15 de dezembro de 2007

Novo Ano Litúrgico V

CICLO DA PÁSCOAApós pequenas considerações sobre o ciclo do Natal, vejamos agora alguns pontos do ciclo pascal, na riqueza também de sua estrutura celebrativa.
Preparação: Quaresma
Celebração: Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor
Prolongamento: Tempo Pascal
A exemplo do que se fez no Ciclo do Natal, aqui se explicita também um pouco cada momento do Ciclo da Páscoa.
• QuaresmaChamado, liturgicamente, de tempo de preparação penitencial para a Páscoa, a Quaresma, a exemplo também do Advento, tem dois momentos distintos: o primeiro vai da Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo da Paixão e de Ramos, e o segundo, como preparação imediata, vai do Domingo de Ramos até a tarde de Quinta-Feira Santa, quando se encerra então o tempo quaresmal.
O tempo da Quaresma é tempo privilegiado na vida da Igreja. É o chamado tempo forte, de conversão e de mudança de vida. Sua palavra-chave é: "metanóia", ou seja, conversão. Nesse tempo se registam os grandes exercícios quaresmais: a prática da caridade e as obras de misericórdia. O jejum, a esmola e a oração são exercícios bíblicos até hoje recomendáveis, na imitação da espiritualidade judaica.
Seis são os domingos da Quaresma, sendo o sexto já o Domingo de Ramos. Como se viu no Advento, tem também a Quaresma o seu domingo da alegria, o 4º domingo, chamado "Laetare".
A palavra "Quaresma" vem do latim "quadragésima", isto é, "quarenta", e está ligada a acontecimentos bíblicos, que dizem respeito à história da salvação: jejum de Moisés no Monte Sinai, caminhada de Elias para o Monte Horeb, caminhada do povo de Israel pelo deserto, jejum de Cristo no deserto, etc..
• Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do SenhorO Tríduo Pascal é o centro não só da Páscoa, mas também de toda a vida da Igreja. Na liturgia ocupa o primeiro lugar em ordem de grandeza, não havendo, pois, nenhuma outra celebração que se possa colocar no seu nível. É portanto o cume da liturgia e de todo o acontecimento da redenção. Por isso, deveria estar mais presente, como tema, em toda catequese e ser objecto de interiorização nos encontros eclesiais.

Começa o Tríduo Pascal na Quinta-Feira Santa, na missa vespertina, chamada "Ceia do Senhor", tem seu centro na Vigília Pascal do Sábado Santo e encerra-se com a missa vespertina do Domingo da Páscoa.
O Tríduo Pascal não é - diga-se - um tríduo que nos prepara para o Domingo da Páscoa, mas um tríduo celebrativo do Mistério Pascal de Cristo, que culmina no domingo, "Dia do Senhor". Trata-se, pois, de uma única celebração, em três momentos distintos.

É tão fundamental o Tríduo Pascal que, sem ele, não existiria a liturgia, e o que teríamos era então uma Igreja sem sacramentos e sem a missionaridade redentora. Por que se diz isto? Porque, sem a ressurreição de Cristo - ensina-nos São Paulo (Cf. 1Cor 15,14) - vazia seria toda a pregação apostólica, como vã, vazia e sem sentido seria também a nossa fé. Estaríamos ainda acorrentados nos "Egiptos" do mundo e presos aos grilhões do pecado e da morte.
Aplica-se sobretudo ao Domingo da Páscoa tudo o que se disse sobre o domingo, como fundamento do Ano Litúrgico. E mais: o Domingo da Páscoa deve ser visto, celebrado e vivido como o "domingo dos domingos", dia, pois, sagrado por excelência. Se todos os domingos do ano já têm primazia fundamental sobre todos os outros dias, o Domingo da Páscoa destaca-se ainda mais pela sua notoriedade cristã, dada a sua relação teológica com o Cristo Kyrios (Senhor).

• Tempo PascalCom a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, somente duas celebrações hoje na Igreja têm "oitava", isto é, um prolongamento festivo por oito dias, durante o qual a liturgia se volta para a solenidade principal. Estas duas celebrações são Natal e Páscoa. A Oitava da Páscoa vai, assim, do Domingo da Páscoa ao domingo seguinte.
Os domingos do Tempo Pascal são chamados de "Domingos da Páscoa", com a identificação de 1º, 2º etc.. São sete tais domingos, e, no sétimo celebra-se a Solenidade da Ascensão do Senhor. Como se vê, o prolongamento mais extenso da Páscoa se dá então até a Solenidade de Pentecostes. Segundo Santo Atanásio, o Tempo Pascal deve ser celebrado como um "grande domingo", ou seja, um domingo com duração de 50 dias.

Solenidades do Tempo PascalComo já ficou evidenciado acima, além do Tríduo Pascal, que é a celebração principal da Páscoa, duas outras solenidades marcam também o Tempo Pascal. São elas:
Ascensão do Senhor
É o domingo que celebra a subida do Senhor ao céu, quarenta dias após a ressurreição (Cf. Act 1,1-3). A data certa da solenidade seria na quinta-feira precedente, mas, como não é feriado, transferiu-se então tal comemoração para o domingo seguinte, ocupando, pois, tal solenidade o lugar do 7º Domingo da Páscoa.
PentecostesComo sabemos, Pentecostes é o coroamento de todo o ciclo da Páscoa. É a solenidade que celebramos após 50 dias da ressurreição. Marca o início solene da vida da Igreja (Cf. Act 2,1-41), não o seu nascimento, pois este se dá, misteriosamente, na Sexta-Feira Santa, do lado do Cristo Crucificado, como sua esposa imaculada.
Pentecostes, como já foi dito, coroa a obra da redenção, pois nela Cristo cumpre a promessa feita aos apóstolos, segundo a qual enviaria o Espírito Santo Consolador, para os confirmar e os fortalecer na missão apostólica. A vinda do Espírito Santo, no episódio bíblico de Act 2,1-4, deve ser entendida em dimensão também eclesiológica, ou seja, como acção estendida a toda a Igreja, no desejo do Pai e do Filho. Com Pentecostes encerra-se, pois, o ciclo da Páscoa.

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