23 de abril de 2010

Domingo do Bom Pastor


O Quarto Domingo da Páscoa, também é chamado o Domingo do Bom Pastor - Dia de orações pelas vocações sacerdotais e religiosas.

O termo pastor ressoa na boca de Jesus como um título cristológico que fala simultaneamente do seu mistério e de sua missão, tendo raízes no Antigo Testamento. Com efeito, Iahweh é o Pastor que conduz o seu Povo, através de seus servos quais autênticos pastores nem sempre, porém, fiéis à missão. Daí o tema no Antigo Testamento revelar um forte acento messiânico-escatológico, isto é, Deus haveria de suscitar um Pastor plenamente fiel ao serviço às ovelhas. Este pastor, segundo o coração de Deus, anunciado pelos profetas e esperado por Israel, é o Messias: Jesus.

Ele apresenta-se no Quarto Evangelho consciente não só de ser aquele pastor, mas também de que os que vieram antes dele eram ladrões e mercenários que dispersaram as ovelhas. Então, não só as reúne e defende, mas dá-lhes a vida porque morre e ressuscita para isso. Justifica-se, pois, a escolha do relato do Quarto Domingo da Páscoa, por esta nítida relação estabelecida entre o pastoreio de Jesus e o momento da sua morte e ressurreição. Aliás, esta entrega de si é que justifica o qualitativo bom acrescido ao pastor.

Paulo VI percebeu a importância desta mensagem e fez deste Domingo uma Jornada Mundial de Orações pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas. Dessa maneira, deseja que à luz do Bom-Pastor que dá a vida compreendamos, aceitemos e valorizemos as vocações especiais na Igreja. O melhor modo de valorizá-las é perceber as suas necessidades. Quem precisa pede, ora, implora. Há, pois, uma pequena subtileza no pedido que fazemos a Deus. É claro que pedimos vocações. Mas, na realidade, suplicamos que Ele conceda o dom que motiva o coração humano para a entrega de si mesmo, aquela disposição do Bom-Pastor que dá a vida, sem o que a Redenção não se realiza. Este dom é pedido, hoje, pela Igreja ao seu Pastor Supremo, sem o qual não há nem vocacionados nem a expressão visível Daquele que redimiu e congregou o Rebanho.

A imagem do Bom-Pastor, plena de conteúdo salvífico, permite também que toda obra e ministério eclesiais sejam chamados de Pastoral porque os baptizados, segundo os carismas que possuem, são vocacionados ao serviço, dando a vida pela causa Daquele que se entregou por nós. Portanto, a imagem desperta a generosidade e a disponibilidade dos cristãos para o serviço na Igreja e no Mundo, à semelhança do pastoreio de Jesus.

11 de abril de 2010

Nova Evangelização


Os discípulos encontram-se reunidos em casa. Este encontro, no contexto deste Evangelho, é a celebração da Eucaristia. Quando os crentes estão reunidos eucaristicamente, encontram o Ressuscitado. Este saudou os seus discípulos: "A paz esteja convosco". O presidente da assembleia eucarística saúda também os presentes de maneira semelhante.
O apóstolo Tomé não estava presente na primeira aparição e, por isso, não pôde ver Jesus Ressuscitado. Só oito dias depois, reunido com os outros, viu Jesus Ressuscitado. Esta situação é narrada por causa do seu significado. Quem, como Tomé, se ausenta dos encontros eucarísticos não pode fazer a experiencia do Ressuscitado, não pode receber a sua saudação, nem o seu Espírito, nem a alegria que nasce do encontro com Deus. Quem, no Dia do Senhor, no Domingo, fica em casa, mesmo que reze sozinho, veja a Eucaristia pela Televisão, excepção feita para os doentes, pode ter uma certa experiência de Deus, mas não a do Ressuscitado, porque Este Se torna presente no lugar onde se reúne a comunidade. Tenhamos presente a experiencia dos discípulos de Emaús.
Tomé é também a imagem da Igreja que caminha no meio de dúvidas, de recusas, de altos e baixos, até chegar à confissão “Meu Senhor e meu Deus!" Contudo, a Igreja esta encarregada de exercer uma pedagogia da fé para todos os tempos. Tal significa que não pode nem deve ficar presa rigidamente ao passado, mas é convidada pelo Espírito e pelo povo a abrir-se à diversidade de carismas. A meta final é "Meu Senhor e meu Deus!", mas os ritmos e os caminhos são diferentes. A Igreja deve ter as portas abertas, sempre abertas, aos que buscam, perguntam, lutam, caminham penosamente. Uma busca dolorosa pode ser mais autêntica do que um estado de Ietargia. É preciso abrir caminhos para o Espírito do Ressuscitado actuar. Pode chamar-se a isto a nova evangelizarão, que a Missão 2010 pretende implementar.
(Folha Dominical da comunidade Paroquial de Espinho)

5 de abril de 2010

Oitava da Páscoa


Passado o tempo da Quaresma, no qual nos preparamos para a celebração da Ressurreição do Senhor, entramos no Tempo Pascal, tempo de alegria e exultação pela vida nova que o Senhor nos dá, tendo pago um alto preço: a sua entrega e morte na cruz.

A cor litúrgica deste tempo é branca, símbolo da pureza e da alegria. A presença do Círio Pascal é marcante como símbolo do Cristo Ressuscitado, LUZ que vai à frente e nos ilumina.

Nesta semana, em particular, estamos a celebrar A OITAVA DA PÁSCOA. Como o mistério da "passagem" do Senhor pela morte é extremamente profundo, durante 8 dias celebraremos esse grande mistério como se fosse um único dia com o objectivo de viver melhor o ponto central de nossa fé: A RESSURREIÇÃO DE JESUS.

Todo o tempo pascal, que se estende por 7 semanas até à Festa de Pentecostes, é marcado, não apenas nos domingos mas também durante os outros dias da semana, pelos textos dos Actos dos Apóstolos e do Evangelho de S. João. São textos que nos mostram a fé das primeiras comunidades cristãs e dos Apóstolos em Cristo Ressuscitado e convidam-nos a fazer da nossa vida uma contínua Páscoa seguindo fielmente os passos de Jesus, testemunhando-o corajosamente no mundo de hoje.

Que a luz do Cristo Ressuscitado nos ilumine para que sejamos LUZ para o mundo!

3 de abril de 2010

Noite da Vigília Pascal




De início, celebrava-se a Páscoa num só dia, melhor dizendo, numa só noite. Era a grande Noite da Vigília Pascal. É de facto a partir do século IV que a grande Celebração da Noite Pascal, a mãe de todas as vigílias, deu origem à Semana Santa.
No século IV, a Vigília Pascal tomava toda a noite, do pôr do sol de Sábado até ao dia seguinte, de manhã muito cedo (Jo. 20, 1), de modo que não havia qualquer outra celebração em dia de Páscoa. Cedo porém esta prática desapareceu.
Mas é esta observância da Igreja primitiva que importa reter pelo seu grande significado: numa Noite semelhante àquela da libertação em que o povo hebreu, oprimido no Egipto, esperou o sinal da partida para a Páscoa da liberdade (Ex. 12), o Povo da Nova Aliança espera a Ressurreição do Senhor Jesus. E deste modo os cristãos aguardam de lâmpadas acesas (Luc. 12, 35) que o Senhor saia vitorioso do túmulo.
Não é um acontecimento passado que se recorda. Celebra-se sacramentalmente todo o Mistério da Salvação, toda a História com os seus antecedentes e consequências. É por isso a Festa da Vida, do nosso tempo, da Igreja, da nossa Comunidade. De facto, o Mistério da Páscoa é simultaneamente o Mistério de Cristo e o Mistério da Igreja.
É no Tempo que se cumpre a Salvação de Jesus Cristo, sobretudo através dos dois grandes Sacramentos do Baptismo e de Eucaristia: O Baptismo pelo facto de ser uma especialíssima configuração com a Morte e Ressurreição do Senhor Jesus (Rom. 6, 23), a Eucaristia por ser o seu grande Memorial.
A Liturgia da Noite Pascal porá em realce todos estes Sinais e Memórias, todo este Passado e Presente.
Apesar da riqueza do seu conteúdo e de toda a sua variedade, a Celebração da Vigília Pascal tem uma unidade espantosa nas suas quatro partes.
– A Celebração da LUZ
Afugentando as Trevas do Pecado e da Morte, o cristão celebra nesta Noite Aquele que diz:" Eu sou a Luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a Luz da Vida " (Jo. 8, 12). De facto, Ele que "era a Luz verdadeira vindo ao mundo a todo o homem ilumina" (Jo. 1, 9).
A bênção do fogo, um fogo puro, não artificial, fogo depois comunicado ao CíRIO,, um dos grandes sinais litúrgicos desta Noite, e logo comunicado aos pequenos círios empunhados pela Assembleia, prepara a Igreja para o anúncio da Páscoa feito através do belo poema lírico, que é o Precónio.

– A Celebração da PALAVRA
Esta Celebração da Vigília resume uma História, que se actualiza hoje. Uma longa série de Leituras da Bíblia faz-nos reviver os passos mais importantes da História de um Povo, ao qual Deus se revelou.
- A Celebração da ÁGUA
O momento mais alto da celebração pascal é a Celebração do Baptismo. Associando-se à Ressurreição de Cristo, os baptizados morrem para o homem velho ressuscitando para a Vida nova de Filhos de Deus e como membros da Igreja caminham para o Reino tendo de passar não pelas águas do mar vermelho mas sim pelas águas do Baptismo.
Por isso, nos primeiros séculos, o Baptismo celebrava-se somente na Vigília Pascal, sendo a Quaresma o grande Tempo de preparação.
Depois de Celebração do Baptismo, o momento alto da Noite, toda a Assembleia é convidada a fazer uma pública e solene profissão de Fé, verdadeira reafirmação do seu Baptismo.
– A Celebração da EUCARISTIA
A Eucaristia é o grande Memorial da Morte e da Ressurreição do Senhor Jesus. "Anunciamos Senhor a vossa Morte e proclamamos a vossa Ressurreição" Toda a celebração é uma explosão de alegria e um apelo a que nos consideremos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus (Rom. 6, 11).
Renascida pela Água e pelo Espírito e transferida para o Reino da Luz com a Força Nova da Palavra Criadora, alimentada com o Pão e o Vinho da Eucaristia, a Igreja sente-se um Povo de Homens Novos.

(adapP. João Silva, s.j.)

Sábado Santo


"Durante o Sábado Santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.

A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz "por que me abandonaste?", agora ele cala no sepulcro. Descansa: "consummantum est", "tudo está consumado". Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloqüente. "Fulget crucis mysterium", "resplandece o mistério da Cruz".

O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento.

É um dia de meditação e silêncio. Algo parecido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: "Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento" (Jó. 2, 13).

Não é um dia vazio em que "não acontece nada. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo detemo-nos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado:

"... despojou-se da sua posição e tomou a condição de escravo… rebaixou-se até se submeter inclusive à morte, quer dizer, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que Ele expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo em que Cristo depositado na tumba manifesta o grande repouso sabático de Deus depois de realizar a salvação dos homens, que estabelece na paz o universo inteiro". (adapAcidigital)

2 de abril de 2010

Sexta-Feira Santa Paixão e Morte de Jesus


Nesta Sexta-feira Santa os nossos olhares se voltam-se para o Crucificado. Na liturgia das três horas da tarde, o ponto central e alto é o descobrir da cruz, seguido de um gesto de adoração e de gratidão por toda assembleia que toma parte neste acto.
Nós estamos acostumados a falar dos sentimentos físicos de Jesus - e realmente eles foram enormes, para além de Suas medidas. Basta pensarmos na flagelação horrenda que precedeu a crucificação, na agonia lenta que Jesus suportou, pendente na cruz. No entanto, não se fala com muita ênfase nos sentimentos internos de Jesus, e estes foram tão grandes ou maiores do que os sofrimentos externos.
Jesus foi entregue por um amigo íntimo no qual havia confiado plenamente. Jesus foi abandonado por todos os Seus amigos íntimos, sem excepção, foi negado por um deles, depois que este mesmo Lhe descobriu o messianismo misterioso. Jesus foi ridicularizado naquilo que Lhe era mais caro, o Seu messianismo. Jesus foi tratado como um rei de comédia, um charlatão, um bufão - é lamentável e grotesco termos que contemplar Jesus todo ensanguentado, com um manto de púrpura nas costas, uma cana na mão e uma coroa de espinhos na cabeça. “Adivinha quem te bateu rei dos judeus”?
Jesus sofreu todas as piores humilhações em nosso favor. Não houve humilhação que Jesus não houvesse suportado: carregou Sua cruz, pelas ruas de Jerusalém, sendo objecto de escárnio e humilhação de todos os passantes.
O cálice do sofrimento foi bebido até o final e, nesta Sexta-feira Santa, nós gostaríamos de nos colocar diante da cruz para contemplar com amor e reconhecimento um a um, não só os sofrimentos físicos, mas também os sofrimentos morais de Jesus, repetindo, quem sabe, as palavras de Paulo: “Ele me amou, Ele Se entregou por mim”.
Adap.Padre Fernando J. C. Cardoso

1 de abril de 2010

Missa Crismal de Quinta-Feira Santa




Na Missa Crismal de Quinta-feira Santa,os santos óleos estão no centro da acção litúrgica.São consagrados pelo Bispo na sé catedral para o ano inteiro. Assim, exprimem também a unidade da Igreja, garantida pelo Episcopado e aludem a Cristo, o verdadeiro "pastor e guarda das nossas almas", diz São Pedro (cf. 1 Pd 2,25). E, ao mesmo tempo, mantêm unido todo o ano litúrgico, ancorado no mistério de Quinta-feira Santa.
Enfim, os óleos aludem ao Horto das Oliveiras, onde Jesus aceitou interiormente a sua Paixão. Contudo, o Horto das Oliveiras é também o lugar donde Jesus subiu ao Pai, tornando-se, assim, o lugar da Redenção: Deus não deixou Jesus na morte. Jesus vive para sempre junto do Pai, e por isso mesmo é omnipresente, está sempre junto de nós. Este duplo mistério do Monte das Oliveiras também está "activo" no óleo sacramental da Igreja.
Em quatro sacramentos, o óleo é sinal da bondade de Deus que nos toca: no Baptismo; na Confirmação, como sacramento do Espírito Santo; nos vários graus do Sacramento da Ordem; e, finalmente, na Unção dos Enfermos, na qual o óleo nos é oferecido, por dizer assim, como medicamento de Deus – como o medicamento que agora nos torna seguros da sua bondade e deve-nos revigorar e consolar, mas ao mesmo tempo aponta para além do momento da enfermidade, para a cura definitiva, a ressurreição (cf. Tg 5,14). Assim o óleo, nas suas diversas formas, nos acompanha ao longo de toda a vida, desde o catecumenato e o Baptismo até ao momento em que nos preparamos para o encontro com Deus Juiz e Salvador.
Em suma, a Missa Crismal, na qual o sinal sacramental do óleo nos é apresentado como linguagem da criação de Deus, fala de modo particular ao sacerdote: fala-nos de Cristo, que Deus ungiu como Rei e Sacerdote; dele, que nos torna participantes do seu sacerdócio, da sua "unção", na nossa ordenação sacerdotal.
"in Vaticano"