Os evangelistas sinóticos – Mateus, Marcos, Lucas – narram o evento da
Transfiguração de modo quase idêntico: Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João –
os dois últimos são irmãos.
Jesus leva-os à parte mais alta do monte, lugar por excelência das
manifestações divinas; dirá a Tradição: o monte Tabor. Ali ele aparece radiante
de uma luz esplêndida que emana “tanto de seu rosto brilhante como o sol” como
de suas vestes.
Moisés – a lei – e Elias – os profetas – aparecem e falam com Jesus. A
primeira aliança aponta para a última. Lucas diz-nos que a conversa tem como
tema o êxodo, a partida do Senhor. Pedro, em êxtase, sugere construir três
tendas, na esperança de poder permanecer longamente naquele estado. Mas tudo
está envolvido pela “nuvem luminosa” do Espírito, da qual ressoa no coração dos
três discípulos agitados, prostrados com a face por terra, a voz do Pai: “Este
é o meu Filho, o amado, escutai-o!”. Depois, tudo desaparece, e permanece
Jesus, sozinho, que ordena aos três guardarem segredo a respeito do que tinham
visto, “até que o Filho do homem ressuscitasse dos mortos”.
A partir do fim das perseguições romanas contra os cristãos, no século IV,
foram edificadas diversas igrejas no Tabor. Sua dedicação parece estar na
origem da festa que, a partir do VI século, difundiu-se por todo o Oriente
Médio. No calendário ocidental foi estavelmente introduzida em 1457, pelo papa
Calixto III, como reconhecimento pela recente vitória contra os turcos. Os
evangelhos não permitem fixar, no ritmo anual, uma data para a Transfiguração.
O Oriente fixou a data de 6 de agosto, grande meio-dia do ano, apogeu da
luz do verão. Nesse dia se abençoam os frutos da estação. O Ocidente, mesmo
conservando a festa da Transfiguração em 6 de agosto, preferiu acrescentar uma
segunda celebração antes da Páscoa, no segundo Domingo da Quaresma, de tal modo
seguindo mais de perto a cronologia da vida de Jesus.
Transfiguração
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