Com a Missa vespertina da Ceia do Senhor tem início o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.
É comemorada a instituição dos Sacramentos da Eucaristia e da Ordem e o mandamento do Amor (o gesto do lava-pés).
A simbologia do sacrifício é expressa pela separação dos dois elementos "o pão" e "o vinho". Esse evento do mistério de Jesus também se tornou manifesto no gesto do lava-pés. Depois do longo silêncio quaresmal, a liturgia canta o Glória.
No final da Missa, o Santíssimo Sacramento é trasladado para um outro local, desnudando-se então os altares.
A transladação do Santíssimo
A transladação do Santíssimo, na quinta-feira santa, tem notícias históricas desde o século II.
Irineu de Lião (+ 200) escreve que muitos fiéis jejuavam 40 horas antes de participar da Vigília Pascal, em comemoração das 40 horas que Jesus teria ficado no sepulcro. Algumas citações bíblicas, como Lc 5,35, serviam de argumento para explicar que este jejum tinha a finalidade de homenagear o esposo que havia sido tirado do meio da Igreja. Outro costume litúrgico diz que, na antiguidade, as sagradas espécies que sobravam da missa de quinta-feira santa, eram guardadas na sacristia, em uma teca. Depois, o pão e o vinho consagrados eram apresentados ao presidente da celebração que o misturava com o vinho consagrado da missa da Vigília Pascal. Era um rito muito simples e não contemplava uma adoração como continuação da Missa da Ceia do Senhor.
Actualmente, o Santíssimo é transladado solenemente em procissão para uma capela lateral ou para um dos altares laterais da igreja, devidamente preparado para receber o santíssimo.
Antes da transladação, o sacerdote prepara o turíbulo e incensa o Santíssimo três vezes. Depois, realiza-se uma pequena procissão dentro da igreja, que é precedida pelo cruciferário (pessoa que leva a cruz processional), velas e incenso. Durante a procissão, canta-se o "Pange Lingua", traduzido em português, "Vamos todos...", exceto as duas últimas estrofes, "tantum ergo" (tão sublime sacramento...) que são cantadas depois da chegada do procissão na capela lateral, onde ficará o Santíssimo.
Após a transladação, a comunidade é convidada a permanecer em adoração solene até meia noite; após este horário, a adoração é simples e silenciosa. O significado é de ação de graças pela eucaristia e pela salvação que celebramos nestes dias do Tríduo Pascal.
Desnudação do altar
A desnudação do altar (denudatio altaris), ou despojamento, é um rito antigo, já mencionado por Santo Isidoro no século VII, que fala da desnudação como um gesto que acontecia na quinta-feira santa.
O sacerdote, ajudado por dois ministros, remove as toalhas e os demais ornamentos e enfeites dos altares que ficam assim desnudados até a Vigilia Pascal. No antigo rito, durante a desnudação recitava-se um trecho de um salmo. O gesto da desnudação do altar tinha o significado alegórico da nudez com a qual Cristo foi crucificado.
O rito atual é realizado de modo muito simples, após a missa. Feito em silêncio e sem a participação da assembléia. As orientações do Missal Romano pedem que sejam retiradas as toalhas do altar e, se possível, as cruzes da igreja. Caso isso não seja possível, orienta o Missal que convém velar as cruzes e as imagens que não possam ser retiradas.(Cf. Missal Romano, p. 253, n. 19).
O significado é o silêncio respeitoso da Igreja que faz memória de Jesus que sofre a Paixão e sua morte de Jesus, por isso, despoja-se de tudo o que possa manifestar festa.
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