11 de outubro de 2009

A única coisa necessária


    Falta-te uma coisa só: a única que permanece, que é verdadeiramente boa, que está acima da lei, que a lei não dá nem contém, e que é própria daqueles que possuem a verdadeira vida. Numa palavra, aquele que tinha observado integralmente a lei desde a meninice e que tinha falado de si de modo tão presunçoso e orgulhoso, não conseguiu obter aquela única coisa que só o Salvador pode dar, necessária para obter a vida eterna que desejava; mas retirou-se triste, desencorajado pelas exigências daquela vida eterna em vista da qual tinha vindo interrogar o Mestre. Não a desejava seriamente como as palavras o sugeriam, mas pretendia tão só fazer alarde de boa vontade. Certamente teria sido solícito em fazer tantas coisas, mas não estava disposto a cumprir aquela que é a única e exclusiva obra de salvação, para a qual era débil e indolente. Como disse Jesus a Marta, que se preocupava com muitas coisas e se distraía e agitava para o servir, acusando ainda a irmã de ociosa porque em vez de a ajudar ficava sentada a seus pés, extática como uma discípula: "Preocupas-te com muitas coisas; Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada" (cf. Lc 10, 41-42). Do mesmo modo, recomenda também a este homem que ponha de lado qualquer outra preocupação terrena para se prender à única coisa necessária, permanecendo no amor d'Aquele que lhe oferecia a vida eterna.
    Homilário Patrístico -(Clemente de Alexandria, Do opúsculo Que rico poderá salvar-se?, 5, 10)

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