
“Quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens,
não pode ser meu discípulo”
O texto quer salientar que para seguir Jesus é necessário sair do anonimato e comprometer-se em primeira pessoa. S. Lucas quererá, possivelmente, dar uma resposta ao afrouxamento de alguns fiéis que entendiam que bastava pertencer ao grupo dos cristãos para se identificar com o projecto de Jesus. Quais as condições para seguir a Jesus? Em primeiro lugar, o desapego afectivo, completo e imediato: pai, mãe, mulher, filhos, irmãos e irmãs passam para segundo plano. Só Jesus é prioritário. O desapego implica, para além da família e dos bens, a própria vida. Em segundo lugar, a disponibilidade para a cruz e a renúncia de tudo (v. 33). As duas pequenas parábolas ilustram que seguir o Mestre é fruto de decisão ponderada, amadurecida e coerente.. A primeira parábola (v. 28-30) coloca como exemplo a construção de uma torre, que requer avultados recursos e um sério planeamento. Assim é o seguimento de Jesus. A segunda parábola inspira-se na prudência de um rei que, numa situação de guerra, prefere negociar a paz, a fim de evitar a humilhação da derrota com consequências desastrosas para ele e para o seu povo. Assim deve fazer aquele que decide seguir Jesus: realista como o arquitecto e prudente como o rei. Dito por outras palavras: evitar as ilusões fáceis, dado que não basta a boa vontade para ser cristão, e ser suficientemente sábio, a ponto de poder enfrentar os riscos que tal compromisso comporta. Ser cristão comporta “decisões” e “riscos” que determinam toda a vida de quem faz essa opção.
(Voz Portucalense /online)
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