22 de janeiro de 2016

Proclamação do «ano da graça do Senhor» na Sinagoga de Nazaré


 Jesus faz o anúncio do «ano da graça do Senhor» conforme  Lc.4, 16-21.
É o começo do ministério de Jesus. Depois do Baptismo no Jordão e da experiência do deserto, Jesus dá início à sua  pregação  na sinagoga de Nazaré. 
A sinagoga era o local da reunião dos judeus, aí se celebrava o Sábado com a leitura da Lei e dos Profetas, seguida de homilia, que era feita por adultos versados nas Escrituras. Jesus no contexto litúrgico da celebração sinagogal do Sábado, lê a passagem do profeta Isaías (Is.61,1-2) e  depois de ter exercido a função de leitor pronuncia uma verdadeira homilia que se resume nas palavras recolhidas pelo evangelista: “Cumpriu-se  hoje  esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir” (Lc.4,21). 
Aqui Jesus apresenta-se como o Messias anunciado pelo profeta  Isaías e diz mais, o tempo da realização dessa promessa já começou: hoje. Chegou com Ele «a plenitude dos tempos».
Na Sinagoga de Nazaré, Jesus declarou aberto o tempo da sua presença salvadora no meio doa homens e esta presença consiste em levar a termo as promessas da antiga aliança.    
A expressão hoje não tem um valor cronológico, significa sim o momento em que o Filho de Deus entra na vida dos homens e na história da humanidade. Nisto consiste o «ano da graça do Senhor», permanente e definitivo para a humanidade, declarado aberto para sempre, por Jesus.
A importância que S. Lucas atribui ao cumprimento messiânico em Cristo, leva-nos a pensar que os valores do ano jubilar também se realizaram em Cristo e na sua comunidade. Segundo o Evangelho de S. Lucas:
Jesus concretiza a profecia de Isaías
Os primeiros destinatários da missão de Jesus, são os pobres, a quem foi enviado a anunciar a boa notícia. (eram todos aqueles que estavam privados dos seus bens, que não tinham o necessário para viver, porque foram obrigados a vender  as suas terras. Eram quase sempre estes pobres que estavam sujeitos às injustiças dos ricos).
O segundo objectivo visava  a libertação dos prisioneiros (prisioneiros eram também os pobres obrigados a viver  em condições de escravidão ou prisão, dada a sua impossibilidade de pagar as suas dívidas)
O terceiro grupo de destinatários da missão de Jesus, são os cegos, a quem é enviado para anunciar e realizar a cura da vista.( Estes cegos são todos aqueles cegos, coxos, aleijados a quem Jesus curou, mas Jesus não se limita à cegueira física, coloca-a a par da cegueira  espiritual e interior.
A libertação dos oprimidos (são muitas as situações de opressão de que Jesus liberta os homens, como podemos ver pelos relatos evangélicos. A opressão fundamental, de que Jesus liberta os homens  é a de satanás, que é a libertação do mal. A par desta, também se devem colocar a libertação da doença, da morte e do pecado.)
Assim as expectativas e as solicitações sociais do ano jubilar, legisladas em Lv.25,8-55, consideram-se realizadas por Jesus, porque Jesus não realiza apenas um ano agradável ao Senhor, mas também se realiza o «hoje» da salvação definitiva, não é preciso esperar outro momento.

Portanto as expectativas do ano jubilar realizam-se no «hoje» de cada momento do nosso encontro com Jesus Cristo.

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