O Nascimento do Rosário
O Rosário é uma oração cuja origem se perde nos tempos. A tradição diz que foi revelado a S. Domingos de Gusmão (1170-1221), numa aparição de Nossa Senhora, quando ele se preparava para enfrentar a heresia albigense.
Parece não haver muitas dúvidas de que o Rosário nasceu para resolver um problema importante dos novos frades mendicantes. De facto, os franciscanos e dominicanos estavam a introduzir um novo tipo de ordem religiosa no século XII, em alternativa aos antigos monges, sobretudo Beneditinos e Agostinhos. Estes, nos seus mosteiros, rezavam todos os dias os 150 salmos do Saltério. Mas os mendicantes não o podiam fazer, não só por causa da sua pobreza e estilo de vida, mas também porque em grande parte eram analfabetos.
Assim nasceu, nos dominicanos, o Rosário, o “saltério de Nossa Senhora”, a “Bíblia dos pobres”, com 150 Avé-Marias. Um pouco mais tarde, em 1422, pelas mesmas razões, os franciscanos criaram a Coroa Seráfica, uma oração muito parecida, mas com estrutura ligeiramente diferente (tem sete mistérios, em honra das sete alegrias da Virgem, os mistérios Gozosos, trocando a Apresentação no Templo pela Adoração dos Magos e os dois últimos Gloriosos, acrescentando mais duas Avé-Marias em honra dos 72 anos da vida de Nossa Senhora na Terra).
Mas é preciso dizer que, nessa altura, não havia ainda a Ave Maria.
Já desde o século IV se usava a saudação do arcanjo S. Gabriel (Lc 1, 28) como forma de oração, mas só no século VII ela aparece na liturgia da festa da Anunciação como antífona do Ofertório.
No século XII, precisamente com o Rosário, juntam-se as duas saudações a Maria, a de S. Gabriel e a de S. Isabel (Lc 1, 42), tornando-se uma forma habitual de rezar.
Em 1262 o Papa Urbano IV (papa de 1261-1264) acrescenta-lhes a palavra “Jesus” no fim, criando assim a primeira parte da nossa Ave Maria.
Só no século XV se acrescenta a segunda parte de súplica, tirada de uma antífona medieval. Esta fórmula, que é a actual, torna-se oficial com o Papa Pio V (1566-1572). Grande reformador no espírito do concílio de Trento (1545-1563), S. Pio V é o responsável pela publicação do Catecismo, Missal e Breviário Romanos surgidos do Concílio, que renovam toda a vida a Igreja.
Foi precisamente no Breviário Romano, em 1568, que aparece pela primeira vez na oração oficial da Igreja a Avé-Maria.
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"Eu estou sempre convosco, todos os dias, até ao fim dos tempos" (Mt. 28, 20b)
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