11 de julho de 2008

A tradição do"Jubileu"no Antigo Testamento II


Ano Jubilar
O ano jubilar era idêntico ao “ano sabático”, cuja celebração tinha lugar de cinquenta em cinquenta anos.
Esta celebração judaica toma o seu nome do instrumento musical utilizado para anunciar o início do ano jubilar através das cidades e aldeias. O instrumento musical era o yôbel, que em hebraico significa chifre de carneiro, que servia de trombeta para anunciar.
Não se sabe com segurança porque é que se fixava o jubileu de cinquenta em cinquenta anos, talvez relacionado com o ano sabático que ocorria de sete em sete anos. No fim de sete anos sabáticos (7x7) (Lev.25,8), ao quinquagésimo ano (Lev.25,11), celebrava-se o jubileu, o qual se considerava o complemento ou até a sua realização mais perfeita.
A celebração do ano do jubileu anunciava-se ao toque solene do yôbel no décimo dia do sétimo mês (de 15 de Setembro a 15 de Outubro), isto é, no dia 25 de Setembro, em que todos os anos os judeus celebram o Yom Kippur «dia da expiação».
Era para realçar o sentido religioso do ano jubilar que a sua abertura coincidia com a abertura do Yom Kippur, o grande dia da expiação(Lv.16), o único momento em que o sumo sacerdote entrava na parte mais secreta do Templo para pedir a Deus a remissão das culpas cometidas durante o ano por toda a comunidade.
Há três grandes prescrições relativas à celebração do jubileu hebraico.
*A primeira era comum ao ano sabático: obrigava os hebreus a não trabalhar nem cultivar, devia-se deixar o terreno inculto, vivendo-se apenas dos proventos espontâneos do solo. O problema era grave porque o jubileu vinha depois de um ano sabático, o que perfazia dois anos sem colheitas, mas aqui a providência divina é relacionada com o ano anterior, o sexto, que «produzirá uma colheita para os três anos». Lv.25, 20-21«Se disserdes: `Que comeremos no sétimo ano, pois não podemos semear nem colher as nossas colheitas? ´ Então, Eu vos concederei a minha bênção no sexto ano, de tal forma que produzirá a colheita de três anos.»
*Segunda prescrição, obrigava a libertação dos escravos hebreus, todo aquele que se tivesse tornado escravo por insolubilidade, deveria de ser libertado, ao sétimo ano ficavam livres das suas dívidas e entravam na posse das suas terras no Ano Jubilar.
*A terceira prescrevia o regresso dos bens da terra à posse do seu antigo dono, o qual anteriormente tivesse sido obrigado a vender por necessidade.
Estas prescrições além de um valor social também tinham um profundo significado religioso e moral. A libertação dos escravos, recordava que o Senhor os tinha libertado da escravatura do Egipto, quanto à entrega das terras, também, o Senhor os tinha conduzido até à terra prometida.
Parece que nunca se chegou a pôr em prática plenamente (Jer.34,8-16), porque criava sem dúvida problemas de transacções comerciais. De facto, a instituição do jubileu hebraico foi mais o desejo de um regresso às origens, em que entre os hebreus não existiam latifundiários e pessoas sem nada, em que todos eram livres e independentes. Era um regresso à sua dignidade original de propriedade exclusiva do Senhor.
Antes de tudo, as prescrições do ano jubilar concentram-se nos direitos da pessoa humana, a quem ninguém pode impor o peso da usura e da escravidão; pois, diante do Senhor, todos são iguais e devem ser respeitados pela sua dignidade.

3 comentários:

Fá menor disse...

Sempre muito enriquecedor ler-te.

Uma boa semana!

Bjinhos

Ecclesiae Dei disse...

Muito interessante!!Gostei!

3llen disse...

Onde os caminho me leva eu aprecio, muito obrigado por partilhar seu conhecimento!

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