31 de março de 2010

Tríduo Pascal


A Quinta-Feira Santa está marcada pela instituição da Eucaristia, «verdadeiro sacrifício vespertino» . O ritual proíbe a celebração da eucaristia sem fiéis e recomenda a concelebração, que confere à cerimónia litúrgica uma nota de eclesialidade eucarística e de unidade entre eucaristia e sacerdócio. A cerimónia sugestiva e humilde do Lava-Pés orienta-se também para a Eucaristia.

A Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor é constituída por uma liturgia austera e sóbria. O centro da celebração é uma assembleia litúrgica não eucarística. É um dia de intenso luto e dor, mas iluminado pela esperança cristã. A devoção à Paixão do Senhor está fortemente arreigada na piedade cristã. A Igreja apresenta grande austeridade, nada distrai o nosso olhar do altar e da cruz.

O grande Sábado Santo é um dia de serena esperança e preparação orante para a ressurreição. Os cristãos dos primeiros séculos jejuavam neste dia como em sexta-feira santa, era o tempo em que o esposo os tinha deixado (Mt. 2, 19).

A Vigília Pascal é uma vasta celebração da Palavra de Deus que continua com o baptismo e com a Eucaristia. Os símbolos são abundantes e de uma grande riqueza espiritual – o ritual do fogo e da luz, o Círio Pascal, que evoca a ressurreição de Jesus e o povo de Israel no deserto guiado pela coluna de fogo; a liturgia da Palavra com Salmos e orações, percorrendo as etapas da história da salvação; a liturgia da iniciação cristã que, pelo Baptismo, incorpora novos filhos na Igreja; a renovação das promessas do baptismais e aspersão com a água benta que recorda a água com que fomos baptizados; por fim a Eucaristia que proclama a ressurreição do Senhor, esperando a sua última vinda (1 Cor. 11, 26).

A liturgia convoca de novo os fiéis para o «dia que fez o Senhor» na missa do dia. A piedade cristã realiza a procissão de Cristo ressuscitado, ornamentando as estradas, tocando sinos e ao som de cânticos.

O Aleluia, que fora suprimido na Quaresma, aparece repetidas vezes em sinal de alegria e vitória, de forma que o Aleluia pascal se tornou a aclamação própria do mistério pascal.1

Vamos celebrar o Tríduo Pascal com todo o vigor da nossa fé e a alegria da nossa esperança. Aleluia!

1 Cf. D. Teodoro de Faria, Bispo emérito do Funchal, Teologia e Espiritualidade do Tríduo Pascal

30 de março de 2010

O Tríduo Pascal


O Tríduo Pascal remonta aos primeiros séculos da Igreja. Temos notícia de que no século III da nossa Era, os cristãos preparavam o Domingo de Páscoa com dois dias de Jejum, respectivamente, 6ª feira e sábado Santos.1

Actualmente, segundo as normas litúrgicas para a Semana Santa, o Tríduo Pascal apresenta-se não como um tempo de preparação mas como uma só coisa com a Páscoa.

É o Tríduo da paixão e ressurreição, que abrange a totalidade do mistério pascal. Assim se expressa no calendário: Cristo redimiu o género humano e deu perfeita glória a Deus, principalmente através de mistério pascal: morrendo, destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida.

São três dias comummente chamados de «santos» porque nos fazem reviver o evento central da nossa Redenção; reconduzem-nos, de facto, ao núcleo essencial da fé cristã: a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. São dias que poderemos considerar com um único dia: eles constituem o coração e o fulcro de todo ano litúrgico, como também da vida da Igreja.2

Assim, o ápice de todo o ano litúrgico resplandece na celebração do Tríduo Pascal da paixão e ressurreição do Senhor, preparada na Quaresma e estendida com júbilo por todo o ciclo dos cinquenta dias sucessivos.3

O Tríduo Pascal da paixão e ressurreição de Cristo é, portanto, o centro e o cúme de todo o ano litúrgico. Logo estabelece a duração exacta do Tríduo:

O Tríduo Pascal começa com a missa vespertina da Ceia do Senhor, em Quinta-Feira Santa, alcança o seu apogeu na vigília pascal e termina com as vésperas do domingo de Páscoa. Todo este espaço de tempo forma uma unidade que inclui os sofrimentos e a glória da ressurreição.

1 Cf. Dicionário Elementar de Liturgia, Art. José Aldazábal- 2 Bento XVI convida a viver com fé o Tríduo Pascal, 2008-3 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO CARTA-CIRCULAR «PASCHALIS SOLLEMNITATIS», A PREPARAÇÃO E CELEBRAÇÃO DAS FESTAS PASCAIS, 1988, nº 2

27 de março de 2010

Domingo de Ramos


O Domingo de Ramos dá inicio à Semana Santa, Semana Maior. Relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Este domingo é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao Filho de David”, “Salve o Messias”...

Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder.

O povo aclama-O cheio de alegria e esperança, pois Jesus como o profeta de Nazaré da Galiléia, o Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da escravidão política e económica imposta cruelmente pelos romanos, e também pelos sacerdotes que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.

Mas, essa mesma multidão, poucos dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria de impostor, de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à morte.

Na celebração do Domingo de Ramos, proclamamos dois evangelhos: o primeiro, que narra a entrada festiva de Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do julgamento de Cristo. Julgamento injusto com testemunhas com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes porém, da sua condenação, Jesus passa por humilhações, é chicoteado. Só depois de tudo isso é que Ele foi condenado à morte, pregado numa cruz.

O Domingo de Ramos pode ser chamado também de “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, nele, a liturgia relembra e convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão do pecado e da morte. Crer nos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, é crer no mistério central da nossa fé, é crer na vida que vence a morte, é vencer o mal, é também ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo e Vitorioso viver eternamente. É proclamar, como nos diz São Paulo: ‘“Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai’ (Fl 2, 11).

13 de março de 2010

Domingo da Alegria


O IV Domingo da Quaresma é conhecido por Domingo Laetare (da alegria). A Igreja quer recordar-nos assim que a alegria é perfeitamente compatível com a mortificação e a dor. O que se opõe à alegria é a tristeza, não a penitência

Na liturgia deste domingo, o sentimento que predomina na Liturgia da Palavra é a Alegria. Realmente reconhecer no nosso Deus a sua infinita paciência, amabilidade, ternura, carinho, incentiva-nos a elevar a fasquia do nosso viver cristãmente; a não vivermos a nossa relação com Deus como se tratasse de um assunto de marketing, mas procurando viver na consciência da abertura do coração de Deus que nos quer inundar da sua paz, do seu perdão, da sua tranquilidade, do seu amor, da sua saúde, para que a nossa vida, apesar das infidelidades e contrariedades, ser uma verdadeira festa, não só para nós mas também para os outros.

7 de março de 2010

III Domingo Quaresma

“Mas se não vos arrependerdes, ireis morrer todos de modo semelhante” (Lc. 13, 03).

São palavras duras, que nos fazem compreender que, com Deus, não se pode brincar; e, no entanto, palavras que procedem do amor de Deus que, por todos os meios, quer a salvação de todas as Suas criaturas. Deus já não fala hoje ao Seu povo por meio de Moisés, mas por meio de Seu Filho Jesus; faz-Se presente, não num silvado que arde sem se consumir, mas no Seu Filho Unigénito que, chamando os homens à penitência, personifica a misericórdia infinita que nunca se consome. Com essa misericórdia, Jesus suplica ao Pai que se prolongue o tempo e espere um pouco mais, até que todos se corrijam; assim como faz o agricultor da parábola, o qual, perante a figueira estéril, diz ao dono: “ Senhor, deixa-a ainda este ano…”. Jesus oferece a todos os homens a Sua graça, vivifica-os com os méritos da Sua Paixão, alimenta-os com o Seu Corpo e Sangue, pede para eles a misericórdia do Pai: que mais poderia fazer?

Ao homem corresponde não abusar de tantos benefícios, mas valer-se deles para dar frutos de autêntica vida cristã