixão e ressurreição de Cristo é, portanto, o centro e o cúme de todo o ano litúrgico. Logo estabelece a duração exacta do Tríduo:

O Tríduo Pascal começa com a missa vespertina da Ceia do Senhor, em Quinta-Feira Santa, alcança o seu apogeu na vigília pascal e termina com as vésperas do domingo de Páscoa. Todo este espaço de tempo forma uma unidade que inclui os sofrimentos e a glória da ressurreição.

1 Cf. Dicionário Elementar de Liturgia, Art. José Aldazábal- 2 Bento XVI convida a viver com fé o Tríduo Pascal, 2008-3 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO CARTA-CIRCULAR «PASCHALIS SOLLEMNITATIS», A PREPARAÇÃO E CELEBRAÇÃO DAS FESTAS PASCAIS, 1988, nº 2

27 de março de 2010

Domingo de Ramos


O Domingo de Ramos dá inicio à Semana Santa, Semana Maior. Relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Este domingo é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao Filho de David”, “Salve o Messias”...

Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder.

O povo aclama-O cheio de alegria e esperança, pois Jesus como o profeta de Nazaré da Galiléia, o Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da escravidão política e económica imposta cruelmente pelos romanos, e também pelos sacerdotes que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.

Mas, essa mesma multidão, poucos dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria de impostor, de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à morte.

Na celebração do Domingo de Ramos, proclamamos dois evangelhos: o primeiro, que narra a entrada festiva de Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do julgamento de Cristo. Julgamento injusto com testemunhas com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes porém, da sua condenação, Jesus passa por humilhações, é chicoteado. Só depois de tudo isso é que Ele foi condenado à morte, pregado numa cruz.

O Domingo de Ramos pode ser chamado também de “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, nele, a liturgia relembra e convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão do pecado e da morte. Crer nos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, é crer no mistério central da nossa fé, é crer na vida que vence a morte, é vencer o mal, é também ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo e Vitorioso viver eternamente. É proclamar, como nos diz São Paulo: ‘“Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai’ (Fl 2, 11).

13 de março de 2010

Domingo da Alegria


O IV Domingo da Quaresma é conhecido por Domingo Laetare (da alegria). A Igreja quer recordar-nos assim que a alegria é perfeitamente compatível com a mortificação e a dor. O que se opõe à alegria é a tristeza, não a penitência

Na liturgia deste domingo, o sentimento que predomina na Liturgia da Palavra é a Alegria. Realmente reconhecer no nosso Deus a sua infinita paciência, amabilidade, ternura, carinho, incentiva-nos a elevar a fasquia do nosso viver cristãmente; a não vivermos a nossa relação com Deus como se tratasse de um assunto de marketing, mas procurando viver na consciência da abertura do coração de Deus que nos quer inundar da sua paz, do seu perdão, da sua tranquilidade, do seu amor, da sua saúde, para que a nossa vida, apesar das infidelidades e contrariedades, ser uma verdadeira festa, não só para nós mas também para os outros.

7 de março de 2010

III Domingo Quaresma

“Mas se não vos arrependerdes, ireis morrer todos de modo semelhante” (Lc. 13, 03).

São palavras duras, que nos fazem compreender que, com Deus, não se pode brincar; e, no entanto, palavras que procedem do amor de Deus que, por todos os meios, quer a salvação de todas as Suas criaturas. Deus já não fala hoje ao Seu povo por meio de Moisés, mas por meio de Seu Filho Jesus; faz-Se presente, não num silvado que arde sem se consumir, mas no Seu Filho Unigénito que, chamando os homens à penitência, personifica a misericórdia infinita que nunca se consome. Com essa misericórdia, Jesus suplica ao Pai que se prolongue o tempo e espere um pouco mais, até que todos se corrijam; assim como faz o agricultor da parábola, o qual, perante a figueira estéril, diz ao dono: “ Senhor, deixa-a ainda este ano…”. Jesus oferece a todos os homens a Sua graça, vivifica-os com os méritos da Sua Paixão, alimenta-os com o Seu Corpo e Sangue, pede para eles a misericórdia do Pai: que mais poderia fazer?

Ao homem corresponde não abusar de tantos benefícios, mas valer-se deles para dar frutos de autêntica vida cristã

27 de fevereiro de 2010

A transfiguração: «Escutai-o!»


A Transfiguração, vitral do irmão Eric de Taizé

Os cristãos do Oriente foram os primeiros a celebrar a Transfiguração. Esta festa foi introduzida no Ocidente no século XII por um dos abades de Cluny, Pedro, o Venerável. Em Taizé, viver da transfiguração sempre apoiou muito a nossa vocação.
Nos Evangelhos, os relatos da transfiguração procuram mostrar-nos quem é verdadeiramente Jesus e levar-nos a participar no seu mistério.
No cimo do monte, Jesus está em oração, numa grande intimidade com Deus (Lucas 9,28-36). A voz, que no seu baptismo apenas ele tinha ouvido, faz-se agora ouvir aos discípulos: «Este é o meu Filho muito amado». O mistério de Jesus surge em frente aos olhos destes discípulos: a sua vida consiste nesta relação de amor com Deus, seu Pai.
Jesus vive esta relação de amor desde a eternidade, mas também na sua existência terrena. Ela cresce, fortalece-se, nomeadamente através das dificuldades, e vai-se revelando sempre, cada vez mais. Jesus escolhe ter o seu apoio apenas em Deus, e há-de manter esta escolha mesmo na noite mais espessa, quando der a sua vida na cruz.
Não terá sido este abandono radical à confiança que fez brilhar aos olhos dos apóstolos a luz de Deus em Jesus? Moisés e Elias, presentes a seu lado, também tinham sido guiados por essa luz. Contudo, em Jesus, ela brilha de um modo único. Nele, a luz da ressurreição já está acesa. A sua humanidade transfigurada reflecte a plenitude do amor de Deus. Nunca nos cansamos de nos deixar maravilhar por esta eterna beleza.
Através da transfiguração, Jesus não mostra apenas que é habitado pela luz de Deus; ele deixa pressentir que também a nossa humanidade pode ser transfigurada.
De acordo com a segunda carta de Pedro, a transfiguração de Jesus sustenta, na nossa noite, a esperança da nossa própria transformação: «E temos assim mais confirmada a palavra dos profetas, à qual fazeis bem em prestar atenção como a uma lâmpada que brilha num lugar escuro, até que o dia desponte e a estrela da manhã nasça nos vossos corações» (2 Pedro 1,19).
Quando, na oração, olhamos para a luz de Cristo transfigurado, ela torna-se aos poucos mais interior. Também nós somos o filho bem-amado de Deus. Cada um de nós é amado com um amor de eternidade.
Como Jesus, podemos abandonar-nos em Deus. E, em troca, Deus transfigura a nossa pessoa, corpo, alma e espírito.
Então, até as fragilidades e as imperfeições se tornam numa porta através da qual Deus entra na nossa vida. Os espinhos que dificultam o nosso andar alimentam um fogo que ilumina o caminho. As nossas contradições interiores e os nossos medos permanecem. Mas, pelo Espírito Santo, Cristo penetra naquilo que nos inquieta acerca de nós próprios, até ao ponto em que as nossas obscuridades são iluminadas. A nossa humanidade não é abolida; Deus assume-a, e ela pode encontrar nele como que uma realização. E eis-nos livres; livres de avançar até nos oferecermos a nós próprios àqueles que Deus nos confiou.
Além das nossas pessoas humanas, toda a criação está também prometida a uma transfiguração. Cristo «transfigurará o nosso pobre corpo, conformando-o ao seu corpo glorioso, com aquela energia que o torna capaz de a si mesmo sujeitar todas as coisas» (Filipenses 3,21). Sim, ele «renova todas as coisas» (Apocalipse 21, 5).
«Escutai-o!» diz a voz vinda do céu. Pelo Espírito Santo, ele fala-nos. A nossa atitude para com a vida depende da nossa atenção à sua presença contínua.
Estar à escuta de Deus não nos poupará forçosamente às dificuldades. Se dermos prioridade a esta escuta, talvez até nos tornemos mais vulneráveis. Mas uma determinação interior crescerá, e com ela uma preparação para nos entregarmos mais facilmente ao sopro do Espírito Santo. Estaremos mais capazes de discernir a presença de Deus no mundo e seguiremos mais corajosamente a sua vontade.
Muitas vezes compreendemos pouco como é possível a nossa própria transfiguração. A nossa confiança, como a dos discípulos, continua parcial, e a nossa fé continua pobre. E, contudo, olhar para a luz de Deus já nos transforma.
No monte da transfiguração, é toda a Igreja que está representada em Pedro, Tiago e João. Se também nós ouvíssemos mais frequentemente, em conjunto, numa humilde oração comunitária, a voz de Deus, talvez a compreendêssemos melhor. O Espírito Santo poderia agir melhor e - quem sabe? - poderia até surpreender-nos.


MEDITAÇÃO DO IRMÃO ALOIS
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26 de fevereiro de 2010

O jejum e abstinência na Quaresma


A Quaresma é tempo de amar os irmãos. O jejum e abstinência devem ser colocados numa linha de solidariedade activa e efectiva.

A espiritualidade da Quaresma é apresentada pela Igreja como um caminho para a Páscoa e mistério Pascal de Cristo e exprime-se no exercício das obras de caridade, no perdão, na oração, no jejum, principalmente no jejum do pecado. A ascese quaresmal é um exercício adequado para redescobrir o caminho para ser discípulo de Jesus Cristo, porque o Senhor não se conhece senão participando na sua vida, não de fora, mas por dentro. “quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt. 16, 24).

A ascese cristã consiste numa total disponibilidade interior ao Deus vivo que não nos pede tanto a oferta de coisas, mas antes de tudo a nossa própria pessoa e um coração contrito. Para muitos cristãos, o que hoje perturba o recolhimento quaresmal não é tanto o privar-se de certos alimentos, doces e tabaco, quanto as imagens, as palavras, os espectáculos e tantas coisas que a sociedade de consumo oferece, mas que dificultam a conversão a Deus.

O jejum e abstinência em quarta-feira de Cinzas e sexta-feira Santa, assim como a abstinência nas sextas-feiras, continuam a vigorar na disciplina e espiritualidade da Quaresma.

Orar é participar na oração de Cristo; o jejum e a esmola são formas de caridade porque a Quaresma é o tempo forte de actos de amor para com os irmãos, tanto os que estão perto como longe. Não há verdadeira conversão a Deus sem conversão ao amor fraterno (1 Jo. 4, 20).


A renúncia a que o cristão é chamado na Quaresma, tanto através do jejum, como da esmola, é uma exigência da fé que se torna activa no amor pelos irmãos, é um sinal de justiça e caridade.

O jejum (abstinência) é uma disciplina espiritual que, aliada à oração, nos ajuda a subjugar o nosso desejo insaciável tornando-nos conscientes da nossa abundância e permitindo-nos experimentar satisfação e contentamento em Deus. Através dele, Deus livra-nos da frenética corrida da acumulação egoísta abrindo-nos para as necessidades do nossos semelhantes. Aqui já não importa o que falta ao outro: paz, comida, dinheiro, alegria, liberdade, afecto, salvação… Se eu tenho em abundância, posso repartir para que o meu irmão tenha, ao menos, o mínimo necessário.


É este amor concreto enraizado em Deus que confere à abstinência de comida – ou de qualquer outra coisa – um sentido religioso. Se faltar este elemento, o jejum não será nada mais do que meramente uma experiência de privação.

25 de fevereiro de 2010

Quaresma - Quarenta dias


40 dias

A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. Nesta, é falada dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias e Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egipto.

Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido de zeros significa o tempo de nossa vida na terra, seguido de provações e dificuldades.

A prática da Quaresma data desde o século IV, quando se dá a tendência a constituí-la em tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência. Conservada com bastante vigor, ao menos em um princípio, nas Igrejas do oriente, a prática penitencial da Quaresma tem sido cada vez mais abrandada no ocidente, mas deve-se observar um espírito penitencial e de conversão.

No ano A, predomina o tema do Baptismo, com suas exigências na sequência dos Evangelhos; no ano B, o tema de Cristo glorificado por sua morte e ressurreição, fonte da restauração da dignidade humana; e no ano C, os fiéis são convidados a penitência ou conversão, condições para a nova aliança em Cristo Jesus, selada no Baptismo e a ser renovada na Páscoa.

24 de fevereiro de 2010

Quaresma


O TEMPO DE QUARESMA

A Quaresma é o tempo que precede e dispõe à celebração da Páscoa. Tempo de escuta da Palavra de Deus e de conversão, de preparação e de memória do Baptismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos, de recurso mais frequente às “armas da penitência cristã”: a oração, o jejum e a esmola (ver MT 6,1-6.16-18).

De maneira semelhante como o antigo povo de Israel partiu durante quarenta anos pelo deserto para chegar à terra prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante quarenta dias para celebrar a Páscoa do Senhor. Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e depressivo. Trata-se de um tempo especial de purificação e de renovação da vida cristã para poder participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.

A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Este caminho supõe cooperar com a graça, para dar morte ao homem velho que actua em nós. Trata-se de romper com o pecado que habita em nossos corações, de nos afastar de tudo aquilo que nos separa do Plano de Deus, e por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.

A Quaresma é um dos quatro tempos fortes do ano litúrgico e isso deve ver-se refletido com intensidade em cada um dos detalhes da sua celebração. Quanto mais forem acentuadas suas particularidades, mais frutuosamente poderemos viver toda a sua riqueza espiritual.