Assim como a Páscoa tem um tempo
de preparação, tem também o Natal um tempo litúrgico que o prepara, que recebeu
o nome de Advento (=vinda). Como a Quaresma, é então o Advento um tempo forte
na Igreja, com acentos litúrgicos especiais. Tem ele duas características,
marcadas por dois momentos. O primeiro vai do primeiro domingo do Advento até o
dia 16 de dezembro. Neste primeiro momento, a liturgia nos fala da segunda
vinda do Senhor no fim dos tempos, a chamada escatologia cristã, aí presentes os
temas do julgamento final, da vigilância, da missão de João Batista etc..
Costuma-se chamar esse primeiro momento de Advento escatológico. Já o segundo
momento vai do dia 17 ao dia 24 de dezembro. É como que a "semana
santa" do Natal. Nesse período, conhecido também como advento natalício, a
liturgia vai nos falar mais diretamente da primeira vinda do Senhor, no Natal,
tendo aí presente sempre a Virgem Maria.
No Advento temos quatro
domingos, o terceiro chamado "Gaudete", isto é, domingo da alegria,
já por ele como que antecipando as alegrias do Natal. Nesse domingo, a antífona
de entrada, tomada de Fl 4,4-5, vai dizer: “Alegrai-vos, o Senhor está perto”.
Além disso, no Ano B, a segunda leitura (1Ts 5,16-24) é uma exortação à alegria
e à ação de graças, e, no Ano C, a segunda leitura vai ser o próprio texto de
Fl 4,4-7. A cor litúrgica do domingo “Gaudete” pode ser o rosa.
Podemos dizer que os quatro
domingos do Advento simbolizam os quatro grandes períodos em que Deus preparou
a humanidade, de maneira progressiva, para a grande obra da redenção em Cristo.
Esses quatro períodos são: 1º) O tempo que vai de Adão a Noé - 2º) O tempo de
Noé a Abraão - 3º) O tempo de Abraão a Moisés - e 4º) O tempo que vai de Moisés
a Cristo. Com Abraão começa, historicamente, a caminhada da salvação (Cf. Gn
12).
Os quatro domingos simbolizam
também as quatro estações do ano solar e as quatro semanas do mês lunar. Aqui
se pode ver a harmonia entre tempo histórico e tempo cósmico, principalmente
quando vistos à luz do tempo litúrgico. Também a coroa do Advento, ou grinalda,
em sua forma circular, com suas quatro velas, quer chamar nossa atenção, já no
início do Ano Litúrgico, para o mistério de Deus que nele vamos celebrar. A cor
verde dos ramos da coroa (pinheiro, principalmente), fala do mistério cristão,
que nunca perde o seu verdor, e simboliza então a esperança e a vida eterna. No
simbolismo das velas podemos ver não um sentido quantitativo da luz, mas o
crescendo de sua intensidade, à medida que se aproxima o Natal. Por isso não
são acesas já as quatro velas desde o início do Advento, mas no primeiro
domingo acende-se uma; no segundo, duas; no terceiro, três; e no quarto
domingo, quatro.
Três personagens bíblicos marcam
o tempo do Advento, como se vê pelos textos bíblicos da liturgia. São eles: o
profeta Isaías, São João Batista e a Virgem Mãe de Deus. Não é o Advento tempo
penitencial, no sentido próprio e litúrgico, mas tempo de vigilância, de
expectativa, de moderação, de sobriedade e de esperança. Por isso, a cor roxa
não é muito apropriada para o Advento, podendo ser substituída pelo azul claro
ou violeta, por exemplo, mas entendendo que a cor oficial é o roxo.
Mesmo sem ter uma data fixa de
início, todos podem saber, sem dificuldade, quando se inicia o Advento, pois
ele tem uma referência: 30 de novembro. Se, porém, 30 de novembro não for
domingo, então o Advento começa no domingo mais próximo, na prática o domingo
que fica entre os dias 27 de novembro e 3 de dezembro. Não nos esqueçamos de
que com o Advento iniciamos não só o ciclo do Natal, mas também o novo Ano
Litúrgico.
Nos domingos do Advento canta-se
o Aleluia, mas não se canta o Glória. O fato de cantarmos o Aleluia mostra o carácter
não penitencial do Advento, carácter que predominou no passado, tendo
ressonâncias ainda hoje com a cor roxa, oficial, mas que, ao que tudo indica,
será mudado no futuro. Já a omissão do Glória explica-se pelo comentário
oficial às Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, quando diz:
“no Natal, o canto dos anjos deve ressoar como algo de inteiramente novo”. Se
cantássemos então o Glória no Advento, no Natal tal canto não seria novidade.
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