16 de fevereiro de 2008

Transfiguração


Mateus não está interessado em relatar-nos simplesmente informações. Ele quer levar os cristãos das comunidades, e a nós também, a compreender quem é Jesus. Para isso ele recorre à linguagem teológica através de figuras e símbolos.
No livro do Êxodo, Moisés sobe à montanha levando consigo duas pessoas e lá conversa com Javé.
Fica claro que na transfiguração Mateus quer-nos apresentar Jesus como o novo Moisés, aquele que dá ao novo povo, representados pelos três discípulos, a nova lei, a revelação definitiva de Deus. No alto da montanha aparecem Moisés e Elias. O primeiro é aquele que deu a lei ao seu povo, o outro é considerado como o primeiro dos profetas. Pedro, como de costume, não entende o significado do que está acontecendo. Ele ainda julga que Jesus é somente um grande personagem, um homem do mesmo nível de Moisés, de Elias, por isso sugere que sejam construídas três tendas iguais. Mas os três personagens já não podem continuar juntos. Jesus destaca-se nitidamente dos outros, é absolutamente superior.
Neste ponto Deus intervém para corrigir a falsa interpretação de Pedro: Jesus não é somente um grande legislador ou um simples profeta, é o Filho predilecto do Pai. É a ele e somente a ele que os discípulos devem dar ouvidos. É por isso que se observa que, quando os três discípulos levantam os olhos, não vêem mais ninguém a não ser Jesus. Moisés e Elias desapareceram, já cumpriram a sua missão ao apresentar ao mundo o Messias, o novo profeta, o novo legislador.

Neste segundo domingo da Quaresma, a liturgia da Palavra traz ricos ensinamentos. Nossa vida na fé é um caminho a ser percorrido...como o de Abraão, o de Paulo, o de Timóteo. Nesta caminhada não estamos sozinhos, a palavra de Jesus, seu Evangelho aponta-nos a direcção. Estamos dispostos a ouvir o que Jesus tem a dizer-nos? Ouvimos tantas vozes... por que não escutar o que Jesus diz?

(Adap.Pe. Francisco Pires de Andrade, cmf)

13 de fevereiro de 2008

Quadragésima.com


A Quaresma só tem sentido como caminhada para a Páscoa, a festa das festas. E nesta caminhada temos que saber parar para deixar ecoar dentro de nós a Palavra de Deus, e só o Espirito Santo nos ajudará a compreender tudo que Jesus disse e ensinou. Este desafio que o Confessionário nos propõe é uma reflexão em comunhão, como nos diz:«O tempo da Quaresma é um tempo de descoberta da nossa identidade como cristãos. É um tempo de encontro connosco próprios e com Deus. É um tempo especial de introspecção e reflexão. Porque não havemos de o fazer aqui, na net, e de uma forma mais comunitária, ajudando-nos uns aos outros?! Deste objectivo nasce esta proposta, a “quadragésima.com”.»

Regras da quadragésima.com:

1- Ao receber a “quadragésima.com” o blogger deve reflectir na sua relação com Deus e descobrir uma frase, bíblica ou não, que a defina;

2- Depois de o fazer deve re-escrever num post estas regras, as frases já assinaladas pelos anteriores bloggers (com o respectivo link), e escrever a sua;

3- No post deve incluir quem deseja convidar (pode e deve manifestá-lo no blog da pessoa convidada);

4- Não é permitido fazer mais que um convite ao mesmo tempo;

5- O blogger que, recebendo a “quadragésima.com”, não estiver interessado em aceitá-la, deve indicá-lo ao seu emissário para que este lhe dê seguimento através de outro blogger;

6- Não podem aceitar mais que uma vez a “quadragésima.com”; se o convite aparecer, mesmo vindo de outra “frente”, devem igualmente informar o emissário do segundo convite;

7- A “quadragésima.com” realiza-se em 3 frentes: frente “Deus-Pai”; frente “Jesus”; frente “Espírito Santo”; estas frentes funcionarão quase como equipas, para tentar chegar ao maior número de bloggers possível (não se trata de encontrar vencedores, mas empenhados);

8- A “quadragésima.com” será encerrada na Sexta-feira Santa, dia 21 de Março, pelas 12.00 horas, hora em que o último blogger receptor deve endereçá-la, já com a sua frase, a este endereço, para publicitarmos todas as frases que definem a nossa relação com Deus nesta Quaresma de 2008.

Obrigado por aceitares a quadragésima.com.
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Incumbida pelo Confessionário, a Fá deu início à frente "Espírito Santo" e de seguida, convidou o Joaquim a dar-lhe continuidade e depois entrou a Malu, seguindo-se o António.Cabe-me a mim, Mafaoli, dar-lhe continuidade. E como a ideia é tentar chegar ao maior número de bloggers possível, não perco tempo e chamo já, já, o Silvino para nos acompanhar.

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quadragésima.com - frente “Espírito Santo” - as frases :

0 - “Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas.” Jo 10, 11 - Confessionário dum padre.

1 - ''De maneira semelhante é que o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza, pois não sabemos o que devemos pedir em nossas orações, mas é o próprio Espírito que intercede por nós com gemidos inefáveis''.Rom. 8,26 – Partilhas em Fa menor.

2 - «Fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse.» Jo 14,25-26 - Que é a Verdade?.

3 - «E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá. Se um filho pedir um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente? Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem.» - Lc.11, 9-13 - A Capela.

4- "De facto, não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós, excepto no pecado." - Hb. 4, 15 - A Partilha.

5- «Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir. Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.» (Jo.16,12-15) - Mafaoli

9 de fevereiro de 2008

A tentação


Procuremos entender as três tentações que o Diabo fez a Jesus. Elas representam a maneira errada de se relacionar com as três realidades: com as coisas, com Deus, com as pessoas.

1º- "Diz a estas pedras que se transformem em pão": aqui é denunciado o modo errado com que o homem e a mulher se relacionam com as realidades materiais. Acumular para si próprio, viver do trabalho dos outros, desperdiçar em luxos e em coisas desnecessárias, enquanto a outras pessoas falta o necessário. A esta tentação estamos nós sujeitos todos os dias. Ora, a Quaresma é tempo de revisão de vida e de conversão.


2º - "Lança-te daqui abaixo:" também nós cedemos a esta tentação sempre que exigimos de Deus sinais do seu amor, sempre que lhe pedimos para ser libertados, mediante graças e milagres, das dificuldades, das contrariedades, das desgraças que atingem as outras pessoas. Em cada situação, feliz ou dolorosa, devemos, sem dúvida, rezar-lhe, não para que conceda privilégios ou para que nos dê luz e força para sairmos mais maduros de cada prova. Não devemos esperar que Deus nos trate de forma diversa da que tratou o seu amado Filho Unigénito.


3º - "Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares": é a tentação do poder, do domínio sobre as outras pessoas. A escolha é entre dominar e servir, entre competir e ser solidário, entre subjugar e considerar-se servo. O desejo do poder é de tal modo imparável que até mesmo quem é pobre é tentado a dominar quem é mais fraco do que ele. A autoridade é um carisma, um dom de Deus à comunidade, para que cada pessoa possa ser colocada no seu lugar e sentir-se realizada. O poder, pelo contrário, é diabólico, mesmo se exercitado em nome de Deus.


Neste tempo da Quaresma somos convidados a rever a nossa vida e darmo-nos conta de que tudo o que temos e somos deve ser canalizado numa linha de humildade e de serviço.
(P. José Granja)

6 de fevereiro de 2008

Cinzas


Começa nesta quarta-feira a preparação para a festa mais importante para os cristãos, a celebração do acontecimento central e máximo de toda a história da humanidade. A Páscoa. E porque ela é tão grande, merece uma preparação consciente.
E como iniciamos esta preparação? Colocando cinza sobre a nossa cabeça, como sinal de penitência, isto é, como sinal de que estamos dispostos a seguir no caminho de Deus com seu projecto de justiça e paz para todos.

Serão então quarenta dias de preparação: Quaresma.

Quarta-feira de cinzas! Celebramos neste dia o mistério do Deus misericordioso que acolhe a nossa penitência, a nossa conversão, isto é, o reconhecimento da nossa condição de criaturas limitadas, mortais, pecadoras. Conversão que consiste em crer no Evangelho, isto é, aderir a ele, viver segundo o ensinamento do Senhor Jesus. Numa palavra, trata-se de entrar no caminho pascal de Jesus. “Convertei-vos, e acreditai no Evangelho”: é o convite que Jesus faz (cf. Mc 14,15).É esta palavra que escutamos no momento da imposição das cinzas.
Por que cinzas? É para nos lembrar que na verdade somos pó! Mas não reduzidos a pó!... A fé em Jesus ressuscitado faz com que a vida renasça das cinzas. Quando o ser humano reconhece sua condição de criatura realmente necessitada da acção de Deus, em Cristo e no Espírito, então Jesus Cristo faz brotar vida de nossa condição mortal. Reconhecer-se assim, é entrar numa atitude pascal, isto é, de passagem com Cristo da morte para a vida. É tempo de conversão, através dos exercícios da oração, do jejum e da esmola ou partilha de bens e gestos solidários, no espírito do Sermão da Montanha.

Quarta-Feira Cinzas
Quarta-Feira Cinzas

4 de fevereiro de 2008

Bem-Aventuranças


Jesus ensina o cami­nho para alcançar a felicidade: as Bem­-Aventuranças. Elas são dirigidas a todos os homens, cristãos ou não. São o fermento capaz de transformar o mundo desumano num mundo humanizado.


Eis apenas o seu significado fundamental.
Bem-aventurados os pobres: os que põem de parte a auto-suficiência e abrem o
seu coração a Deus e aos outros.
Bem-aventurados os que choram: os que sentem uma dor profunda pela socie­dade injusta, mas esperam sem desesperar a salvação de Deus.
Bem-aventurados os humildes: os que, apesar de explorados pelos poderosos, mantêm uma confiança ilimitada em Deus e recusam a violência.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça: os que buscam a fraterni­dade e a justiça, que consiste sobretudo na recuperação dos pecadores e dos fracos.
Bem-aventurados os misericordiosos: os que agem como .Jesus, num amor sem limites, sabendo perdoar e aceitar o perdão.
Bem-aventurados os puros de coração: os que têm um coração limpo de hipo­crisia, leal e recto, e, por isso, têm a capacidade de fazer experiência de Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz: os que se empenham na construção de um mundo mais humano, mais fraterno e mais justo, onde é possível a harmonia comum e a sincera alegria de viver.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça: os que seguem o caminho de Jesus e, por isso, são perseguidos, sabendo que sem cruz não há salvação e a única forma capaz de vencer a espiral da violência é o amor.

As Bem-aventuranças não são promessas, são a proclamação de felicidade já para o tempo presente. Quem as pratica experimenta a felicidade, aqui e agora, plenificada, porém, no futuro. Não são ilusões, têm a assinatura de Cristo, que as viveu em plenitude e é a sua garantia. Elas são a Sua biografia completa.

3 de fevereiro de 2008

Sermão da Montanha


Segundo S. Mateus depois do chamamento de Pedro e André, grandes multidões acorreram ao encontro de Jesus, vindas de todo o lado, para ouvir a “Boa Nova do Reino” e para serem curadas (Mt.4,23). Mateus descreve-nos um grande discurso feito por Jesus na encosta de um monte e por isso é conhecido pelo “Sermão da Montanha”.

O “Sermão da Montanha” encontra-se nos capítulos V, VI e VII do Evangelho de S. Mateus, este discurso é muito semelhante ao do Evangelho de S. Lucas feito num “sítio plano” (Lc.6,17) sendo por isso vulgarmente chamado de Sermão da Planície (Lc.6,20-49).
O Sermão da Montanha é o primeiro dos cinco grandes discursos de Jesus no Evangelho de S.Mateus.

Neste discurso, Mateus fala sobre tudo que diz respeito à entrada no Reino de Deus:
- Quem pode entrar no Reino
- Quais as condições
- Quais os comportamentos a tomar dentro desse Reino.

Os outros discursos falam sobre a difusão do Reino, através
da pregação apostólica (Mt.10),
do Mistério do Reino, apresentado por meio de parábolas (Mt. 13),
da convivência mútua dentro do Reino (Mt. 18) e
da realização final do Reino (Mt.24-25).

O Sermão da Montanha divide-se em três partes:
I) As bem-aventuranças (mt.5,1-12), que indicam quais são os membros do Reino de Deus.
II) As atitudes a tomar pelos homens que fazem parte do Reino (Mt.5,13 – 7,12).
III) Conclusões finais (Mt.7,13-27), onde Jesus insiste fortemente na acção e não somente na mentalidade ou na intenção.

A primeira parte, as bem-aventuranças mostram os marginalizados pela sociedade, que são declarados felizes. Sinal de que, quando o Reino vier, terá cessado a injustiça, que hoje produz os marginalizados.

2 de fevereiro de 2008

Apresentação do Senhor no Templo


A data escolhida para a festa da apresentação de Jesus no templo pela Igreja de Jerusalém foi em princípio 15 de Fevereiro, 40 dias depois do nascimento de Cristo, que, então, o Oriente celebrava em 6 de Janeiro. A festa tem fundamento em Lc 2,22-40.

Em conformidade com a lei mosaica (Lv 12,2-4.8; Ex 13,2.11), que impunha o espaço de 40 dias entre o nascimento do menino e a purificação da mãe, também se devia oferecer o menino ao Senhor por ser o primogénito.Quando, nos século VI e VII, a festa se estendeu ao Oriente, foi antecipada para 2 de Fevereiro, porque o nascimento de Jesus era celebrado em 25 de Dezembro. Em Roma foi a apresentação unida a uma cerimónia penitencial, que se celebrava em contraposição aos ritos pagãos das "lustrações".Pouco a pouco a procissão de penitência passou a pertencer à festa, tornando-se uma espécie de imitação da apresentação de Cristo no templo, representando a viagem da sagrada família para Jerusalém.

O papa S. Sérgio I (Séc.VIII), de origem oriental, mandou traduzir para o latim os cantos da festa grega, que foram adoptados para a procissão romana. No século X, a França organizou uma solene bênção das velas que se usavam nessa procissão.Um século mais tarde, acrescenta-se a antífona "Luz para iluminar as nações" com o cântico de Simeão (Agora, Senhor, podeis deixar).

A apresentação de Jesus no templo, mais do que um mistério gozoso, é doloroso. Maria apresenta a Deus o seu filho Jesus, "oferece-o" a Deus.