24 de janeiro de 2008

Dar testemunho de Jesus Cristo


Nota-se um grande movimento nestes versículos do Evangelho de João»(1,29-34), bem como naqueles que o precedem e naqueles que o seguem. Antes, o diálogo de João o Baptista com os fariseus, aos quais testemunha e confirma não ser o messias, mas só um humilde precursor. Depois, após o texto que lemos no passado domingo, assistiremos ao chamamento dos primeiros discípulos por parte de Jesus. Mas neste domingo, entre o prólogo e o início da acção dramática, apresenta-se o protagonista. João, magnífico mestre-sala, sublinha a importância com frases inesquecíveis. “Eis o cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo... Eu vi o Espírito descer como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele... este é o Filho de Deus!”.
Em primeiro lugar, importa termos consciência de que Deus tem um projecto de salvação para o mundo e para os homens. A história humana não é, portanto, uma história de fracasso, de caminhada sem sentido para um beco sem saída; mas é uma história onde é preciso ver Deus conduzindo o homem pela mão e apontando-lhe, em cada curva do caminho, a realidade feliz do novo céu e da nova terra. É verdade que, em certos momentos da história, parecem erguer muros intransponíveis que nos impedem de contemplar com esperança os horizontes finais da caminhada humana; mas a consciência da presença salvadora e amorosa de Deus na história deve animar-nos, dar-nos confiança e acender nos nossos olhos e no nosso coração a certeza da vida plena e da vitória final de Deus.
Jesus não foi mais um “homem bom”, que pintou a história com o sonho ingénuo de um mundo melhor e desapareceu do nosso horizonte , mas Jesus é o Deus que Se fez homem, que assumiu a nossa humanidade, que trouxe até nós uma proposta objectiva e válida de salvação e que hoje continua presente e activo na nossa caminhada, concretizando o plano libertador do Pai e oferecendo-nos a vida plena e definitiva. Ele é, agora e sempre, a verdadeira fonte da vida e da liberdade.
O Pai investiu Jesus de uma missão: eliminar o pecado do mundo. No entanto, o “pecado” continua a marcar o nosso horizonte diário, traduzido em guerras, vinganças, terrorismo, exploração, egoísmo, corrupção, injustiça…
Jesus falhou? É o nosso testemunho que está falhando? Deus propõe ao homem o seu projecto de salvação, mas não impõe nada e respeita absolutamente a liberdade das nossas opções. Ora, muitas vezes, os homens pretendem descobrir a felicidade em caminhos onde ela não está. De resto, é preciso termos consciência de que a nossa humanidade implica um quadro de fragilidade e de limitação e que, portanto, o pecado vai fazer sempre parte da nossa experiência histórica. A libertação plena e definitiva do “pecado” acontecerá só nesse novo céu e nova terra que nos espera para além da nossa caminhada terrena.
Isso não significa, no entanto, pactuar com o pecado, ou assumir uma atitude passiva diante do pecado. A nossa missão – seguindo a de Jesus – consiste em lutar objectivamente contra “o pecado” instalado no coração de cada um de nós e instalado em cada degrau da nossa vida colectiva. A missão dos seguidores de Jesus consiste em anunciar a vida plena e em lutar contra tudo aquilo que impede a sua concretização na história.


(Adapt. texto © SIR – Serviço de Notícias)

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