11 de dezembro de 2007

Novo Ano Litúrgico IV

ESTRUTURA CELEBRATIVA E PEDAGÓGICA DO ANO LITÚRGICOComo se pode ver pelo gráfico, e como já foi referido neste trabalho, o Ano Litúrgico divide-se em dois grandes ciclos: Natal e Páscoa. Entre eles situa-se o Tempo Comum, não os separando, mas unindo-os, na unidade pascal e litúrgica.
Em cada ciclo há três momentos, de grande importância para a compreensão mais exacta da liturgia. São eles:
preparação para a festa principal;
celebração solene, constituindo assim o seu centro; e
prolongamento da festa celebrada.
No centro do Ano Litúrgico encontra-se Cristo, no seu Mistério Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição). É o memorial do Senhor, que celebramos na Eucaristia. O Mistério Pascal é, portanto, o coração do Ano Litúrgico, isto é, o seu centro vital.
O círculo é um símbolo expressivo da eternidade, e o Mistério Pascal de Cristo, no seu centro, constitui o eixo fundamental sobre o qual gira toda a liturgia.

ESTUDO PORMENORIZADO DE CADA CICLO COM SUAS CELEBRAÇÕES
CICLO DO NATAL
Vejamos agora um pouco de cada momento do ciclo natal, a fim de se ter uma noção mais exacta.
Preparação: Advento
Celebração: Natal
Prolongamento: Tempo do Natal

• AdventoO Advento é um tempo forte na Igreja, onde nos preparamos para a celebração do Natal. Tem duas características, marcadas por dois momentos. O primeiro vai do primeiro domingo do Advento até o dia 16 de Dezembro. Neste primeiro momento, a liturgia fala-nos da segunda vinda do Senhor no fim dos tempos, a chamada escatologia cristã. Já o segundo momento vai do dia 17 ao dia 24 de Dezembro. É como que a "semana santa" do Natal. Neste período, a liturgia vai falar-nos mais directamente da primeira vinda do Senhor, no Natal.
No Advento temos quatro domingos, o terceiro chamado "Gaudete", isto é, domingo da alegria.
Podemos dizer que os quatro domingos do Advento simbolizam os quatro grandes períodos em que Deus preparou a humanidade, de maneira progressiva, para a grande obra da redenção em Cristo. Esses quatro períodos são:
1º) O tempo que vai de Adão a Noé –
2º) O tempo de Noé a Abraão –
3º) O tempo de Abraão a Moisés - e
4º) O tempo que vai de Moisés a Cristo.
Com Abraão começa, historicamente, a caminhada da salvação (Cf. Gn 12).
Os quatro domingos simbolizam também as quatro estações do ano solar e as quatro semanas do mês lunar. Aqui pode-se ver a harmonia entre tempo histórico e tempo cósmico. Também a coroa do Advento, na sua forma circular, com as suas quatro velas, quer chamar a nossa atenção, já no início do Ano Litúrgico, para o mistério de Deus que nele vamos celebrar. A cor verde dos ramos da coroa (pinheiro, principalmente), fala do mistério cristão, e simboliza então a esperança e a vida eterna.
Três personagens bíblicos marcam o tempo do Advento. São eles: o profeta Isaías, São João Batista e a Virgem Mãe de Deus. Não é tempo penitencial, no sentido próprio e litúrgico, mas tempo de expectativa, de moderação e de esperança. Por isso, a cor roxa não é muito apropriada para o Advento, mas, oficialmente, ela é a que se deve usar.


• Natal
O Natal é a celebração principal de todo o ciclo natalícias. Constitui portanto o seu centro. Cristo nasce em Belém da Judéia, em noite fria (inverno), mas traz do céu o calor vitalizante da santidade de Deus, em mensagem de paz dirigida sobretudo aos pobres, com quem se identifica mais plenamente, cumulando-os das riquezas do Reino. Sua "noite feliz" sinaliza para a "noite fulgurante" da Sagrada Vigília Pascal do Sábado Santo, onde as trevas são dissipadas, definitivamente, pela luz do Cristo Ressuscitado.
No Natal dá-se a união hipostática, ou seja, a natureza divina se une à natureza humana, numa só pessoa, a pessoa do Verbo Encarnado (Cf. Jo 1,14), mistério que transcende a compreensão humana. É pura humildade de Deus e pura gratuidade do amor divino.


• Tempo do NatalComo o Advento, tem também o Tempo do Natal dois momentos. Um, imediato: é a Oitava do Natal, que prolonga a solenidade do natal por oito dias, encerrando-se no dia primeiro de Janeiro. O segundo momento vai de 2 de Janeiro até a Festa do Baptismo do Senhor, quando então se encerra o ciclo do Natal.

Vejamos agora as festas e solenidades do ciclo do Natal, nomeando-as, mas sem referência a aspectos celebrativos.


No Advento (além dos quatro domingos)
• Solenidade da Imaculada Conceição - em 8 de Dezembro
No Natal• Solenidade principal do ciclo de natal, com vigília e três missas
No Tempo do Natal
São duas as solenidades e duas também as festas celebradas no Tempo do Natal, além, é claro, da solenidade principal de 25 de Dezembro. São elas:
• Solenidade da Santa Mãe de Deus
Esta solenidade é celebrada em 1º de Janeiro, com a qual se encerra, como vimos, a Oitava do Natal.
• Solenidade da Epifania
Epifania significa manifestação. É, pois, a manifestação de Jesus ao mundo, como salvador universal. Os magos simbolizam o conjunto das nações e dos povos. A Epifania marca, assim, a universalidade da redenção de maneira viva e simbólica. Celebra-se a Epifania no domingo que cai entre os dias 2 a 8 de Janeiro.
• Festa da Sagrada Família
Esta festa é celebrada no domingo entre os dias 26 e 31 de Dezembro. Se não houver domingo neste período, então a Festa da Sagrada família é celebrada no dia 30 de Dezembro, em qualquer dia da semana.
• Festa do Baptismo do Senhor
Com a Festa do Baptismo do Senhor encerra-se o ciclo do Natal. A data da sua celebração depende da Solenidade da Epifania. Se a Epifania for celebrada até o dia 6 de Janeiro, então o Baptismo do Senhor celebra-se no domingo seguinte. Se, porém, a Epifania for celebrada no dia 7 ou 8 de Janeiro, então a Festa do Baptismo do Senhor será celebrada no dia seguinte, isto é, na segunda-feira. A Festa do Baptismo do Senhor marca o início da vida pública e missionária de Cristo.

Há ainda, três celebrações natalícias, mas são comemoradas fora do ciclo do Natal: a festa da Apresentação do Senhor, em 2 de Fevereiro, no Tempo Comum portanto; a solenidade de São José, esposo da Santíssima Virgem, em 19 de Março, e a solenidade da Anunciação do Senhor, em 25 de Março, estas duas últimas na Quaresma, sendo que, com referência à Anunciação, esta também pode cair, eventualmente, na Semana Santa. Nesta última hipótese, tal solenidade é transferida para depois da Oitava da Páscoa, uma vez que na Semana Santa não se pode fazer nenhuma comemoração que não seja a da sua própria liturgia.

Dentro ainda da Oitava do Natal, três festas do "Santoral" são celebradas, mas com Vésperas da Oitava. São elas: Santo Estêvão, diácono e protomártir, em 26 de Dezembro; São João, Apóstolo e Evangelista, em 27 de Dezembro; e Santos Inocentes, em 28 de Dezembro.

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